MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO
CORPORAL
Possessos
474. Desde que não há
possessão propriamente dita, isto é, coabitação de dois Espíritos no mesmo
corpo, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada
ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada?
“Sem
dúvida, e são esses os verdadeiros possessos. Mas, é preciso saibas que essa
dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por
sua fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais
necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.”
A.K.: O vocábulo possesso, na sua acepção vulgar, supõe a existência de demônios, isto é, de uma categoria de seres maus por natureza, e a coabitação de um desses seres com a alma de um indivíduo, no seu corpo. Pois que, nesse sentido, não há demônios e que dois Espíritos não podem habitar simultaneamente o mesmo corpo, não há possessos na conformidade da ideia a que esta palavra se acha associada. O termo possesso só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.
Dependência
A palavra possesso é apenas
força de expressão, de sorte a entendermos uma profunda simbiose de dois
Espíritos que se afinizam. Os dois têm muito em comum, igualdade de sentimentos
nos seus roteiros percorridos e a percorrer.
Existem as sessões de
desobsessão nas casas espíritas, muito válidas; no entanto, é preciso que se
entenda que o primeiro a ser educado é o encarnado. Ele haverá de promover para
seu bem-estar, mudanças nos seus sentimentos mais profundos. Existem os pensamentos
secretos que alimentamos e que temos prazer de sentir, e são eles que criam uma
linha de comunicação com os Espíritos das trevas, a nos induzirem para a
possessão.
A possessão é capaz de tirar
devagarzinho a nossa consciência, cedendo lugar a uma consciência estranha a
dominar nossa vida. Em muitos casos, ficamos dependentes de maneira profunda da
companhia de entidades espirituais.
Muitos dizem que os
verdadeiramente possessos ficam completamente inconscientes, mas, não é assim.
Ninguém, por lei espiritual, rouba a consciência do outro. Nas profundezas dos
pensamentos está a liberdade de pensar; no entanto, podemos encontrar a resistência
dos que nos dominam pela compatibilidade de ideias más, repetimos, nunca caímos
em inconsciência total. Quando, por vezes o encarnado parece estar em
inconsciência, como vulgarmente se fala, o Espírito se encontra ativo; no
entanto, a alma se encontra sem condições de se expressar, por deformidade ou
desequilíbrio do aparelho carnal.
Em se falando de
dependência, encontramos pessoas encarnadas, uma dependente da outra, em muitas
circunstâncias e, às vezes, se demoram neste processo, uma esperando da outra,
para se completar e viver. É falta de personalidade, é falta de equilíbrio
emocional. Cada consciência é um mundo diferente, que deve ter sua
independência espiritual. É neste sentido que Jesus diz: - “Conhecereis a
verdade e ela vos tornará livres”. Precisamos conhecer a verdade ou, pelo
menos, nos esforçarmos para tal, para que a liberdade possa chegar, mesmo
devagarzinho, para a nossa felicidade. Bem sabemos que os elementos nobres não
se misturam, e essa nobreza espiritual haverá de ser conquistada pelas almas,
para que elas não atraiam companhias inferiores.
Existem certas provações que
nos parecem possessões, dado o corpo vir com certas deficiências, de modo que a
fraqueza leva a criatura a ser dominada pelos Espíritos equivocados. Como já
tem a alma muitos inimigos do passado, ela sofre a influência desses companheiros
que ainda residem nas sombras.
Tu tens um corpo e deves
cuidar dele. Faze dele teu conhecido, porque um corpo fortalecido com uma mente
dotada de conhecimentos espirituais, terá a facilidade de resistência, bem
maior, para que possas te libertar dessas companhias indesejadas. Lança mão da
fraternidade, aquela que não desconhece o amor, no sentido da caridade circular
em teu coração. Não julgues a ninguém, não calunies teus companheiros e nem
ofendas aos teus semelhantes. O tempo é curto para consertarmos a nós mesmos, e
se empregarmos esse tempo para vigiar a vida alheia, ficaremos envolvidos no
próprio mal dos outros e passaremos a sofrer as consequências de todos os males
que ideamos. Foge de toda a dependência, a não ser a de Deus, que o Cristo nos
ajudará nos processos de libertação do mal que se aproximar de nós.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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