O livro dos espíritos. Questão 470

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos

470. Os Espíritos, que ao mal procuram induzir-nos e que põem assim em prova a nossa firmeza no bem, procedem desse modo cumprindo missão? E, se assim é, cabe-lhes alguma responsabilidade?

“A nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal. Aquele que o faz fá-lo por conta própria, sujeitando-se, portanto, às consequências. Pode Deus permitir-lhe que assim proceda, para vos experimentar; nunca, porém, lhe determina tal procedimento. Compete-vos, pois repeti-lo.”

Indução ao mal

O mal não procede de Deus. Os Espíritos que induzem o homem para as paixões inferiores o fazem por conta própria, pela liberdade que desfrutam. Os agentes do mal não são missionários. Missionários, somente o são os benfeitores espirituais, que em cada passo se empenham em fazer o bem, amando a todas as criaturas. Como acreditar em um Deus que é bom ou ruim? Lembremo-nos de que o apóstolo João disse que Deus é amor. Sendo Ele amor, não pode ser violência, não pode induzir os Espíritos a fazerem o mal.

Cabe o nome de missionário somente ao que faz a caridade em todos os seus aspectos da benevolência. As leis naturais nos mostram, outrossim, que não existe o mal; o que achamos que é mal é aquilo que nos faz sofrer. A ignorância transforma as forças do bem, e é nessa transformação que alcançamos o entendimento. O universo está sempre em plena harmonia divina. E se o Espírito e o corpo que usa são microuniversos, eles não podem viver bem sem estarem em plena conexão com a vida universal. Se Deus é amor, se Deus é harmonia, prossegue Ele concitando a todas as criaturas a conquistarem essa harmonia igualmente.

Os Espíritos foram criados simples e ignorantes, todos o sabemos, e é o que nos informa “O Livro dos Espíritos”; contudo, dentro dessa simplicidade, a ignorância aparece por todos os dons perfeitos que estão em inatividade, e o tempo e a boa vontade de cada um deverão despertá-los para a glória da alma. Tu, que estás lendo, és um deus em miniatura, para sê-lo em grandeza, quando os teus valores despertarem como sendo as tuas faculdades em ação, desconhecendo tempo e espaço, mas ligado ao Grande Ser que comanda a tudo, o Deus único e soberano da criação.

Os maus Espíritos induzem o homem ao mal e os benfeitores espirituais o permitem para testar suas forças, e permitir-lhe conhecer o verdadeiro valor do bem que nunca passa. Aquele que planeja o mal, também entra em experiências, provando no próprio ser que o mal não compensa. Tudo que contraria a lei do amor nos faz sofrer.

Se os Espíritos de certa faixa evolutiva são dados às coisas desagradáveis e Deus o permite, é porque tal fato reserva, na sua profundidade, alguma mensagem. O que não tem alguma utilidade não existe. Se Deus, que é sempre amor, o permite, é porque tem algo de amor no que chamamos e achamos que é o mal. Passamos por certa fase em que muitas coisas são ainda incompreensíveis para a humanidade. Os próprios livros mais chegados à verdade, não têm a verdade total; somente um ser a tem na sua plenitude: Deus.

Jesus nos mandou amar aos que nos caluniam e nos perseguem, quem nos ofende e maltrata, e ainda orar por eles, porque é nesse teste que o ignorante nos ajuda a compreender a bondade e a misericórdia do Criador. Porém, quando o mal chegar às tuas portas, compete a ti procurar, por meios certos, livrar-te dele, pelos recursos que a lei te oferece.

Muitos companheiros intentam conhecer a Deus na Sua profundidade e acabam se desviando dos próprios caminhos que conduzem a Ele, porque, se não conhecemos nem o nosso corpo físico, quando nele estamos, e quanto aos outros corpos que vestimos? Se não conhecemos a Jesus, como conhecer Deus? Toda escada, haveremos de subi-la de degrau a degrau.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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