MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO IX – INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO
CORPORAL
Possessos
480. Que se deve pensar da
expulsão dos demônios, mencionada no Evangelho?
“Depende
da interpretação que se lhe dê. Se chamais demônio ao mau Espírito que subjugue
um indivíduo, desde que se lhe destrua a influência, ele terá sido
verdadeiramente expulso. Se ao demônio atribuirdes a causa de uma enfermidade,
quando a houverdes curado direis com acerto que expulsastes o demônio. Uma
coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido que empresteis às palavras.
As maiores verdades estão sujeitas a parecer absurdos, uma vez que se atenda
apenas à forma, ou que se considere como realidade a alegoria. Compreendei bem
isto e não o esqueçais nunca, pois que se presta a uma aplicação geral.”
A expulsão dos demônios
Sendo os “demônios” nossos
irmãos, por que expulsá-los, sem dar-lhes, em primeiro lugar, o nosso amor?
Onde estaria a caridade que tanto aprendemos com Jesus? Os demônios são
considerados, notadamente, os Espíritos ignorantes, da lei de amor. Eles precisam
conhecer esse amor que os tornará bons, pela natureza da verdadeira bondade.
Expulsar para onde? Eles,
quando se juntam a determinada pessoa, o fazem por lei de afinidade. Nesse
caso, esta pessoa deveria acompanhá-los, para onde deseja que eles vão, se os
expulsa. A Doutrina dos Espíritos nos ensina que devemos tratar o doente, seja
qual for a enfermidade, pelas causas que a geraram, e não pelos seus efeitos.
Se a causa da obsessão é a enfermidade moral da criatura, para expulsá-los
basta curar primeiro a criatura, trabalhar nas mudanças dos pensamentos e das
ações que têm o poder de gerar ambiente de atração de Espíritos do mesmo
sentimento. Convém entender esta lei, para ficarmos livres daquilo que não
desejamos.
A oração mais forte, pela
qual logo seremos atendidos, é a prece da vida que levamos. Se pensamos de uma
forma, esse pensamento é uma súplica, e é por ele que se aproximam de nós os
nossos iguais. É lei de justiça. Para ficar livre de todas as espécies de “demônios”,
basta harmonizar a mente com a mente de Jesus. Pode ser que no início não se alcance
tanta harmonia quanto a do Cristo, mas o importante é começar, que é neste começo
que o Senhor passa a ajudar, e se houver continuidade no esforço para melhorar,
as mãos invisíveis trabalharão em nosso socorro com a mesma insistência que
aplicamos em nosso caminho. Devemos cuidar de nós mesmos, em todas as
oportunidades. Sem preparo, como ajudar aos outros?
A expulsão de demônios,
mencionada no Evangelho, foi por demais generalizada, colocando todo
desequilíbrio como sendo influência de Espíritos inferiores, e a Reforma pegou
ao pé da letra muitos dos ensinamentos, sem compreender a essência espiritual.
Vê bem o que Jesus sempre, ou quase sempre, dizia com o doente que Ele curava:
-“Vai e não peques mais”, mostrando que toda enfermidade tinha princípio nas
faltas cometidas. Ainda hoje está plenamente atualizada a palavra do Mestre, e
principalmente as interpretações dadas pela Doutrina dos Espíritos.
Reformando-se a mente, o
modo de pensar e de agir, educando-se as palavras, vai limpando o carma, porque
ele é efeito das desarmonias da alma. É o que já falamos muitas vezes em
diversas mensagens: melhorando por dentro, tudo por fora melhora. Quem deseja
se certificar dessa verdade, pode experimentar o que dizemos. Toda semente que
semeamos em terra boa, cresce e dá frutos, pelo mesmo valor que a intimidade
dela carrega. Muitas religiões e filosofias combateram ferozmente a Doutrina
dos Espíritos; hoje abrandaram depois que passaram a conhecer os fundamentos do
Espiritismo com Jesus, porque o bem é imortal, é como o sol que não se apaga.
Ele é alimento em forma de luz, para bons e maus, para justos e injustos, por
ter nascido do amor.
Se queres chamar a
enfermidade de demônio, que chames; se queres chamar os Espíritos de demônios
que o faças; mas verdade é que essas coisas ou Espíritos se encontram ligadas
aos homens, e mesmo aos Espíritos, por afinidade espiritual. Os desejos são
atrações fortes, atraindo tudo que vibra na sua faixa. Se és alegre, a alegria
vem ao teu encontro, da maneira que pensas que ela é boa para ti. Assim o amor,
assim a fraternidade e os outros sentimentos.
Não deves pensar em expulsar
os demônios, mas em ajudá-los na sua educação, para que se tornem anjos. Esse é
o trabalho que alegra Jesus.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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