MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VIII – EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Êxtase
443. Pretendendo que lhe é
dado ver coisas que evidentemente são produto de uma imaginação que as crenças
e prejuízos terrestres impressionaram, não será justo concluir-se que nem tudo
o que o extático vê é real?
“O
que o extático vê é real para ele. Mas, como seu Espírito se conserva sempre
debaixo da influência das ideias terrenas, pode acontecer que veja a seu modo,
ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos preconceitos e ideias
de que se acha imbuído, ou, então, pelos vossos preconceitos e ideias, a fim de
ser mais compreendido. Neste sentido, principalmente, é que lhe sucede errar.”
O extático e a realidade
Tratando dessa faculdade
extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que nem tudo o que o extático vê é
real; no entanto, quase tudo se mostra dentro da realidade que ocupa a sua
mente, mais ou menos ligada à Terra. Entretanto, essas diferenças ou falhas se
assim podemos chamá-las, existem em todas as funções mediúnicas, de todos os
médiuns sem exceção. Todas as modalidades de paranormalidade sensorial
pertencem a uma escala de elevação, de pureza medianímica. O único médium sem
mácula que pisou na Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros
pertencem à escala, onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que
ainda não dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na
escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual.
A filtragem mediúnica pode
também apresentar deficiências. Os médiuns precisam do amparo dos leitores, na
compreensão e em suas preces endereçadas a todos os sensitivos em funções
mediúnicas. Ocorre o mesmo com o médium psicógrafo: o medianeiro se encontra em
operação de despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar. É uma criatura
igual às outras, com as mesmas necessidades.
O uso de variados dons,
principalmente para o médium psicógrafo, pode facilitar certas interferências,
de modo a misturar verdades que poderiam, se não fosse isso, sair dos seus
canais mediúnicos como as claridades do sol. Antes de criticar certas falhas
mediúnicas, devemos cooperar com os médiuns em função, para que a verdade possa
surgir com mais nitidez nos caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os
espíritas, em geral, precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho,
para que surja o amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor
universal é que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de
Deus.
Em se falando do extático,
ele pode confundir as coisas que vê com as do mundo que habita, e com as quais
está envolvido. O condicionamento é uma verdade, que pode interferir na
filtragem que ele recebe do mundo espiritual. Somente um mundo de pureza
espiritual não tem ambiente para as dúvidas e as comunicações traduzem a
realidade.
Para ficar envolvido pela
verdade, é necessário que se procure a verdade, que ela aparecerá. Quando o
aluno está pronto, é da justiça que o mestre surja em sua intimidade a lhe
dizer a verdade, no sentido de libertá-lo das amarras da ignorância. Para se
encontrar com a realidade, é preciso perseverar nas linhas de Jesus. Se
aparecerem os obstáculos, é sinal de que se está caminhando certo.
Se a dor surgir a nos
visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir. Os infortúnios, já o
dissemos alhures, não erram o endereço do devedor. Pagando as dívidas,
ficaremos livres do credor.
É de noção comum que devemos
falar da realidade, dizer a verdade para os ouvidos alheios, mas, quando alguém
fala para os nossos ouvidos, vêm à tona os melindres. Eis aí a marca da nossa
inferioridade. Analisemos o que ouvimos, que encontraremos algo educativo nos
sons recolhidos pela audição. A natureza não perde tempo, e as lições
ministradas por ela são luzes que clareiam os nossos caminhos para a
eternidade. A vida para a frente e para o alto consiste em cair e levantar,
errar e acertar, e é nesta sequencia que os dons espirituais despertam em
nossos corações, de modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o
Cristo, luz de Deus libertando-nos para sempre.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita.
Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10
volumes.
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