AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Liberdade de consciência
841. Para respeitar a
liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas
perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar
trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos
princípios?
“Certamente
que podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da
brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença
daquele a quem desejaríeis convencer. Se alguma coisa se pode impor, é o bem e
a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja
obrar com violência. A convicção não se impõe.”
Para respeitar
Nunca aconselhamos a
violência, para impedir que se propaguem certas ideias. A brandura é sempre o
melhor caminho. Quando falamos em energia, não queremos dizer que se deve
oprimir pela força, os pensamentos e mesmo fatos que possam contaminar a massa
humana. O homem que ama, a pessoa branda na sua vida, a alma honesta no seu
viver com seriedade, o ser humano que procura sempre a verdade, nunca encontram
dificuldades para ensinar, e quem os ouve acata seus pensamentos educativos.
Podemos respeitar as criaturas e, no entanto, divergir delas no modo pelo qual pensam e fazem, sem que a prepotência e o orgulho possam nos afetar. Ninguém é senhor de toda a verdade. A vida, com todos os ensinamentos de Deus, se divide ao infinito, para instruir as criaturas. Não fiquemos pensando que somente nós possuímos os direitos e a verdade do Senhor, por pertencermos a uma religião. Todas as religiões se modificam com o tempo e a força do progresso, bem assim os livros em que elas alicerçam seus conceitos. Tudo muda com a força do tempo; somente Deus e Suas leis são soberanamente eternos e perfeitos. Tudo o mais obedece à transitoriedade, como se vê em todos os ângulos da criação.
Quando se trata de
liberdade, é certo que não devemos tolher os outros ao propagarem suas crenças,
desde que elas não firam a moral da sociedade. Quando isso acontecer, essa
mesma sociedade tem seus meios de defesa. Uma religião combater a outra é, pois
mostra de que já se encontra fraca e tem medo de desaparecer. Se ela teme, não
está com a verdade, porque a verdade não precisa de defesa dos homens.
Se se trata das coisas
espirituais, como combater com a força, violentando o modo pelo qual os outros
passaram a viver? Se tememos, não confiamos naquele cuja doutrina propagamos.
Se todas as religiões afirmam que Deus é o Supremo Senhor de toda a vida, de
toda a criação, Ele se encontra à frente de todos os acontecimentos. Quando Ele
deixa algo acontecer, por que vamos querer impedir que aconteça? Andemos nas
linhas do amor, que esse amor nos defenderá e fortalecerá no bem onde quer que
seja.
Vejamos o que Paulo escreveu
aos Romanos, no capítulo onze, versículo trinta e seis, de sua carta:
Porque dele e por meio dele
e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente.
Por que nós, minúsculos
seres, queremos ou vamos querer impedir os pensamentos alheios aos nossos?
Interferir nos sentimentos do próximo é área em que não nos é permitido
penetrar. Gostaríamos que outros intervissem nas nossas ideias? Então, não
façamos aos outros o que não desejamos que eles nos façam.
Se somos todos iguais, a
justiça nos policia todos os segundos e registra o que fazemos, para depois
recebermos o mesmo em troca. Nem mesmo o bem e a caridade que o amor puro impulsiona,
devem ser impostos; estas virtudes, por si mesmas crescem, por serem abençoadas
por Deus, quando criou o amor e achou bom que se irradiasse em toda a Sua
criação, dividindo-se em variadas leis que sustentam e garantem a vida.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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