A lei do progresso aplica-se
a toda a criação divina.
A Humanidade terrestre,
compreendendo os Espíritos encarnados e desencarnados, em todos os tempos,
juntamente com o mundo em que habitam, subordinam-se à evolução decorrente
daquela lei.
O progresso é uma das leis
naturais que a Doutrina dos Espíritos revelou, juntamente com outras, expostas
na Parte Terceira de O Livro dos
Espíritos.
As leis naturais ou divinas
são as regras e ordens estabelecidas pelo Criador para toda a criação, delas
resultando a harmonia universal.
Com a Revelação Espírita
torna-se possível compreender que a Providência Divina está presente em toda
parte, regendo a tudo na Natureza através de leis sábias e perfeitas.
Diante das leis de Deus,
ainda incompreendidas pela maior parte da população terrena, apresentam-se
inaceitáveis as ideias místicas, as crendices, os caprichos e tudo o que se
torna inconciliável com o poder divino e com sua bondade e sabedoria.
Com um mínimo de observação e de conhecimento da história humana, verifica-se que a Humanidade transpôs diversas etapas em evolução.
Sem dúvida, convivemos em um
mundo atrasado, onde são comuns os interesses injustificáveis e escusos, a
criminalidade desenfreada, as guerras, as violências, a miséria que atinge
contingentes consideráveis da população, a ignorância que impõe tantas
limitações aos seres humanos, ao lado de outros males e sofrimentos individuais
e coletivos.
Mas, de outro lado, se
compararmos as condições da vida humana de séculos e milênios anteriores com as
que predominam nos dias atuais, verificamos, sem dificuldade, que houve grande
progresso em todos os sentidos, refletindo-se nas organizações sociais, nas
leis humanas, nos descobrimentos científicos, nas artes em geral e no bem-estar
da população.
A simples comparação entre o
lado progressivo alcançado pela população terrena e as condições negativas que
ainda subsistem no seio da Humanidade demonstra a necessidade de conjugar as
conquistas no campo material com as realizações de ordem moral.
As primeiras decorrem da
aplicação da inteligência humana na busca de conhecimentos, como tem ocorrido
nos domínios das ciências, da tecnologia e de todas as conquistas no terreno da
vida material.
As de natureza moral são
aquisições mais difíceis para o homem.
Transformar-se um ser
egoísta, orgulhoso, ou indiferente à fraternidade, à solidariedade e ao amor aos
seus semelhantes é obra individual das mais difíceis para o Espírito que se
deixou dominar por interesses imediatistas, por crenças desviadas das
realidades e por instituições estagnadas no passado.
Conhecendo essas
dificuldades, próprias de um mundo atrasado, Jesus, o Cristo de Deus, na sua
missão excepcional de há dois mil anos, preocupou-se especialmente em
proporcionar aos homens de sua época, e principalmente aos que nascessem e
renascessem no futuro, os ensinos morais, que Ele resumiu no amor, o sentimento-síntese
que se opõe ao egoísmo, ao orgulho e suas consequências.
Prometendo enviar, no
futuro, o Consolador, que ficaria para sempre com os homens, o Cristo procurou
prevenir os desvios que pudessem ocorrer com relação à sua Mensagem em favor do
aperfeiçoamento moral dos homens.
O Consolador Prometido já se
encontra no mundo, relembrando os ensinos do Mestre e trazendo novos
conhecimentos, especialmente no que se refere à vida futura nos mundos
espirituais, para os seres que passam pelas encarnações na Terra e as relações
permanentes entre os Espíritos encarnados e os desencarnados.
O nosso mundo está, assim,
apto a novo círculo de progresso, tanto na parte física quanto na moral, pela
evolução dos Espíritos que o habitam.
Ao lado da evolução do homem
pelas conquistas materiais, progride a Humanidade pelo cultivo da inteligência,
do senso moral, e pelo abrandamento ou supressão dos costumes bárbaros de
épocas passadas.
Resta, então, o contingente
daqueles que, utilizando seu livre-arbítrio, desprezam todas as oportunidades
de uma transformação para melhor, apegando-se aos velhos costumes, aos crimes,
à indiferença e à insensibilidade diante do sofrimento alheio.
Os retardatários que se
escravizam a velhos modos de vivência, os niilistas, egoístas e insensíveis,
ainda representam elevada percentagem dos habitantes do nosso mundo.
Chegados os tempos novos das
transformações positivas, os recalcitrantes, os que não aproveitaram as
sucessivas reencarnações para progredir, os que desdenharam de todas as
oportunidades para melhorar suas individualidades serão transferidos para
mundos que condizem com suas condições de rebeldia e atraso, onde aguardarão
suas transformações morais e espirituais.
É uma das formas
estabelecidas pelas leis naturais para atender à liberdade na escolha de cada
um, sem prejudicar os que aderem ao progresso, acompanhando as transformações
naturais de um mundo que busca novo e melhor estágio.
A Terra – compreendendo
também as esferas espirituais que lhe pertencem –, como mundo de regeneração
será habitada por Espíritos encarnados e desencarnados que já superaram as
inclinações para o mal.
As gerações atuais serão
sucedidas por outras constituídas de seres propensos ao bem, enquanto os
rebeldes, inclinados ao mal, serão encaminhados para outros mundos.
Tudo ocorrerá de forma
natural, com a diferença de que uma parte dos Espíritos, sujeitos às
reencarnações na Terra, transmigrarão para outros mundos, nos quais continuarão
suas experiências vivenciais, sujeitas às mesmas leis divinas, justas e
perfeitas.
Segundo as revelações dos
Espíritos Superiores, já estamos vivendo a época de transição da Terra, de
mundo de expiação e provas para mundo de regeneração.
Esse período estender-se-á
pelo tempo necessário ao cumprimento das leis divinas, sem prejuízo para os
Espíritos de diferentes condições evolutivas.
Pode ocorrer, por exemplo,
que determinado Espírito, que se mostrou rebelde até a atual reencarnação,
desperte agora para o bem, movido por novas experiências, ou por um
conhecimento que ignorava. Nesse caso, deixa de ser um elemento de perturbação
para incorporar-se ao contingente dos que merecem a oportunidade de viver e
progredir em um mundo melhor, e então não necessitará transferir-se para um
plano de sofrimentos e provas.
Esse e outros exemplos, que
podem ocorrer com muitos Espíritos, mostram a previsão e a sabedoria das leis
divinas e a razão da longa duração dos períodos de transição.
O progresso intelectual
realizado pelos habitantes deste orbe, até a atualidade, é inegável e está
evidente. Passaram-se milhares de anos nos quais as buscas de conhecimento
foram compensadas por descobertas de várias naturezas: científicas,
tecnológicas, de melhorias nos usos e costumes, na saúde e no bem-estar das
criaturas.
Mas todo esse acervo de
conhecimentos aplicados à vida humana não evitou que o homem fosse dominado
pelo egoísmo, pelo orgulho e pela indiferença com relação aos sofrimentos
alheios. A violência e os bolsões de misérias, para só citar dois flagelos
espalhados por todo o mundo, comprovam que o progresso intelectual, dirigido e
aplicado à vida material, não traz a verdadeira felicidade nem para os
indivíduos, nem para as coletividades.
Para a conquista da
felicidade faz-se necessário e indispensável o progresso moral da Humanidade,
porque é através dele que o homem refreia suas paixões mais variadas, para
partilhar com seus semelhantes a paz, a fraternidade, a solidariedade, o amor.
Só com o progresso moral,
que o Cristo sintetizou no amor a Deus e ao próximo, os indivíduos e os povos
anularão seus preconceitos de raças, de castas, de superioridade, de seitas e
de religiões, proscrevendo as guerras e as violências e substituindo-as pelo entendimento,
pela compreensão e pela cooperação, na solução dos problemas.
O progresso moral, ao lado
das conquistas intelectuais, beneficiará toda a Humanidade, que não mais se
dividirá por raças e por crenças variadas que impõem seus interesses, mas se voltará
para as verdades eternas, patrimônio que será cultivado e aceito por todos como
base e fundamento da fraternidade, sem oposições incentivadas pela ignorância e
pela presunção de superioridade.
Para atingir esse ideal, que
nos dias atuais parece distante, impossível, já que ele pressupõe uma mudança
essencial nos sentimentos das massas humanas, apegadas às mais diferentes
religiões, crenças e filosofias de vida, inconciliáveis por tradição, torna-se
evidente que há de desaparecer o radicalismo inconsequente e injustificável.
As gerações que se apegam
aos extremismos serão as que deixarão o nosso mundo, para possibilitar o
entendimento dos que aspiram ao progresso moral, ao cultivo de ideias e ideais
mais justos e à aceitação das verdades eternas.
Deixando a Terra, os
radicais levarão consigo seus apegos e erros concepcionais, possibilitando
assim a regeneração do nosso mundo pelo trabalho útil e pelo idealismo calcado
nos valores verdadeiros derivados do amor fraternal, que possibilitarão a
ascensão da Humanidade a uma nova fase, mais feliz.
Quanto mais nos aproximarmos
dos novos tempos, maior entendimento e compreensão haverá entre as raças e os
povos, como também entre as religiões.
A incredulidade e o
materialismo, deparando-se com a realidade do Espírito eterno, com a vida que
se desdobra para além da morte do corpo físico, com a prática da caridade e da
tolerância por toda parte, terão amplas oportunidades de rever suas ideias e
posicionamentos, para se renderem à realidade dos fatos.
As novas gerações vão se
deparar cada vez mais com os novos ensinamentos.
O Espiritismo, como o
Consolador, representando ideias novas em perfeita consonância com a realidade
ainda não percebida pela maior parte da Humanidade, encontrará nos tempos novos
e nos homens do futuro aqueles Espíritos que estão à procura da verdade.
Fonte: Reformador, ano 125,
nº 2.134, janeiro de 2007, por Juvanir Borges de Souza.
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