Maternidade

Amar é a lei suprema, síntese de todas as normas divinas.

A Justiça integra-se no Amor, sendo dele inseparável, assim como todas as determinações divinas são aspectos especiais de uma unidade que se desdobra para reger as mais diferentes formas da criação, em todo o Universo.

Na Terra, um pequeno mundo do Universo infinito, só temos noção de alguns aspectos da presença divina, já que o homem está longe de conhecer toda a extensão da obra de Deus.

A Doutrina Espírita trouxe esclarecimentos extraordinários à Humanidade, possibilitando-lhe retificar muitos conceitos e ideias antigas a respeito do Criador, possibilitando a conquista de novos estágios evolutivos, ainda que longe de toda a realidade transcendente.

Hoje, com o Consolador, temos melhores condições de entender a Mensagem do Cristo de Deus, que realçou o Amor como lei suprema universal e Deus, o Criador, como a suma manifestação de Poder e de Amor.

Como consequência lógica do entendimento proporcionado pela Doutrina Consoladora, nossa razão percebe que o Criador não age arbitrariamente sobre as criaturas, privilegiando umas e condenando outras. Sua Justiça, impregnada de Amor, manifesta-se por meio de leis perfeitas, que fazem de nós mesmos os responsáveis pelos próprios pensamentos e ações e também pelas suas consequências. Cada um julga a si mesmo perante sua consciência.

Não há, pois, que temer a Deus. Seu amor misericordioso perdoa sempre, dando oportunidades sucessivas, a cada criatura humana, de retificar seus desvios.

O que compete a cada um é a harmonização com as leis superiores, divinas, que a Revelação Espírita explicitou, tornando mais fácil e acessível o progresso moral dos homens.

Embora a Terra seja um mundo de “expiações e provas”, na classificação dos Espíritos Reveladores, portanto, um mundo de sofrimentos e de resgates, mas, ao mesmo tempo, com possibilidades de progresso espiritual – tanto intelectual quanto moral –, a vida nesta Esfera não se contrapõe ao Amor, que se manifesta sob múltiplas formas, favorecido pelas conquistas individuais, pelos relacionamentos familiares, pelas amizades e por determinadas organizações humanas, como o casamento e a instituição da família.

Na medida em que o indivíduo progride moralmente, vai sentindo a necessidade crescente de relacionar-se amorosamente com seus semelhantes.

O entendimento e a solidariedade entre as pessoas são favorecidos pelas religiões e filosofias que difundem a necessidade da compreensão e do amor, como regra de vivência para todos.

Já a família humana, constituída pelos pais, descendentes, ascendentes e colaterais, aos quais se juntam outros membros não consanguíneos, tem sua origem nas esferas espirituais, onde se reúnem Espíritos, orientados por Entidades Superiores, que se dispõem a reencarnar em grupos interessados na execução de determinados trabalhos e tarefas que conduzam ao seu progresso e adiantamento intelecto-moral, atividades que poderão atingir outras criaturas, no plano material.

Por sua origem e objetivos, a família se constitui, naturalmente, num foco de fraternidade, criando laços de amor que se estendem para além da morte dos corpos físicos, continuando na vida espiritual e em outras reencarnações.

A família é, assim, uma instituição divina para a aproximação das criaturas através do amor, da fraternidade, do entendimento, dos esforços conjugados de seus membros para o progresso comum e muitas vezes, favorecendo outras criaturas e instituições que com ela mantêm relacionamento.

Entretanto, no seio da família podem ocorrer também os desentendimentos, os ódios e a indiferença, oriundos do passado obscuro de um ou de alguns de seus membros e do livre-arbítrio de cada um.

Em um mundo atrasado, como o nosso, as dores e dificuldades de toda ordem, ao lado das alegrias e experiências variadas, vividas em comum dentro do instituto divino e humano da família, são formas de se construir caminhos redentores para a evolução dos seres que dela fazem parte e que aproveitam a ocasião e a oportunidade para se libertarem das amarras do passado.

Esses laços constituídos pelas afeições puras, pelos sacrifícios e pela compreensão, numa palavra, pelo amor, continuam a existir e se eternizam pela vida, em seus desdobramentos.

Dessa forma, tem particular importância, na Terra, o matrimônio, no qual haja sinceridade das partes e do qual resultem desdobramentos que atinjam diversas almas: os descendentes, os ascendentes e os que se agregam ao conjunto familiar.

A família é, assim, uma escola para as almas que dela fazem parte e para os que a observam.

Com essa escola aprendemos o que ela oferece de positivo, de bom e de útil, digno de ser imitado, como também o que mostra de negativo, em discordância com o bem.

Nas renhidas lutas para o aperfeiçoamento intelecto-moral dos habitantes da Terra, a instituição da família, que se espraia por todas as latitudes do Planeta, embora obedecendo a regras humanas diferentes, é um processo permanente, ao lado da escola, da religião, do trabalho, do sofrimento e das ciências para a renovação e a evolução do Espírito imortal.

Na constituição da família humana, o homem e a mulher que se unem para uma vivência em comum, em um regime de intimidade, visam ampliar os componentes da sociedade que formaram, não somente com os familiares já existentes, mas especialmente com os novos elementos que se agregarão: filhos, netos, descendentes em geral e todos os que de alguma forma comporão o conjunto.

Nessa instituição ressalta a figura da mulher-mãe, pelas suas responsabilidades, pelas suas funções e pelos seus sacrifícios, reconhecidos em toda parte e em todos os tempos.

É no seu seio que se geram os corpos dos filhos programados para uma nova vida na matéria, Espíritos que escolheram ou foram induzidos a aceitar determinada reencarnação.

O aproveitamento dos que tomam parte na nova experiência reencarnatória vai depender do desempenho de cada um e do grupo familiar como um todo, sem prejuízo da liberdade individual.

A conclusão lógica desse fato é a de que é extremamente importante a educação ética e moral daqueles que fazem parte do grupo familiar, especialmente dos que iniciam uma nova encarnação, já que nessa fase é que o Espírito tem mais facilidade em substituir velhos hábitos, antigos conceitos e entendimentos errados, por novas formas de vivências proporcionadas por um recomeço correto.

A aceitação do Bem e a exclusão do mal no reinício de uma nova vida é a consequência natural de uma educação bem orientada.

As religiões, em sua parte moral, podem oferecer os fundamentos para o êxito da educação, nos lares, da infância e da juventude.

A Doutrina Espírita fornece orientação segura nesse particular, já que a criança e o jovem tomam conhecimento, através dela, de realidades e verdades que lhes proporcionam segurança, para sempre, a respeito do Criador, das criaturas, de si mesmos, do mundo em que vivem e da vida futura.

Os pais têm um papel e uma responsabilidade importantíssimos na formação do caráter dos filhos.

Mas a condição de mãe oferece, normalmente, aos seres que assim se qualificam muitas oportunidades não somente para se reajustarem perante as leis divinas, mas também para auxiliarem o aprendizado e, muitas vezes, a regeneração de Espíritos recebidos como filhos.

O lar, rico ou pobre, é não só o berço, mas também a primeira escola das almas que nele aportam para uma nova jornada.

As mães têm a grande responsabilidade de prover as primeiras necessidades materiais de seus rebentos e também de orientá-los no decorrer da infância e da juventude, o que elas fazem geralmente com amor que transforma e aperfeiçoa os seres.

Na história do Cristianismo, deparamos com a figura ímpar e piedosa de Maria, a Mãe de Jesus, admirável na sua humildade, perseverança, fé e amor, virtudes naturalmente reconhecidas pelo Mestre ao convidá-la para coadjuvar-lhe a obra excepcional junto aos homens.

É ela um símbolo eterno na Mensagem Cristã, oferecendo à Humanidade o exemplo do puro Amor, que não se perturba diante dos sofrimentos e das injustiças impostos pela ignorância dos homens ao seu Filho amado.

É de Emannuel a transcrição abaixo referente à missão das mães, constante do livro O Consolador, questão 189:

“– No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.

Dentro dessa esfera de trabalho, na mais santificada tarefa de renúncia pessoal, a mulher cristã acende a verdadeira luz para o caminho dos filhos através da vida.

A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, o Pai de Infinita Bondade, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores do mundo, existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura.

A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam.

Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concertando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.

Deve sentir os filhos de outras mães como se fossem os seus próprios, sem guardar, de modo algum, a falsa compreensão de que os seus são melhores e mais altamente aquinhoados que os das outras.

Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos. [...]”

Não foi sem forte razão que os homens resolveram manifestar sua admiração pela missão e pelas tarefas das mães, instituindo o Dia das Mães, comemorado no segundo domingo do mês de maio de cada ano.

 

Fonte: Reformador, ano 124, nº 2.126, maio 2006, por Juvanir Borges de Souza.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário