Conforme a narrativa de
André Luiz, em psicografia de Chico Xavier, no livro Nosso Lar, o título de cidadão é conferido aos habitantes
integrados nas atividades daquela colônia espiritual, dispostos a cumprir o que
poderíamos definir como condição sine qua
non, básica: a consciência do dever, tendo por orientação os valores do
Evangelho.
Por serem divinos, esses
valores servem para todas as coletividades, em qualquer quadrante do Universo,
em qualquer dimensão, em qualquer tempo.
O que não há em “Nosso Lar”:
Sinecuras, emprego de
mentira com remuneração de verdade.
Licença-saúde, que saudáveis
o são os cidadãos que lá estagiam.
Aposentadoria, porquanto o
trabalho não é para os Espíritos um meio de vida, mas algo inerente à própria
Vida (quando o livro foi lançado, em 1944, o governador da cidade já estava no
cargo há mais de cem anos).
A tendência de confundir
felicidade com não ter compromissos, em dolce
far niente, é um equívoco lamentável, cometido por muita gente.
Fomos criados para a ação, o
movimento, a atividade. A característica fundamental de nossa personalidade,
que define nossa condição de filhos de Deus, é o poder criador, que se exprime
na ação, no movimento, no trabalho.
A inércia contraria nossa filiação divina.
Já pensou, leitor amigo, se
Deus decidisse tirar férias?
O caos ameaçaria o Universo,
regido pelo Pensamento Divino, o motor que tudo movimenta e sustenta, desde o
verme que nas profundezas do solo o fertiliza aos mundos que se equilibram no
espaço.
A remuneração em “Nosso Lar”
é escritural, representada por bônus-hora, isto é, a cada hora trabalhada há o
registro de um bônus, valor que poderá ser utilizado pelo servidor na obtenção
de benefícios variados:
Possuir residência própria
onde possa acolher os familiares que chegam da jornada física.
Interceder em benefício de
alguém.
Favorecer melhores condições
para futuras reencarnações.
Candidatar-se a estágios de
aprendizado em outros setores.
Efetuar viagens de
aprendizado.
Detalhe significativo, amigo
leitor: André Luiz destaca que, acima do valor extrínseco do bônus-hora, igual
para todos, há algo maior, mais importante – o valor intrínseco, íntimo,
representado pelas aquisições espirituais e intelectuais do trabalhador a
partir de seu envolvimento com o que faz.
É um bom tema de reflexão
para o Ano Novo.
Também em nossas atividades
na Terra há um valor extrínseco e um valor intrínseco relacionado com o que
fazemos.
Um profissional terá uma
remuneração salarial específica, seja um pedreiro, um advogado, um empresário,
um professor, um operário, um homem do campo.
Receberá crédito bancário em
conta-corrente ou moeda sonante pelo seu trabalho, valor extrínseco.
Entretanto, como acontece em
“Nosso Lar” ou em qualquer outro quadrante do Universo, a remuneração mais
importante é a intrínseca, relacionada com a maneira de trabalhar.
O professor que ministra a
aula de forma burocrática, repetindo sempre os mesmos conceitos, sem evoluir na
didática e no conteúdo, não terá nenhum ganho além do salário contratado.
Empenhando-se em melhorar a
capacidade de ensinar, estudando sempre a fim de ampliar seus horizontes
intelectuais, terá o salário do conhecimento, de importância fundamental em
favor de nosso crescimento como Espíritos imortais.
Aprender sempre é o lema de
quem sabe que não estamos na Terra para pagar dívidas simplesmente, como supõe
muita gente.
Estamos aqui para evoluir,
superando mazelas e imperfeições, desenvolvendo potencialidades, crescendo
sempre.
Isso tudo pressupõe…
trabalho, muito trabalho!
Conscientizando-se de suas
responsabilidades pelo empenho de aprender sempre, o professor fatalmente
passará a preocupar-se com o aproveitamento dos alunos, buscando conhecer suas
carências e motivá-los ao aprendizado.
Seus ganhos, então, serão
ainda maiores, porquanto estará lidando com os valores do Amor, os mais
importantes na Escola da Vida.
Assim acontece com relação a
todas as atividades que desenvolvamos, em qualquer setor, no lar, no trabalho
profissional, na instituição da qual participamos, na vida em sociedade.
Na medida em que colocarmos
o coração, crescendo em conhecimento e virtude, estaremos nos situando cada vez
mais eficientes e produtivos.
Melhor que isso, teremos
farta remuneração como Espíritos imortais, nos caminhos da evolução,
aproveitando de forma mais ampla e feliz este Ano da Graça de Nosso Senhor que
se inicia, como diriam os antigos.
Para tanto, desejo-lhe,
leitor amigo, muita pá, como dizia
Chico Xavier, isto é, muito trabalho, sem buscar demais o lazer, porquanto o
trabalho consciente e disciplinado, que visa o bem comum, é a melhor diversão.
Fonte: Reformador, ano 130,
nº 2.194, janeiro 2012 (e-book)
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