Um questionamento comum ao
estudioso do Espiritismo é quanto à verdade e sua possível relatividade.
Ouvimos sobre o assunto e as opiniões são diversas, alguns acreditando que sim,
outros opinando que não. Afinal, a verdade é relativa?
A resposta não é difícil,
mas também não é tão simples de ser apresentada. Desde que procuremos em fontes
seguras que possam nos esclarecer sobre o interessante assunto e aproveitemos o
precioso recurso da reflexão, encontraremos o entendimento mais acertado sobre
esse tema.
A verdade tem sido pauta de
discussão desde que o homem entendeu-se como ser racional na busca de respostas
para compreender a vida e suas manifestações. Filósofos, pensadores,
educadores, cientistas, religiosos, humanistas têm procurado descobrir o real
sentido do vocábulo verdade na senda intrincada da descoberta do conhecimento
universal.
O filósofo René Descartes,
em seu clássico Discurso do Método,1
chegou a elaborar uma metodologia para a busca do conhecimento verdadeiro.
Nesse documento, o conhecido filósofo alcunhou a célebre frase: “Penso, logo
existo”.
A
razão da existência humana é encontrar a verdade. Mas, por cautela, os amigos
espirituais já recomendaram na principal obra espírita:
Importa
que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa
habituar- -se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.2
Ao desenvolver criteriosamente o conteúdo acerca do caráter da revelação espírita, Kardec disserta:
A
característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar
um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por
consequência, não existe revelação. [...]3
Mais à frente, o Codificador
prossegue aprofundando a questão:
[...]
O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem
filosófica, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades
científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais,
que constituem elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas
ideias atravessam os séculos.4
Pastorino, em sua
reconhecida sabedoria como filósofo do Evangelho, já no plano espiritual, nos
ensina que
O
conhecimento da Verdade liberta o ser humano das ilusões e impulsiona-o ao
crescimento espiritual, multiplicando-lhe as motivações em favor da
autoiluminação, graças à qual torna-se-lhe mais fácil a ascensão aos páramos
celestes.5
O conhecimento da verdade,
então, é o destino de toda criatura que anseia pelo entendimento acerca das
principais questões da vida, que vêm preocupando o homem no decorrer do
processo da evolução antropomórfica: de onde vim?; o que estou fazendo na
Terra?; e para onde vou depois que partir daqui? São perguntas que as
religiões, as ciências e as filosofias ao tentar resolvê-las ainda não lograram
êxito, e para as quais o Espiritismo tem as elucidações precisas e
satisfatórias ao espírito científico e racional que prepondera em nossa época.
Para acessar essas
informações, é imprescindível conhecer os fundamentos básicos do Espiritismo
pela leitura e estudo das obras que compõem a Codificação Espírita. Luzes de
esclarecimento e bálsamos de consolação são ofertados nesses preciosos livros e
em outros complementares, advindos da psicografia de Zilda Gama, Yvonne A.
Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco, entre tantos outros colaboradores do
Cristo na evangelização da humanidade terrena.
Em resposta ao
questionamento formulado no início desse texto, esclarecemos que a verdade é
absoluta. Gradativa é a revelação da
verdade, e relativa, a nossa capacidade de compreendê-la.
Assim, é natural que, ao
encetarmos nossa evolução moral e intelectual, apresentemos também melhores
condições de entender e aceitar a verdade, integrando-nos, em definitivo, aos
propósitos divinos que as palavras de Jesus traduzem com propriedade:
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.6
Referências:
1 DESCARTES, René. Discurso
do método. Trad. Enrico Corvisieri. Versão eletrônica. Disponível em: . Acesso
em: 15 mar. 2011.
2 KARDEC, Allan. O livro dos
espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
Q. 628.
3 ______. A gênese. Trad.
Guillon Ribeiro. 52. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 1, it. 3.
4 ______. ______. It. 6.
5 FRANCO, Divaldo P.
Impermanência e imortalidade. Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino. 4. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2005. p. 12.
6 JOÃO, 8:32.
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