O constante contato com a
violência e a agressividade, seja em caráter individual ou através das notícias
veiculadas por todos os meios de comunicação, quase sempre apresentadas de
forma alarmante, vem desgastando consideravelmente o ser humano.
Nas situações em que essa
violência gera um impacto pessoal e social maior, esse ser humano se angustia e
parte em busca da paz. Nesse momento constata que a paz por todos nós buscada
não se acha pronta: é necessário construí-la.
Na conversação que mantinha
com os discípulos pouco antes de iniciar o seu calvário, Jesus observou:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.”1
Realmente, a paz que o mundo nos dá é ainda marcada com a ideia da ausência de
guerra, de doença e de dor, e também com a imagem da inatividade, da preguiça,
do comodismo.
A paz que Jesus nos deixa,
todavia, caracteriza-se pela vivência das Leis Morais que Ele nos ensinou e
exemplificou, Leis essas que são incompatíveis com a inércia, com o egoísmo,
com o orgulho e com os caprichos pessoais.
A pratica da Lei de Amor, que o Evangelho nos revela, implica uma ação permanente voltada ao propósito de nos melhorar, não apenas no que diz respeito à conquista de conhecimentos que ainda não possuímos, mas, acima de tudo, à conquista de valores morais que nos permitam conviver em harmonia com a nossa própria consciência – onde está escrita a Lei de Deus, como esclarecem os Espíritos Superiores.2 Para conquistar a paz que buscamos, não é, pois, suficiente deixar de fazer o mal; é necessário fazer o bem no limite das nossas forças.
Sem dúvida, a paz que
necessitamos e que buscamos se encontra dentro de nós, e a desenvolveremos
colocando em prática a máxima: “Fora da Caridade não há salvação.” Mesmo que ao
nosso redor ocorra a violência e a miséria, se estivermos sinceramente
empenhados em trabalhar pelo nosso próprio aprimoramento, amando o próximo e
auxiliando-o nas suas carências, estaremos vivenciando, tanto quanto nos seja
possível, a Lei de Amor, estaremos em paz com Deus e, por consequência, em paz
conosco mesmos.
Jesus encerra a conversação
com os discípulos, a que nos referimos, com a seguinte observação: “Tenho-vos
dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo.”3
Se quisermos realmente
encontrar a verdadeira paz, aprendamos a construí-la em nós mesmos, promovendo
e fazendo o bem, tendo por diretriz a prática do Evangelho.
1 João, 14:27.
2 Allan Kardec – O Livro dos
Espíritos – Questão 621.
3 João, 16:33.
Fonte: Reformador, ano 124,
nº 2.122, janeiro 2006, (e-book).
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