Os Espíritos da época de transição

“Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça.” (Lucas, 21:32.)

Muitos desses Espíritos já se encontram entre nós. Identificáveis por certas características comportamentais ou por traços da personalidade, apresentam, em comum, inclinação para o bem, notável capacidade de aprendizado e desenvolvida percepção psíquica. Reconhecidos a partir de 1980, segundo levantamentos realizados por estudiosos americanos, revelam-se comprometidos com a transformação social da Humanidade, em diferentes níveis: moral e ético, educacional e familiar, científico, tecnológico e artístico. A reencarnação desses Espíritos foi prevista por Allan Kardec que esclarece:

“Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração”.

Nomeados como crianças índigo, os escritores estadunidenses Lee Carrol e Jan Tober, autores do livro que leva esse título, estão certos de que esses Espíritos estão renascendo por toda parte do Planeta, embora ainda seja necessário desenvolver melhores pesquisas sobre o assunto. Os índigos apresentam características semelhantes aos “Espíritos da época da transição”, descritos por Allan Kardec, no capítulo XVIII de A Gênese. “A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. [...]”

Existem atualmente inúmeras publicações que, direta ou indiretamente, falam sobre as crianças índigo. A maioria das edições está escrita em língua inglesa, há várias em espanhol e escassas em português. São textos que tratam dos múltiplos aspectos relacionados a essas crianças, quais sejam: educação familiar e escolar; comportamento afetivo, emocional e social; desenvolvimento motor, cognitivo, moral e perceptivo. Na Internet encontramos inúmeros sítios e páginas. Podemos localizar, na web e nos livros, estudos sérios e confiáveis, assim como textos que mesclam e confundem evidências científicas com posturas místicas ou supersticiosas. É preciso agir com cuidado e selecionar corretamente as leituras.

A palavra índigo não é de aceitação universal. Há estudiosos que fazem restrição ao emprego do vocábulo, introduzido pela professora americana Nancy Ann Tappe, que no livro Entendendo sua vida pela cor (Understanding your life through color), apresenta um sistema de classificação da personalidade humana baseado na coloração da aura. Os indivíduos-índigo possuem uma aura de coloração azul-violeta. Esta cor, entretanto, reflete efeito, não causa. Resulta da capacidade que os índigos possuem de utilizar a estrutura cerebral com mais eficiência que os indivíduos não-índigos. Atuam com grande agilidade e habilidade nos hemisférios cerebrais, à semelhança do que fazem, por exemplo, as pessoas paranormais ou médiuns.

Estudos desenvolvidos pelas neurociências nos esclarecem que o hemisfério direito do cérebro é responsável pelo pensamento simbólico (musical e linguístico) e pela criatividade (processo imaginativo e perceptivo). O hemisfério esquerdo – dominante em 98% do cérebro humano dos ocidentais – envolve funções relacionadas ao pensamento lógico (dedução racional) e aos processos de comunicação interpessoal.

Na verdade, o renascimento de Espíritos com maior desenvolvimento moral e intelectual não é novidade para o espírita. Faz parte do movimento renovador da humanidade terrestre, determinado pela lei do progresso. O que marca esse movimento é o processo migratório dos Espíritos entre os dois planos de vida, caracterizado pela reencarnação de Entidades mais evoluídas.

“Sejam os que componham a nova geração Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim, segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias: de um lado, os retardatários, que partem; de outro, os progressistas, que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.”

Os Espíritos da era de transição (os índigos) devem ser considerados “comuns” dentro de um novo padrão ou nível evolutivo que se descortina na Terra, no momento atual. Obviamente, muitos dos indivíduos dessa geração nova apresentarão traços de genialidade. Mas não será condição generalizada. Da mesma forma, nem todos são seres moralmente superiores. Revelam uma certa propensão para o bem. Deixamos a cargo de Kardec a explicação de como se opera esse movimento renovador entre nós.

“As grandes partidas coletivas, entretanto, não têm por único fim ativar as saídas; têm igualmente o de transformar mais rapidamente o espírito da massa, livrando-a das más influências e o de dar maior ascendente às ideias novas.

Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições, maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em fonte mais pura. Enquanto se conservassem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas maneiras de apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para lhes descerrar os olhos, por isso que aí veem o que não podiam ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, conseguintemente, voltar com ideias inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao regressarem, acharão mudadas as coisas e experimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido. Longe de se oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares.”

Fonte: Reformador, ano 124, nº 2.133, dezembro de 2006, por Marta Antunes Moura.

  

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