Evangelho segundo Mateus - cap. 12

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado

(Mateus, 12:1-8; Lucas, 6:1-5)

1. Naquele tempo, passou Jesus em dia de sábado por uns trigais. Seus discípulos, tendo fome, se puseram a colher algumas espigas e a comê-las. 2. Vendo isso, os fariseus lhe disseram: Teus discípulos estão fazendo o que não é permitido se faça em dia de sábado. 3. Disse-lhes então Jesus: Não lestes o que fizeram Davi e os que o acompanhavam quando tiveram fome? 4. Como entrou na casa de Deus e comeu os pães. da proposição, que nem a eles, nem aos que o acompanhavam era licito comer, só o sendo aos sacerdotes? 5. Também não lestes na lei que os sacerdotes no templo violam o sábado e não cometem pecado? 6. Ora, eu vos digo que está aqui o que é maior do que o templo. 7. Se soubésseis o que significam estas palavras: “Quero misericórdia e não sacrifício”, jamais condenaríeis inocentes; 8, porquanto o filho do homem é Senhor até mesmo do sábado.

Moisés instituiu a guarda do sábado apenas para que não só os homens, como também os animais tivessem periodicamente um dia reservado ao descanso. Esse dia, que então se chamava o segundo-primeiro, era o segundo sábado da primeira parte do mês.

Quanto aos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, eram os que se ofereciam ao altar.

Segundo a lei, os Hebreus, no dia de sábado, deviam abster-se de todos os atos manuais, de tocar em qualquer metal.

Ora, lembrando aos fariseus o que fizera Davi com aqueles pães e que, no templo, os sacerdotes, cumprindo os ritos do culto, violavam o sábado, Jesus lhes quis mostrar que assim os pães, como o sábado, estavam submetidos às necessidades humanas e que, portanto, o homem tinha o direito de alimentar-se, em qualquer dia, com o que Deus lhe pusera à disposição, para satisfazer aos reclamos da sua existência.

Recordando-lhes as palavras, que eles não haviam compreendido: “Quero misericórdia e não sacrifício”, procurou fazer-lhes sentir que Deus, sempre indulgente com as suas criaturas fracas e falíveis, lhes dá a faculdade de se arrependerem e repararem suas faltas, contrariamente ao que faziam aqueles que condenavam os acusados de sacrilégio e sob o menor pretexto mandavam lapidá-los sem piedade. E dizer-se que, depois dessas observações claras do Mestre divino, inúmeros horrores e atrocidades inenarráveis ainda se cometeram em seu nome! E ainda se cometem...

A instituição do sábado, como tantas outras práticas e usos de culto externo, como tantas e tantas cerimônias com que o homem ocupa tão larga parte do seu tempo, nenhuma importância ou valor têm, para aquele que queira compreender em espírito e verdade o que disse Jesus.

Mas, virá o tempo e já veio em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; esses os adoradores que o Pai quer. Deus é espírito e, os que o adoram, em espírito e verdade é que o devem adorar. (JOÃO, capítulo 4, versículos 23 e 24.)

Mulher, crê-me, virá tempo em que não será neste monte, nem em Jerusalém que adorareis o Pai. (JOÃO, capítulo 4, versículo 21.)

Com efeito, chegados são os tempos em que os homens deverão unir-se, para formarem, pela fé espírita, ou cristã, um só rebanho, sob o mando de um único pastor: o Cristo, nosso Protetor, nosso Governador e nosso Mestre.

Reservemos um dia para o descanso do corpo, mas consagremo-lo de modo especial a Deus, santificando-o, ainda mais, se possível, do que os outros dias da nossa existência, pela prática de obras que atestem o nosso amor aos outros homens e ao Pai celestial e pelas graças que lhe rendamos, reconhecidos à sua misericórdia. Santifiquemo-lo também, implorando a Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda com mais fervor do que nunca, que nos fortaleça a fé, vivifique em nossas almas a esperança e as encha do sentimento da caridade; que nos envie um raio da sua luz divina, a fim de bem compreendermos e praticarmos os seus ensinamentos, demonstrando, por essa forma, que desejamos ser fiéis discípulos seus.

Tenhamos um dia em que os nossos corpos repousem dos trabalhos que os fatigam; mas, não deixemos que jamais os nossos corações repousem, esquecidos do bem que lhes cumpre fazer.

Cura de uma mão paralítica, em dia de sábado

(Marcos, 6:6-11; Lucas, 6:6-11)

9. Dali saindo, veio Jesus à sinagoga deles. 10. Ai se achava um homem, que tinha seca uma das mãos, e, para acusarem a Jesus, lhe perguntaram: É permitido curar em dia de sábado? 11. Jesus lhes respondeu: Qual, dentre vós, aquele que, tendo uma ovelha e vendo-a cair num fosso em dia de sábado, não pegará nela para retirá-la de lá? 12. E não vale o homem muito mais do que uma ovelha? Sim, é permitido fazer o bem em dia de sábado. 13. E disse ao homem: Estende a tua mão. O homem a estendeu e ela ficou sã como a outra. 14. Os fariseus. porém, saindo dali, se reuniram em conluio contra ele, cogitando do modo por que o perderiam.

Nas traduções desta parte dos Evangelhos, lê-se: mão árida, mão seca. Segundo a “Revelação da Revelação”, porém, de acordo com o texto original corretamente interpretado, era uma mão paralítica a que Jesus curou, por meio, como sempre, de uma ação magnética, exercida e dirigida pela sua potente vontade.

Quanto aos escribas e fariseus, Jesus não os olhou “tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações”, conforme se lê nas narrativas evangélicas. O pensamento, que essas palavras humanas mal exprimiram, é que o divino Mestre se doía de vê-los resistir voluntariamente aos esforços que Ele empregava para os salvar.

A cólera jamais entrou, nem poderia entrar, no coração do Cristo. Os escribas e os fariseus eram Espíritos culpados que, empedernidos, fechavam os olhos para não ver a luz que o Senhor lhes oferecia e o Senhor com isto 219 sofria realmente, se afligia e indignava ante tal obstinação. Não sofrem os nossos anjos de guarda com o nosso endurecimento? Mas, como os fariseus e os escribas, temos o nosso livre-arbítrio, que não pode ser violentado, como não o foi o deles, uma vez que, enviando à Terra o Messias, Deus a todos abriu uma nova via de purificação e redenção.

Seus anjos guardiães faziam por eles o que por nós fazem os nossos. Eles, porém, os repeliam, do mesmo modo que nós muitas vezes repelimos os nossos, no pleno gozo do livre-arbítrio que o Pai nos concedeu. Com efeito, decorridos que são 20 séculos, ainda hoje ocorre mais ou menos o mesmo que se dava naqueles tempos.

De fato, assim como os escribas, os fariseus e o sacerdócio hebreu combatiam a revelação messiânica, que era a confirmação da revelação mosaica, também os fariseus e os escribas de hoje e o sacerdócio romano guerreiam a revelação espírita, que é a confirmação da messiânica. Ontem, as fogueiras; hoje, os insultos e os sarcasmos.

Entretanto, libertos, como já nos achamos, do terror dos anátemas, use cada um da sua inteligência, da sua razão e do seu livre-arbítrio e compare o que ensina a Igreja Romana com o que ensina a Doutrina Espírita, e por si mesmo decida, em face dos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Missão do Messias. Seus poderes

15. Sabendo disso, Jesus se retirou daquele lugar; muitos doentes o seguiram e ele a todos curou, 16, ordenando-lhes que não o descobrissem, 17, a fim de que se cumprissem estas palavras do profeta Isaías: 18. “Eis aqui o servo que elegi, o meu bem-amado, em quem muito se compraz a minha alma. Sobre ele porei o meu espírito e ele às nações anunciará a justiça. 19. Não discutirá, não gritará e ninguém lhe ouvirá’ a voz nas praças públicas. 20. Não acabará de partir o caniço já quebrado e não apagará a mecha ainda fumegante, enquanto não alcance a vitória da justiça. 21. E no seu nome as nações porão todas as esperanças.

Sabendo Jesus que os fariseus contra ele conspiravam, retirou-se daquele lugar, ordenando aos enfermos curados que não revelassem as curas que haviam obtido, a fim de que aqueles, que eram, como Espíritos culpados, o “caniço já quebrado”, não fossem levados a comprometer-se ainda mais, expondo-se a duras e acerbas provações. Ele, pois, confirmando o que dissera o profeta, evitava acabar de partir os caniços já quebrados.

Jesus é servo e bem-amado de Deus, pela sua qualidade de Espírito puro e perfeito. Deus o “elegeu”, quando o constituiu protetor e governador do nosso planeta. “Nele se compraz”, desde que o tornou partícipe do seu poder, da sua justiça e da sua misericórdia; e faz que seu Espírito sobre ele constantemente pouse, transmitindo-lhe diretamente a inspiração, com o mantê-lo em perene comunicação consigo.

Desempenhando a sua missão terrena, Jesus anunciou às nações a justiça, com lhes mostrar a única linha de proceder, segura e reta, que conduz ao fim colimado. Ainda agora, com o advento do Espiritismo, ele anuncia a justiça às nações, por intermédio do Espírito Santo, que de novo mostra a todos aquela linha de proceder segura e reta, iluminando, com o facho da verdade, a estrada do progresso, pela qual todos podemos avançar com passo firme, cultivando a ciência, a caridade, o amor: selos da aliança entre a fé e a razão.

Jesus, confirmando o que dissera o profeta, não discutiu, nem gritou na praça pública, como faziam os Hebreus, cada um dos quais procurava com fortes brados abafar a voz de seus adversários, para que sua opinião prevalecesse. Ele falou aos homens com autoridade, porém não da maneira por que falavam os escribas e os fariseus.

O caniço quebrado, a mecha ainda fumegante simbolizam os Espíritos culpados nos quais uma tendência, por muito fraca que seja, há sempre para se melhorarem. Jesus, então, longe de os repelir, o que equivaleria a quebrar de todo o caniço e a apagar a mecha fumegante, aguarda que venha a justiça, isto é, que, pela expiação, eles se despojem dos vícios que os tornam impuros e, pois, injustos.

E as nações nele porão suas esperanças. Estas palavras significam que todos compreenderão ser a sua moral a única que pode fazer que os homens progridam. Todos confiarão na sua influência, para alcançar a perfeição. A revelação atual abre e inicia esta fase nova.

As palavras do profeta Isaías (capítulo 42, versículo 3) tinham de cumprir-se com relação aos fariseus, que tramavam contra Jesus, por isso que eles eram o “caniço quebrado”, que o Mestre não acabaria de partir e seriam, depois da morte, a “mecha ainda fumegante”, que Ele não apagaria, porquanto lhes cumpria, como a todos os Espíritos, purificar-se pela expiação, despojando-se dos vícios que os faziam “injustos”.

Subjugado. Cego e mudo por efeito da subjugação. Blasfêmias dos fariseus. Reino dividido

22. Apresentaram-lhe então um homem cego e mudo, possesso do demônio. Ele o curou, de sorte que o homem começou a ver e a falar. 23. A multidão estupefata perguntava: Porventura é este o filho de Davi? 24. Os fariseus, porém, ouvindo isto, diziam entre si: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios. 25. Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino que se dividir contra si mesmo será destruído e toda cidade ou casa, que se dividir contra si mesma, não subsistirá. 26. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está ele dividido contra si mesmo; como poderá então o seu reino subsistir? 27. Se é por Belzebu que expulso os demônios, por quem os expulsam vossos filhos? Estes, por isso mesmo, é que serão os vossos juízes. 28. Mas, se expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o reino de Deus veio até vós.

Aquele homem, tido como “possesso do demônio”, estava subjugado por um Espírito mau que, combinando com os dele os fluídos do seu perispírito e lançando-lhe, sobre os órgãos da visão e da audição, fluídos apropriados a esse efeito, paralisara aqueles órgãos. Jesus o curou pela ação da sua vontade potentíssima, afastando o obsessor.

A subjugação que ele sofria era, como todas, em geral, uma expiação. Seu Espírito expiava graves abusos da palavra, anteriormente praticados, e o não ter sabido aproveitar-se da luz que lhe fora concedida. A multidão, maravilhada com o fato, inquiria: Porventura, é este o filho de Davi? É que predito fora que o maior dos profetas descenderia da linhagem de Davi.

As palavras que dirigiu aos escribas e fariseus, bem como as que a seu respeito proferiram os que eram considerados seus parentes, tinham um alcance tanto espírita, quanto evangélico, isto é, foram ditas como ensino para aquele momento e como lição a frutificar na época atual, da nova revelação. As épocas, conforme o sabemos, se ligam umas às outras e, quanto mais nos adiantarmos, tanto melhor compreenderemos a ligação que existe entre o aparecimento de Jesus na Terra e a presente manifestação dos Espíritos.

O aparecimento de Jesus entre os homens, segundo já explicamos, com o governador do planeta terráqueo e diretor da Humanidade que o habita, foi uma manifestação espírita. Ele desceu até nós, para lançar as bases da nova regeneração. Pois bem, atualmente, assistimos a uma outra manifestação espírita, produzida pelos Espíritos que, como enviados do Mestre, vêm continuar e desenvolver-lhe a obra.

Belzebu, Satanás, Príncipe dos demônios são expressões figuradas de que Jesus usava, para se fazer compreendido e escutado. Designavam e designam os Espíritos maus que, tendo falido, perseveram, endurecidos, na senda do mal, a praticarem-no contra os homens.

Os filhos daqueles que o acusavam de obrar por Belzebu e aos quais o Mestre se referia, dizendo que seriam juízes dos seus acusadores, eram os que, entre os Hebreus, seguiam de coração a lei de Moisés, tendo em vista servir a Deus, os quais, já um tanto purificados e colocados acima de seus pais, conseguiam, algumas vezes, por meio da prece e da perseverança, afastar os Espíritos malfazejos que se manifestavam pela obsessão e pela subjugação.

Os homens de então, como os de hoje, os Escribas e os Fariseus de agora, como os daquele tempo, negam tudo o que não compreendem e condenam o que os incomoda, ou lhes fere o orgulho. Jesus era acusado pelos seus contemporâneos de obrar por influência demoníaca. É precisamente o que diz o sacerdócio romano, diante dos fatos espíritas. A resposta, porém, deve ser a mesma que Jesus dava aos seus injuriadores: “Nenhum reino que se divide contra si mesmo pode subsistir”.

Do mesmo modo que alguns filhos dos Hebreus, também podemos livrar alguns dos nossos irmãos encarnados da ação dos que, no plano invisível, se fizeram agentes das trevas, desde que nos elevemos e purifiquemos, saibamos valer-nos da prece e obremos com perseverança.

A expressão “espírito de Deus” considerada em relação a Jesus, significa a influência direta que o Pai exercia e exerce sobre Ele. Em relação a nós, devemos considerá-la como exprimindo a dos Espíritos purificados, que o Senhor nos envia como medianeiros entre a sua vontade e os nossos Espíritos. Deus só se comunica diretamente com os Espíritos puros, de pureza perfeita, aos quais incumbe de presidir à formação dos orbes e de lhes dirigir as respectivas humanidades, em seu progresso moral e científico. Só esses Espíritos podem aproximar-se do foco universal; só a eles cabe com exatidão o nome de “servos do Senhor”.

Mas, através da escala espírita, até nós desce o “Espírito de Deus”. Ë para que ele chegue a todos os homens que, ontem, os apóstolos, discípulos de Jesus, desobstruíram as sendas que Ele traçara para passarmos, rumo às altas culminâncias da espiritualidade, e que, hoje, com a nova revelação, recebemos a luz de que necessitamos para, com os corações inundados dela, podermos avançar por aquelas sendas.

Ao saberem disso, os parentes de Jesus vieram para o prender, dizendo que perdera o juízo. Os Hebreus, pelo consórcio dos de uma tribo com os de outra, eram parentes quase todos, ou como tais se consideravam. Assim que, Jesus, aos olhos dos homens, estava rodeado de primos mais ou menos próximos.

Ora, esses parentes, segundo os quais Jesus procedia do mesmo tronco que eles, não podiam admitir que aquele se elevasse tão alto, que instituísse apóstolos, e saíram a prendê-lo, sob o fundamento de que perdera a razão e estava louco. Bem dissera o Mestre que ninguém é profeta na sua terra.

Dá-se hoje o mesmo que com ele se deu. O clero qualifica de demoníaca a Doutrina Espírita; os modernos escribas e fariseus chamam loucos e desequilibrados aos espíritas, tendo chegado mesmo a arranjar uma lei punitiva da prática do Espiritismo! Diante disso, que devemos fazer? Exemplificar pela prática das boas obras, da humildade e da paciência, da doçura e da indulgência, da pureza de sentimentos, e avançar corajosamente pelo caminho que nos está traçado, certos de que o Cristo vela por nós e nos protege. Temos, como prepostos seus, a nos guiarem pela estrada que a Ele conduz, os bons Espíritos, os Espíritos de luz e de misericórdia.

O forte armado. Pecado remido. Blasfêmia contra o Espírito Santo. Tesouro do coração. Palavra Ímpia

29. Como poderá entrar alguém na casa de um homem forte e roubar-lhe as alfaias, se antes não o prender? Depois disto é que lhe pilhará a casa. 30. Quem não está comigo está contra mim; quem comigo não entesoura dissipa. 31. Eis por que vos digo: Todos os pecados e todas as blasfêmias serão perdoados aos homens, menos a blasfêmia contra o Espírito Santo, que não o será. 32. O que alguém disser contra o filho do homem ser-lhe-á perdoado; mas não terá perdão nem neste século nem no futuro o que alguém disser contra o Espírito Santo. 33. Se uma árvore for boa, bom será o seu fruto; se for má, seus frutos serão maus, visto que pelo fruto é que se conhece a árvore. 34. Raça de víboras, como podeis, sendo maus, dizer boas coisas, uma vez que da boca só sai o que abunda no coração! 35. O homem que é bom tira boas coisas de bom tesouro e o homem mau tira más coisas de mau tesouro. 36. Ora, eu vos digo que os homens, no dia do julgamento, prestarão contas de toda a palavra ociosa que houverem proferido. 37. Porque serás justificado pelas tuas palavras e pelas tuas palavras serás condenado.

A fim de apreendermos o pensamento do Mestre através da linguagem de que Ele usava, precisamos despojar da letra o espírito, para o que mister se faz compreendamos bem o sentido verdadeiro destas palavras suas ditas especialmente aos que são chamados a receber a revelação nova: “O espírito é que vivifica; as palavras que vos digo são espírito e vida”.

Dizendo o que se lê no capítulo 12, versículo 29 de Mateus e capítulo 3, versículo 27 de Marcos, alude Jesus ao pecado que, por suas seduções, se apodera do homem e o despoja de todas as virtudes. Eram, pois, palavras emblemáticas.

Pelas do capítulo 11, versículo 21 de Lucas, vemos que precisamos estar vigilantes sobre a nossa consciência, a fim de nos acharmos sempre prontos a combater os maus instintos e pendores e as paixões más. Se deixamos de conservar-nos cautelosamente em guarda e ativos na prática do bem, os vícios penetram em nosso coração e nos tomam uma a uma as armas. Porque, não basta deixar de praticar o mal; é necessário praticar o bem, que só ele nos resguarda de cairmos no mal. Com efeito, que é, senão egoísta e orgulhoso, aquele que falta à caridade? Que é, senão ímpio, aquele que se esquece do seu Deus? O mesmo se dá com todas as virtudes que não são praticadas. Tomam-lhes o lugar os vícios que elas, se cultivadas, teriam destruído.

As do capítulo 11, versículo 22 de Lucas completam a figura material que o divino Mestre compusera para a inteligência dos Hebreus. Sem dúvida, os vícios que substituam as virtudes no coração daquele que se tornou descuidoso e não tirou proveito delas antes de serem destruídas, para aproveitarem da sua destruição despojam as ditas virtudes do asilo que lhes fora preparado e nele se alojam.

Quem não está comigo está contra mim. (capítulo 12 versículo 30 de Mateus.) Quer isto dizer: quem não segue a lei do Cristo, isto é, a doutrina moral de que Ele é a personificação, dela se aparta; logo, está contra Ele, pois que trilha senda oposta à que Ele traçou. Do mesmo modo, quem caminha por essa senda reúne os tesouros que o Senhor reserva para os justos; quem dela se desvia dissipa esses tesouros e perde precioso tempo. Eis por que também Ele disse: “Quem comigo não entesoura dissipa”.

A blasfêmia consiste em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro àquele que é todo amor, ciência e justiça, que é a verdade absoluta. Que crime se pode a este comparar?

Quanto ao pretender-se que, por haver dito que o que blasfema contra o Espírito Santo não terá perdão na eternidade, será réu de eterno delito, o divino Mestre haja formulado uma ameaça de penas eternas, nenhum fundamento há para semelhante dedução. Para os Hebreus, de acordo com seus preconceitos, tradições e escrituras, os termos “eternidade”, “eterno”, “eternamente”, apresentavam dois sentidos, podiam ser tomados em duas acepções diversas: um sentido absoluto, quando se referiam a Deus; um sentido relativo, quando empregados com referência aos homens, caso em que indicavam uma duração imensa, mas, por maior que fosse, limitada, condicionada a ter fim. Veja-se, em confirmação do que dizemos: Êxodo, capítulo 15, versículo 18; Miquéias, capítulo 4, versículo 5; Esdras, capítulo 3, versículo 3; Josué, capítulo 14, versículo 9; Isaías, capítulo 57, versículo 16. Foi, pois, em sentido relativo, querendo exprimir dilatadíssimo período de tempo, como o concebemos, que Jesus usou daquelas palavras, falsamente interpretadas pelos homens, quando lhes deram um sentido absoluto.

Quantas vezes não se manifestam em nossas sessões Espíritos grandemente sofredores, por se sentirem imensamente culpados, dizendo que se acham condenados a penas eternas, que seus sofrimentos não mais terão fim? A existência, neles, dessa crença constitui um dos meios providenciais de serem levados ao arrependimento. Com efeito, a agudeza e a longa duração do sofrimento acabam consumindo as energias do culpado para o mal. Cansado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado, aprecia todos os crimes e faltas que o precipitaram no abismo e, afinal, exclama: Se eu houvesse de recomeçar! Então, os bons Espíritos, sempre atentos aos transviados, o impelem a ver como faria, se tivesse de recomeçar e o induzem, assim, pouco a pouco ao arrependimento, fazendo-lhe nascer no íntimo a esperança do perdão, esperança a cujo influxo o arrependimento se desenvolve e se acentua o desejo de expiar, reparar e progredir, mediante provas adequadas a esse efeito. E Deus lhe perdoa, concedendo-lhe a reencarnação, a fim de que, pelo caminho da reparação se purifique e eleve.

Disse Jesus: “Meu pai não quer que nenhum destes pequeninos pereça. Vim salvar o que estava perdido. Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus”. Essas palavras bem mostram que não há Espírito culpado e rebelde, que não experimente o influxo das leis imutáveis do progresso e do aperfeiçoamento, às quais todos os que se transviaram são levados a obedecer, pelo sofrimento e pela expiação. Nenhum há que, com o tempo e a reencarnação, deixe, ovelha tresmalhada, de voltar ao aprisco.

Com o que disse acerca das árvores boas e más, para frisar que pelo fruto é que se conhece a árvore, o divino Mestre teve em mira, dirigindo-se a seus discípulos, ensinar-lhes a conhecer os homens. Indubitavelmente, o homem de maus instintos praticará ações más. Se porém, fizer esforços por praticar o bem, podemos dizer que a árvore é boa e ficar certos de que, se for cultivada. melhor se tornará.

Versículos 36 e 37 de Mateus. De acordo com o texto original, judiciosamente interpretado, não foi palavra “ociosa” o que disse Jesus, mas: palavra “ímpia”. Usando do primeiro desses termos, os tradutores naturalmente o fizeram para dar maior amplitude à sentença do Mestre, que - então passou a abranger as conversações fúteis, e mais que levianas e todos os excessos de linguagem. Pelo que toca ao dia do julgamento, em que os homens prestarão contas, ver o texto evangélico relativo às “cidades impenitentes”, do momento em que o Espírito culpado, após a sua desencarnação, faz uma introspecção, observa a existência terrena de que acaba de sair, aprecia seus crimes ou faltas e, tocado de remorso e arrependimento, sofre a expiação, a que se segue, inevitavelmente, a reencarnação.

Prodígio pedido pelos fariseus. Resposta de Jesus. Prodígio de Jonas

38. Então, alguns dos escribas e fariseus lhe disseram: Mestre, queríamos ver um prodígio por ti feito. 39. Ele lhes respondeu: Esta geração má e adúltera pede um prodígio; nenhum outro lhe será dado senão o prodígio do profeta Jonas. 40. Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de uma baleia, também o filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra. 41. Os Ninivitas se levantarão no julgamento contra esta geração e a condenarão, pois que eles fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; e, aqui, há mais do que Jonas. 42. A rainha do Meio-dia se levantará no dia do juízo contra essa geração e a condenará, pois que ela veio dos confins da terra para escutar a sabedoria de Salomão; e aqui, há mais do que Salomão.

Passados que estão os tempos dos milagres, o homem, hoje, não pode suportar as imposições dos que se opõem à difusão da luz à marcha do progresso, a menos que faça o que, em geral, se observa em tudo o que diz respeito à religião pregada e exemplificada pelo clero romano.

Para admitirmos que Deus, onipotente e, por conseguinte, onisciente, nosso Pai celestial, que nos criou perfectíveis, tanto que sujeitos à lei imprescritível e fatal do progresso, operasse milagres, teríamos de admitir como possível que Ele derrogue suas leis, ou abra nelas exceções, porquanto o milagre não seria senão a derrogação parcial de uma ou algumas leis, ou exceção ao que elas prescrevem. Mas, a possibilidade de tais derrogações ou exceções implicaria não serem as leis divinas absolutamente sábias e perfeitas, o que vale dizer - eternas e imutáveis, uma vez que só pode ser mutável o que seja perfectível. Ora, não sendo perfeita uma lei, desde que admite exceções, forçoso fora reconhecêssemos, para podermos admitir o milagre, que as leis divinas não refletem a perfeição absoluta do supremo legislador. Porém, neste caso, a consequência a que chegaríamos é que também o legislador não seria perfeito e sim perfectível também. Absurdo dos absurdos, em se tratando de Deus, como o deve conceber o cristão.

Nem se diga que, por ser onipotente, pode Ele derrogar por arbítrio, como o entenda, suas leis. Por esse lado, igualmente, chegaremos ao absurdo, visto que nenhuma ação arbitrária se pode consorciar com a onisciência de um ser infinito em todos os seus atributos, para quem portanto não há passado, nem presente, nem futuro, fora que se acha de toda ideia de tempo, sem a qual o arbítrio carece de significação, dado que este só se pode exercer ocasionalmente, advérbio que subentende sucessão de fatos, ou de efeitos, só existente para seres limitados como nós em todas as suas faculdades, capacidades e percepções, condição que faz imprescindível o princípio convencional de tempo.

O “milagre”, portanto, não passa, presentemente, de um esteio em que, valendo-se do precário conhecimento que da verdade possuem as massas humanas, procuram apoio as igrejas terrenas, no empenho de manterem o predomínio que alcançaram, explorando as superstições populares e sustentarem crenças tradicionais, mas que perderam sua razão de ser, em face do desenvolvimento da razão humana, e que, portanto, não podem subsistir.

Agraciados pela misericórdia divina com a luz viva da Nova Revelação, nós outros, os espíritas, temos o dever de perquirir, até onde a mesma misericórdia no-lo permita, as causas, a fim de compreendermos os efeitos e aproveitarmos das lições que eles nos oferecem, porque não mais nos é lícito crer, senão no que seja fruto de convicções adquiridas em consequência do estudo, da meditação e da iluminação interior, que se consegue pela prece fervorosa, sentida e humildemente formulada.

Aquela geração a que Jesus se referia, que lhe repelia os esforços para reconduzi-la ao caminho da verdade, qualificando-o de possesso do demônio, era má pela sua obstinação no erro; era adúltera, porque desprezava a fé no seu Deus, para se entregar a práticas materiais.

Essa geração é a mesma que hoje chama demoníaca à ciência espírita, que vem dar cumprimento à lei e aos profetas; que se baseia nos Evangelhos de N. Senhor Jesus Cristo, em espírito e verdade, como Ele próprio mandou que os entendêssemos, fugindo à letra que mata, tudo porque isso é contrário e prejudicial aos interesses materiais da clerezia romana que, para conservar a sua dominação, precisa manter na ignorância os fiéis da sua Igreja, que repudia a Deus para adorar o Papa.

Jonas constituíra para os Ninivitas um prodígio, um milagre, porque acreditaram, sem sombra de dúvida, que ele fora engolido por um peixe, em cujas entranhas permanecera três dias, submerso no fundo do mar. Do mesmo modo Jesus, que, até para os discípulos, era um homem igual aos outros, pela sua ressurreição e ascensão viria a constituir, para a geração da sua época, um prodígio, um milagre, visto que, para essa geração, tais fatos não podiam ser mais compreensíveis nem menos miraculosos, do que, para os Ninivitas, o reaparecimento de Jonas, após três dias de permanência no ventre de um peixe.

Dar-se-á, porém, que aqueles fatos, que ontem não podiam ser explicados, nem compreendidos, que tiveram, portanto, de ser impostos como milagrosos, devam hoje ser aceitos, com o mesmo caráter, para glória de Deus, quando a Nova Revelação, que veio substituir a fé cega pela fé raciocinada, no-los explica plena e satisfatoriamente? Certo que não.

Com efeito, na ressurreição e na ascensão do Cristo, nós espíritas podemos e devemos crer, sem de nenhum modo aceitarmos, no que quer que seja, o milagre, desde que aquela Revelação nos mostra e prova, com os textos evangélicos, compreendidos em seu espírito, que Jesus só aparentemente era homem, que Ele desempenhou a sua missão como Espírito, Espírito livre, de pureza perfeita e imaculada, portanto, isento da lei da encarnação, apenas revestido de um corpo fluídico, de um perispírito tornado visível e tangível, com o qual possível e fácil lhe foi sair do sepulcro, conservando-se este fechado e selado.

Igualmente, com relação a Jonas, ela nos faz saber que ele apenas esteve durante três dias preso a ferros a bordo de um navio, em que viajava, donde um marinheiro devotado, condoído da sua sorte, o transportara às escondidas num bote até à praia, aí deixando-o. A tendência que tem o homem para dar a tudo o cunho do maravilhoso e a atração que este sobre ele exerce criaram a lenda de Jonas engolido e vomitado por um peixe. Semelhante maravilha logo se impôs à imaginação humana como um “milagre” e como “milagre” foi tido e crido.

Os Ninivitas que, aproveitando da pregação de Jonas, entraram e permaneceram nas vias do Senhor e a rainha do Meio-dia que reconheceu a grandeza de Deus e a sabedoria daquele a quem Deus fizera rei, para reinar com equidade e distribuir justiça, eram a condenação dos Judeus, que resistiam a todos os esforços de Jesus para os reconduzir ao bom caminho. Foi o que o divino Mestre acentuou, dizendo: “E há, aqui, mais do que Jonas; e há, aqui, mais do que Salomão”.

Jonas e Salomão eram Espíritos em missão, porém de ordem inferior. Citando-os, de modo algum pensou Jesus em se lhes equiparar, sendo, como era, o Cristo de Deus e, como representante do Pai, o Mestre, o Rei do nosso planeta e da Humanidade terrena. Ao contrário, o que fez, lembrando os exemplos de Jonas e Salomão, foi chamar a atenção dos homens para a superioridade da sua missão, superioridade que a Nova Revelação patenteia aos nossos olhos, e chamar-lhes também a atenção para a culpabilidade dos que se rebelavam contra seus ensinos.

Daí o dizer: “Assim como Jonas foi um sinal para os de Nínive, assim também o filho do homem será um prodígio para esta nação”.

Dever, que tem o homem, de resistir aos maus instintos, às más paixões. Resposta de Jesus ao que, do meio do povo, lhe disse uma mulher

43. Quando o Espírito impuro tem saído de um homem, vagueia pelos lugares áridos em busca de repouso e não o encontra. 44. Diz então: “Voltarei para a casa donde saí”. E, voltando, a encontra vazia, limpa e ornada. 45. Parte então de novo arrebanha sete outros Espíritos ainda piores do que ele, entram todos na casa e passam a habitá-la; e o último estado do homem fica sendo pior do que o anterior. Assim acontecerá com esta geração criminosa.

Jesus, por essa forma, advertia os homens de que estivessem precavidos sempre contra as más paixões e tendências que, repelidas, a princípio, facilmente podem voltar depois mais intensas e tenazes, como acontece com as enfermidades, relativamente às quais se verifica que as recaídas são sempre mais perigosas.

Os Espíritos imundos que influenciam para o mal o homem são atraídos pelos seus maus sentimentos. Ora, se o homem limpar sua alma de todas as impurezas e a adornar das virtudes opostas a tais sentimentos ocupá-la-á o seu anjo de guarda, tornando impossível àqueles Espíritos fazerem nela morada, como antes. Ornemos, pois, de virtudes as nossas almas, a fim de que o Senhor as possa considerar habitações dignas dos seus mensageiros, os Espíritos bons, de cuja inspiração e assistência gozaremos, então, constantemente.

Nenhuma relação tem o que acabamos de dizer com o chamado “sacrifício da eucaristia”, pelo qual entendeu a Igreja romana de fazer do corpo humano morada da divindade. Semelhante absurdo, como todos os outros erros dessa igreja, provém das interpretações literais por ela dadas às Escrituras, interpretações que, se outrora puderam legitimar-se com o grande atraso intelectual da Humanidade, hoje constituem uma das causas principais do desprestígio em que a vemos e da generalização da descrença.

A comunhão do Cristo, simbolizada pela Ceia, foi um último e solene apelo por ele feito aos homens, para o cultivo da fraternidade. A comunhão dos discípulos era um repasto comemorativo, uma lembrança simbólica daquela outra comunhão.

Dizendo respeito unicamente ao Espírito toda a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo lado unicamente espiritual é que deveram ter encarado e ensinado os preceitos evangélicos aqueles que se intitulam seus representantes na Terra, com abstenção completa dos cultos e cerimônias puramente materiais, que nada valem e para nada servem.

Capítulo 11, versículos 27 e 29 de Lucas. A mulher que elevou a voz do meio da multidão, para louvar a Maria, como mãe de Jesus, conforme a consideravam os homens, falou como médium, sob a inspiração momentânea de um guia que, desse modo, abriu ensejo à resposta de Jesus, que foi um ensinamento: “Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. Sim, bem-aventurados os que estudam e ensinam a moral pregada por Jesus e põem-na em prática, não fazendo da profissão de fé um meio de vida, de satisfazerem às suas ambições de mando e predomínio, como infelizmente ainda vemos.

O irmão, a irmã e a mãe de Jesus são os que fazem a vontade de seu pai, ouvindo a palavra de Deus e pondo-a em prática

(Marcos, 3:31-35; Lucas, 8:19-21)

46. Estando Ele ainda a pregar para a multidão, sua mãe e seus Irmãos do lado de fora procuravam falar-lhe. 47. Então alguém lhe disse: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora procurando-te. 48. Respondendo a esse que assim falara. disse Ele: Quem é minha mãe e quais os meus Irmãos? 49. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus Irmãos; 50, porquanto, quem quer que faça a vontade de meu pai que está nos céus, esse é meu Irmão, minha Irmã e minha mãe.

Não estando ligado a Maria por nenhum laço humano, Jesus mostrou aos homens os sentimentos de fraternidade e de amor que os devem unir. Qual poderia ser, de fato, o desejo do bom pastor, que vinha à procura das ovelhas tresmalhadas do seu rebanho? qual poderia ser o seu objetivo? Reuni-las em torno de si. Todas, fossem quais fossem, eram e são dele bem-amadas.

Efetivamente, nenhum grau de parentesco humano havia entre Jesus, Maria e José, porquanto, Ele se achava apenas revestido de um corpo aparentemente humano, de um corpo fluídico, que, pelo poder da sua vontade e da sua sabedoria, se tornava visível e tangível, conforme as necessidades da sua missão. Trazia um corpo “celeste”, na expressão de Paulo, tendo sido a sua concepção, por Maria, obra do Espírito Santo, como também já explicamos e deve ser entendido.

Por essa explicação ficou patente que Maria não concebeu, não deu à luz filho algum, se conservou sempre virgem, pura e imaculada, sem que, na realidade, o aparecimento do nosso Salvador na Terra tenha apresentado o que quer que seja de milagroso ou de sobrenatural. Assim sendo, é claro que também nenhum grau de parentesco humano havia entre Ele e os que eram considerados seus irmãos, cumprindo ainda se advirta que, em hebreu, a palavra irmão —. tinha várias acepções. Significava, ao mesmo tempo, o irmão propriamente dito, o primo co-irmão, o simples parente.

Elucidações evangélicas. FEB (e-book).

 


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