Um dos maiores desafios que Allan Kardec enfrentou na codificação da Doutrina Espírita foi o de separar, no trato com a manifestação dos Espíritos, o que era efetivamente verdadeiro, do que era apenas opinião pessoal dos Espíritos comunicantes.
Estudando o fenômeno
mediúnico com acurado afinco, reconheceu que estava diante de um fato. E como
todo fato tem suas leis, caberia ao pesquisador sincero aprofundar a sua
análise visando o seu correto conhecimento, a fim de utilizá-lo de forma
adequada. Com este pensamento, empenhou o resto da sua existência nesse
trabalho, descortinando para os homens o mundo dos Espíritos.
Sabedor de que o mundo
espiritual é habitado por Espíritos de diferentes níveis de conhecimento e
moralidade, tal como ocorre entre os homens, utilizou o método do controle
universal dos ensinos dos Espíritos – descrito na Introdução de O Evangelho
segundo o Espiritismo –, para encontrar a verdade revelada pelos Espíritos
Superiores. Esse método consiste em só aceitar como verdade o que é manifestado
por diversos Espíritos, através de vários médiuns, em distintos lugares, e
submeter, ainda, essa manifestação ao crivo da razão, verificando se o ensino
transmitido não conflita com os demais princípios que vão sendo gradativamente
consagrados.
Jamais aceitou como verdadeira uma afirmação pelo simples fato de ter sido atribuída a um Espírito de renome, pois compreendeu, desde o início, que qualquer comunicante pode adotar o nome que lhe aprouver, passando por um Espírito elevado, e abusando da boa-fé dos homens.
Com este cuidado, Allan
Kardec materializou na Terra o Consolador Prometido por Jesus, que ficará
eternamente conosco: “O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber,
porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós,
conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós.” (João, 14:17.)
Fiel à busca da verdade,
Allan Kardec deixou, no século XIX, uma Doutrina solidamente construída, que
venceu os desafios decorrentes dos avanços da Ciência no século XX, avanços
estes que vêm confirmando os ensinos dos Espíritos Superiores, colhidos pelo
Codificador no seu nobre e meticuloso trabalho.
Fonte: Reformador, ano 124,
nº 2.123, fevereiro 2006, por Marta Antunes Moura (e-book).
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