Parábola das bodas e dos convidados que
se excusam
1.
Falando de novo por parábolas, disse-lhes Jesus: 2. O reino dos céus se
assemelha a um rei que celebrou as bodas de seu filho. 3. Mandou que seus
servos fossem chamar os convidados para a festa: estes, porém, não quiseram ir.
4. Mandou outros servos recomendando-lhes que dissessem de sua parte aos
convidados: O meu banquete está preparado; estão mortos os meus bois e os meus
cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. 5. Mas, eles nenhum caso fizeram do
convite e lá se foram, este para sua casa de campo, aquele para seu negócio; 6,
enquanto outros agarraram os servos, os ultrajaram e mataram. 7. O rei, ao
saber do ocorrido, se encolerizou e, enviando seus exércitos, exterminou
aqueles assassinos e lhes incendiou a cidade. 8. E disse aos seus servos: De
fato, o banquete das bodas está preparado, mas aqueles a quem convidei não
foram dignos da festa. 9. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas
todos os que encontrardes. 10. Saíram os servos pelos caminhos e ruas e
reuniram todos os que encontraram, bons e maus, de sorte que a sala da festa se
encheu de convivas. 11. Entrou em seguida o rei para ver os que estavam à mesa
e, dando com um que não trajava a veste nupcial, 12, lhe perguntou: Amigo, como
entraste aqui sem a veste nupcial? O interpelado guardou silêncio. 13. Disse
então o rei a seus servos: Atai-o de pés e mãos e lançai-o nas trevas
exteriores; aí haverá pranto e ranger de dentes. 14. Porque, muitos são os
chamados, mas poucos os escolhidos.
Idênticos são o sentido e o
fundamento das parábolas das bodas do filho do rei e da ceia do pai de família.
Ambas exprimem o convite que o Senhor faz às suas criaturas, pelos seus
enviados, para que se regenerem e purifiquem, isto é, para que se limpem das
manchas do pecado, a fim de participarem do festim celeste, que proporciona ao
Espírito adiantar-se, moral e intelectualmente, tornar-se rico de coração e de
inteligência, pela humildade, pelo saber, pela caridade e pelo amor; recobrar a
liberdade de suas faculdades e a de caminhar pela senda do progresso; recobrar
a visão espiritual e ver cada vez mais a luz, avançar com passo firme e em
linha reta para a perfeição, que lhe faculta entrar no palácio eterno, nas
regiões da pureza, nas esferas celestes e divinas e aproximar-se do foco da
onipotência.
Todos são convidados, porque todos, bons ou maus, sem exceção de nenhum, são filhos, foram criados para o mesmo fim e têm que participar do banquete de núpcias. Cumpre, porém, que, para entrarem na sala da festa, previamente dispam suas vestes manchadas, sob pena de serem rechaçados para as trevas exteriores, isto é, para os planetas inferiores, para longe das venturosas moradas, onde o Espírito continua a se depurar, até poder vestir a túnica imaculada.
Dizendo que o rei só
encontrou à mesa um conviva que não trazia a veste nupcial, quis Jesus mostrar,
sob o manto da parábola, que, nos tempos da regeneração, quase todos
compreenderão a felicidade que se lhes oferece. Apenas uma insignificante
minoria se manterá obstinada em resistir aos esforços dos servos de Deus para
lhes vestirem o traje de núpcias, antes que entrem na sala do festim.
O choro e o ranger de dentes
simbolizam as torturas morais na erraticidade e os sofrimentos da encarnação em
mundos inferiores à Terra.
As palavras: “Porque muitos
são os chamados, mas poucos os escolhidos” não se referem unicamente ao que foi
expulso por não estar dignamente vestido. Referem-se também a. todos os que
anteriormente cerraram os ouvidos e o coração à voz que os chamava. Esses
mesmos, porém, sob a ação das leis imutáveis da expiação, do progresso, pelo
renascimento, pelas reencarnações, chegarão à condição de envergarem o traje de
núpcias, para entrarem nos mundos felizes. Vê-se assim que todos os chamados
virão a ser escolhidos, porque dos filhos de Deus nenhum ficará perdido para
sempre.
Ainda não soara a hora de
serem ensinadas abertamente estas coisas, que só a Revelação Espírita, então
futura, tornaria claramente compreensíveis. Muitos séculos era preciso que se
escoassem, para chegar o momento dessa revelação, os dias de hoje, os tempos
preditos da regeneração, que o Espírito da Verdade agora prepara.
Deus e César
15.
Retirando-se dali, os fariseus foram reunir-se em conselho, a fim de o
surpreenderem no que dissesse. 16. Mandaram então seus discípulos com os
herodianos dizer a Jesus: Mestre, sabemos que és sincero e veraz, que ensinas o
caminho de Deus na verdade, sem te preocupares com quem quer que seja, porque
não consideras nos homens as pessoas. 17. Dize-nos, pois, qual o teu parecer: É
lícito pagar a César o tributo ou não? 18. Jesus, porém, conhecendo-lhes a
malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais? 19. Mostrai-me a moeda com
que se paga o tributo. Apresentaram-lhe um denário. 20. Perguntou ele: De quem
são esta imagem e esta inscrição? 21. De César, responderam-lhe. Disse-lhes
então Jesus: Pois dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. 22.
Ouvindo isto, encheram-se de admiração e, deixando-o, se retiraram.
Estas palavras de Jesus, mau
grado a tudo que se tenha dito, provam que Ele não viera pregar a subversão
social, mas apenas o progresso moral. O respeito às leis humanas é para o homem
um dever e, muitas vezes, uma provação. Aplique-se ele, portanto, pelo seu
proceder, a abrandar, modificar, suavizar as que tanto lhe pesam.
Se aquelas leis, ou algumas
delas, parecem, ou são, de fato, injustas, iníquas, arbitrárias, só de nós
mesmos nos devemos queixar, por isso que tais leis existem unicamente por não
querermos caminhar todos pelo caminho reto que nos traça a lei divina do amor,
por nos obstinarmos em não cumprir o preceito de não fazermos aos outros o que
não queiramos que nos façam. Destarte, bem se vê que não serão as revoluções,
nem o derribamento de tronos, nem os derramamentos de sangue, nem as crueldades
ainda de tão corrente uso, que nos hão de outorgar a liberdade e de tornar
menos áspero o viver terreno. A liberdade nasce do cumprimento do dever, da
pureza do coração, do amor e da caridade, que implicam a justiça, o respeito a
si mesmo e aos outros.
O abrandamento das leis
depende, pois, exclusivamente, da conduta dos homens. Trabalhe cada um pela sua
própria reforma e o pesado jugo que elas impõem se quebrará por si mesmo e as
reformas sociais se operarão sem abalos, suavemente.
Se já compreendêssemos bem
as coisas, a obra de redenção não seria deferida para amanhã, como ainda o é.
Julgando-se muito esclarecidos, os homens permanecem cegos! Ë assim que ainda
fazem correr sangue, para fertilizar a Terra; que desencadeiam a guerra, para
obterem a paz; que ateiam o incêndio, para construir. Cegos, eles ainda não
conseguiram divisar o verdadeiro caminho; surdos, ainda não lograram atender
aos seus interesses reais. E tão orgulhosos são, no entanto, do seu saber!
As palavras: “Dai a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus”, ditas principalmente para o futuro,
ainda não foram compreendidas e, menos ainda, bem praticadas. Só o serão,
quando todos, inclusive César, derem a Deus o que é de Deus, pela prática do
duplo amor ao mesmo Deus e ao próximo, o que envolve a da fraternidade, da
qual, exclusivamente, resultarão a igualdade e a liberdade, na paz, na ordem e
na hierarquia, baseada esta tão só no grau de pureza moral adquirida.
Se compreendidas aquelas
palavras houvessem sido, não existiria jamais o poder temporal do papa, não
haveria “príncipes da Igreja”, nem a história registraria os conflitos, muitas
vezes cruentos, em que tanto se empenharam esses príncipes com os da Terra.
Tampouco, as discórdias, o ódio, a guerra teriam devastado os filhos do Senhor.
A Igreja, que devia pregar
pelo exemplo a tolerância, a justiça, a caridade, o amor, a fraternidade, a
humildade, o desinteresse, teria sabido viver sempre em harmonia com César e
teria feito que a Vinha do Senhor desse os abundantes frutos que devia dar pelo
cultivo daquelas virtudes, que ela, ao contrário, desprezou e conspurcou.
Saduceus. Ressurreição. Imortalidade da
alma. Sua sobrevivência ao corpo. Sua individualidade após a morte
23. Naquele dia, vieram ter
com ele alguns saduceus, que negam a ressurreição, e lhe propuseram a questão seguinte:
24. Mestre, Moisés disse: Em morrendo algum homem sem deixar filho, case seu
irmão com a viúva e dê sucessão a seu irmão. 25. Ora, havia entre nós sete
irmãos: o primeiro casou e morreu sem descendência, deixando sua mulher a seu
irmão. 26. O mesmo sucedeu ao segundo, ao terceiro, a todos até ao sétimo. 27.
Por último, depois dos sete, morreu a mulher. 28. Na ressurreição, de qual
deles será ela, uma vez que todos a tiveram por esposa? 29. Jesus lhes
respondeu: Estais em erro, por não compreenderdes as Escrituras nem o poder de
Deus. 30. Na ressurreição, nem os homens terão esposas, nem as mulheres
maridos; umas e outros serão como os anjos de Deus no céu. 31. Pelo que toca à
ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos disse: 32. Sou o Deus
de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob. Ora, Deus não é o Deus dos mortos,
mas dos vivos. 33. Ouvindo isso, o povo se admirava da sua doutrina.
A ressurreição é a volta
definitiva do Espírito à sua pátria eterna. Verifica-se, quando ele chega a tal
grau de elevação, que não mais se vê obrigado a habitar mundos onde a
reencarnação se opera segundo as leis de reprodução, como ainda se dá na Terra.
Aquele, que haja transposto essa fase de encarnações materiais, não mais pode
morrer.
Quando o Espírito, que
chegou à condição de habitar os mundos superiores, se afasta daquele onde
estiver habitando e retorna à vida espírita, o que então se verifica é apenas
uma mudança de condição; já não se dá a morte no sentido humano em que Jesus
falava e como ainda agora se entende na Terra. Se esse mesmo Espírito tem que
fazer aparição num planeta inferior, qual o nosso, surge aí por incorporação
fluídica, conforme se deu com o Mestre, que, portanto, não sofreu. “morte”, no
significado que essa palavra tem entre nós.
As expressões os anjos de Deus no céu os anjos que estão nos céus aos quais se
assemelharão, se igualarão os mortos, uma vez ressuscitados, e os homens, uma
vez julgados dignos de participar da “ressurreição dos mortos”, uma vez que se
tenham tornado “filhos da ressurreição”, “filhos de Deus”, indicam não só os
bons Espíritos, que galgaram as condições elevadas de que acabamos de falar,
como os puros Espíritos.
Por si mesmas se explicam
estas palavras, que Jesus dirigiu aos Saduceus, com referência à ressurreição
dos mortos: “Não lestes, no livro de Moisés, o que Deus lhe disse na sarça: Eu
sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob? Ora, Deus não o é dos
mortos, mas dos vivos, pois que todos para Ele são vivos. Fazendo que um
Espírito superior dissesse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de
Jacob”, mostrou o Senhor onipotente que Abraão, Isaac e Jacob existiam, estavam
vivos e não mortos. Assim, por aquelas palavras dirigidas a Moisés, Deus
proclamara e Jesus, lembrando-as, proclamava de novo aos Saduceus, aos
discípulos e a todos os homens a sobrevivência da alma, sua imortalidade e sua
individualidade, após a morte do corpo; proclamava a vida permanente e imortal
dos Espíritos, que todos vivem, quer no estado corporal, quer no estado
espírita, sob as vistas do Pai.
O Mestre preparava desse
modo as gerações futuras a compreenderem que a vida espírita é a vida
primordial e normal do Espírito; que o que chamamos “morte” não é mais do que a
cessação, para o Espírito, de um exílio temporário, cujo termo chega quando o
mesmo Espírito se despoja do corpo material que, para ele, não passa de uma
vestidura de provações, de expiação, de progresso, vestidura que apenas
determina uma modificação temporária na sua vida normal. De um modo como de
outro, o Espírito vive sempre sob as vistas de Deus, pois que a morte mais não
é do que um passo mediante o qual ele volta da vida corpórea à vida espírita.
Os Saduceus eram os
materialistas da época. Consideravam Deus como o arquiteto que construiu o edifício:
o homem como a pedra que a ação do tempo reduz a pó.
Não observamos na atualidade
análogas inconsequências? homens que admitem a crença em Deus e negam a
existência da alma e sua imortalidade?
Com relação às palavras que,
segundo o Êxodo, capítulo 3, versículo 6), Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus
de Abraão, de Isaac e de Jacob”, há a observar que Deus, conforme já temos
ponderado, não se comunica diretamente com os homens. O que houve, no caso, foi
uma manifestação espírita. Aliás, não se diz que Moisés viu a Deus, mas que o
ouviu. O Espírito superior, incumbido da manifestação, tomou uma forma
luminosa, não uma forma humana, e produziu uma luz deslumbrante.
Moisés era médium de efeitos
físicos, audiente e vidente. Ainda quando, porém, não o fosse, as coisas
necessariamente se teriam passado da mesma forma. O Espírito superior, que
chegou à perfeição, que se tornou puro Espírito, é senhor da natureza e de
todos os fluídos, deles dispondo à sua vontade, de acordo com as necessidades e
as circunstâncias. Foi com o auxílio de fluídos, de fluídos sônicos e outros,
que aquele Espírito superior realizou a manifestação. Reunindo-os e
concentrando-os, assimilando seu perispírito às regiões terrenas, ele produziu
o som da palavra humana, articulada e uma luminosidade ofuscante, com a
aparência de fogueira, dando lugar aos fenômenos de que trata o Êxodo, capítulo
19, versículos de 16 a 19, e capítulo 20, versículo 19, fenômenos apropriados a
causar forte impressão no povo hebreu, que ainda muito tempo teria que ser
conduzido pelo terror, pois outra maneira não havia de fazê-lo observar a lei,
o Decálogo, transmitido a Moisés no monte Sinai.
Essas manifestações, como
todas as que vêm referidas no Antigo e no Novo Testamento, foram qualificadas
de “milagres”, porque, não tendo e não podendo ter conhecimento das causas de
que derivavam, nem das leis que as regiam, a inteligência humana daquela época
não lograva explicá-las. Hoje, têm que ser reconhecidas e aceitas como simples
fenômenos espíritas, de natureza física, como fatos naturais, conseguintemente,
por todos os que estudam a ciência espírita e experimentam no campo da sua
fenomenologia.
Segue-se daí, e disso
precisa o sacerdócio romano convencer-Se definitivamente, que, se o povo hebreu
só pelo terror podia ser levado a crer em Deus, atualmente assim não é. Para
que o povo tenha a crença no verdadeiro Deus, no Deus de amor, de justiça e de
misericórdia, que Nosso Senhor Jesus Cristo revelou à Humanidade, basta que
sacerdotes inteligentes e moralizados lhe ensinem e façam compreender o
Evangelho em espírito e verdade, imitando por suas obras e exemplos o manso
Cordeiro de Deus.
Amor de Deus e do próximo
34.
Mas os fariseus, tendo sabido que ele fizera calar os saduceus, se reuniram em
conselho; 35. e um deles, que era doutor da lei, para o tentar fez esta
pergunta: 36. Mestre, qual é o grande mandamento da lei? 37. Respondeu Jesus:
Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o
teu entendimento. 38. Este é o maior e o primeiro mandamento. 39. E o segundo,
semelhante ao primeiro, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 40. Toda a lei
e os profetas se contém nestes dois mandamentos.
Amemos o Senhor nosso Deus
acima de todas as coisas: a Ele, origem e vida de tudo o que é, a Ele o pai
bondoso e justo de tudo o que vive, o juiz reto de todas as nossas ações.
Amemos o Senhor nosso Deus
acima de tudo, porquanto nesse amor hauriremos forças para cumprir todos os
nossos deveres, para adquirir todas as virtudes. O amor de Deus é a força da
alma, a quem Ele deu a esperança da vida eterna. É esse amor que nos aquece os
corações, engendra a fé e produz a caridade.
Amemos o nosso próximo como
a nós mesmos, porquanto, se não possuirmos o sentimento grandioso da
fraternidade, não praticaremos os atos a que ele dá lugar, seremos ramos secos.
Do amor a Deus nascem a
submissão, a resignação, a esperança. Praticá-lo consiste em obedecer às leis
divinas. Do amor ao próximo, como a nós mesmos, nasce a caridade, sem a qual
não faremos boas obras.
A caridade está no socorro
que devemos prestar aos nossos irmãos pela nossa inteligência, pelo nosso
coração, pela nossa mão direita, deixando esta a outra na ignorância do que
fez.
Precisamos ser brandos e
humildes, para sermos caridosos, pois que o orgulho afastará de nós o “pobre”,
tornando-lhe penoso, qualquer que seja a Sua pobreza, o auxílio material, moral
ou intelectual, que lhe dispensamos.
Sejamos brandos e humildes,
para sermos caridosos, pois que a brandura e a humildade atraem os mais inacessíveis,
animam os mais tímidos, consolam os mais aflitos, purificam os mais
gangrenosos. Não sejam, porém, somente dos lábios a nossa brandura e a nossa
humildade, porque então já não seremos caridosos.
Nesses
dois mandamentos se contém toda a lei e os profetas,
disse Jesus. Praticando-os, material, como intelectual e moralmente, somos
levados ao cumprimento de todos os nossos deveres no seio da grande família
humana, debaixo de todos os pontos de vista, social, familiar e individual.
Faze
isso e viverás. As obras levam prontamente à vida eterna, a
essa vida em que o Espírito, caminhando nas vias da perfeição moral, não mais
sofre a morte, libertado que está dos laços da matéria, das constrições da
carne.
Replicando, por estas
palavras, à resposta do doutor da lei: “Não estás longe do reino de Deus”, o
divino Mestre sancionou expressamente aquela resposta, em que se proclama coisa
de muito maior valia do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios, do que
todas as fórmulas e todos os cultos, a doutrina que se consubstancia no amor a
Deus e ao próximo; que ensina a adoração do Pai em espírito e verdade, isto é,
no altar do coração, pela prática daquele duplo amor; que demonstra ser essa a
única religião verdadeira, a religião de Deus, a religião universal, que há de
levar o gênero humano à unidade e, pois, à realização de seus destinos, pela
solidariedade na fraternidade.
Citando estas palavras do
Deuteronômio, capítulo 6, versículo 4: “Ouve, Israel: o Senhor teu Deus é o
Único Deus” e dizendo ao doutor da lei: Respondeste sabiamente e: não estás
longe do reino de Deus, Jesus sancionava o que o doutor acabara de dizer, isto
é, que “na verdade, não há senão um só Deus, que outro não há além dele”.
Desse modo recusava, se
eximia de toda divindade como Cristo, proclamando, para base do Cristianismo,
que Deus é uno, indivisível, conforme já o proclamara Moisés para Israel.
Sim, Jesus nunca pretendeu
divinizar-se. Por nenhuma de suas palavras jamais conferiu a si mesmo o titulo
de Deus, ao passo que muitas vezes elas se referem a um Deus único, como, por
exemplo, quando declarou que seu Pai era maior do que Ele; quando se dirigiu a
Deus, por estas últimas e solenes palavras, proferidas pouco antes da hora do
sacrifício: “A vida eterna, porém, consiste em que eles conheçam por único Deus
verdadeiro a ti, meu Pai, e a Jesus Cristo, que tu enviaste”. (JOÃO, capítulo
17, versículo 3). Consultem-se também: Deuteronômio, capítulo 6, versículo 4. Isaías,
capítulo 42, versículo 1. MARCOS, capítulo 12, versículo 29. 1ª Epístola aos
Coríntios, capítulo 8, versículos 4 ao 6.
O Cristo, Senhor de Davi
41.
Como estivessem os fariseus reunidos, Jesus lhes perguntou: 42. Que vos parece
do Cristo? De quem é ele filho? Responderam-lhe os fariseus: De Davi. 43.
Replicou-lhes Jesus: Como é, então, que Davi, em espírito, lhe chama seu
Senhor, dizendo: 44. Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até
que eu tenha reduzido teus inimigos a te servirem de escabelo para os pés? 45.
Ora, se Davi lhe chama seu Senhor, como é ele seu filho? 46. Ninguém lhe pôde
responder palavra, nem mais ousou alguém, desde aquele dia, interrogá-lo.
Fazendo essa observação,
tinha Jesus por fim: 1 dar a ver que nenhum laço carnal o unia a Davi, nem,
portanto, à sua descendência; que não pertencia à Humanidade; 2 mostrar a
distância que havia entre o Espírito de Davi e o do Cristo de Deus.
Quaisquer que fossem a
humildade, a doçura, o desprendimento de Jesus, não devemos esquecer a sua
origem. Ele é o filho de Deus, não como sendo o próprio Deus, mas, como uma das
suas criaturas, filho do Altíssimo. filho
de Deus e irmão dos homens, como qualquer Espírito criado. É nosso irmão,
porém, puro Espírito, Espírito de pureza perfeita e imaculada e, como tal,
nosso Senhor, nosso Mestre.
A questão que Ele propôs aos
fariseus e à qual nenhum pôde responder, só a nova revelação a resolveria
plenamente, porque só ela daria a conhecer, em espírito e verdade, a natureza e
a origem do Cristo, sua missão, sua autoridade, seus poderes com relação ao
nosso planeta e à Humanidade terrestre, o modo e as condições em que se
verificou o seu aparecimento na Terra, para dar cumprimento à sua missão
terrena.
Estas palavras alegóricas:
“Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu reduza todos
os teus inimigos a te servirem de escabelo para os pés, isto é, até que se haja
completado a obra de regeneração, diziam respeito, veladamente, à missão de
Jesus que, com relação ao nosso planeta, ocupa a direita do Pai, por ser, como
é, o encarregado do progresso da Terra, o Espírito que a protege e governa no
tocante à depuração e à transformação física, moral e intelectual da sua
Humanidade.
Elucidações evangélicas. FEB
(e-book).
Nenhum comentário:
Postar um comentário