Vive-se, desde há algum
tempo, a grande transição por que vem passando o Planeta e a sociedade que o
habita.
Repentinamente grandes
mudanças operaram-se em torno dos valores ético-morais, dos comportamentos
sociais e dos relacionamentos humanos, de alguma forma gerando graves
transtornos individuais e coletivos, em face do agravamento da ansiedade e da
culpa que se vêm instalando nos indivíduos.
A liberação sexual, a
igualdade dos direitos da mulher, leis mais justas em torno dos direitos
humanos, respeito à fauna e à flora, mais possibilidades de encontrar a própria
identidade passaram a ser realidades nas últimas décadas do século passado e no
amanhecer deste novo milênio.
Nada obstante, açodados
pelas paixões predominantes em a sua natureza animal, os indivíduos tombaram em
maior volume de agressividade e de despautério, vitimados pela alucinação do
prazer, em total desrespeito à constituição orgânica e aos impositivos da
evolução moral.
Regimes totalitários foram
derrubados e sofrem os últimos estertores agônicos, enquanto outros se ergueram
em algazarra de falso triunfo, no mesmo momento em que a fome e as epidemias
devoram milhões de vidas inermes, ensejando que o sofrimento estiole os
corações.
Adaptações geológicas têm
ocorrido, produzindo terríveis cataclismos, enquanto o progressivo aquecimento
do Planeta e a poluição desmedida do ar, das reservas de água, ameaçam de
extinção a diversidade de expressões de vida, inclusive a humana...
Sucede que o veloz
desenvolvimento científico e tecnológico não tem sido acompanhado por igual
crescimento de natureza moral, atormentando aqueles mesmos que o promovem, e
que, para enfrentarem os volumosos desafios disso decorrentes, robotizam-se,
perdendo a identidade, fugindo para o desespero ou para a exorbitância dos
prazeres, como mecanismos de neutralização da consciência ante os torpes
acontecimentos.
Esses fenômenos, no entanto,
fazem parte do processo da transformação que se opera na Terra, trabalhando as
condições definidoras do futuro, quando a dor deixará de ser o instrumento
hábil para o despertamento das responsabilidades morais e sociais dos
Espíritos, convidando-os às reflexões de amor e de auxílio mútuo entre todos.
Simultaneamente, os
transtornos de conduta e as obsessões campeiam em desvario, ceifando vidas, ou,
pelo menos, desarmonizando mentes e sentimentos que são alcançados sem o
necessário suporte de forças para a superação que se impõe.
Sem dúvida, são muitas as
glórias do engenho do pensamento através das conquistas logradas, alterando
completamente a paisagem terrestre, ao tempo em que, também, são incontáveis os
desassossegos que irrompem em toda parte, gerando sofrimento e pânico em
progressão imprevisível.
...E o ser humano, que
poderia encontrar-se feliz ante as realizações valiosas que lhe assinalam estes
dias de deslumbramento da inteligência e de ambições emocionais, peregrina
triste, quase sucumbido ante o peso das inquietações que o assolam.
A alegria vem-se
transformando em algazarra e o sorriso em esgar, quando não em máscara
elaborada para ocultar os inquietantes estados íntimos.
A coragem de lutar e de superar os impositivos decorrentes do despreparo para enfrentar os males que se tem causado diminui, na razão direta em que o consumo de álcool, de drogas, as fugas espetaculares de todo porte aumentam vertiginosamente, numa voragem assustadora.
É imprescindível, porém,
deter-te na desorganizada correria para o nada, em reflexão a respeito da
coragem.
Coragem não é somente a
intempestiva reação do desespero, que se anota como sendo de alto valor físico
ou moral, mas é a capacidade de enfrentar situações calamitosas e assustadoras,
sem desânimo, apesar desse mesmo desespero.
A coragem física, nos padrões
convencionais, resultado de anteriores conflitos do lar, de medos ocultos, de
agressões sofridas na infância, muitas vezes não passa de arrogância que
intimida e recebe aplauso da insensatez.
A verdadeira coragem moral
deve predominar no comportamento, convidando ao equilíbrio e à alegria de
viver.
O exibicionismo, que passa
como vitória, e a prepotência, que ameaça, na maioria das vezes são
necessidades de valorização do ego com enormes prejuízos para si mesmo.
Enquanto que a coragem moral é o desafio para a consideração positiva e a ação
dignificadora dos acontecimentos em torno dos valores éticos e espirituais que
os caracterizam.
Dessa forma, é necessário
que tenhas coragem de reconhecer os teus limites, deficiências e dificuldades
de maneira honorável. Nem uma postura extravagante de autocomiseração, nem a
audácia presunçosa de que és irretocável.
A coragem vem sempre
associada à humildade que faculta a perfeita identificação do indivíduo com os
seus valores reais, em face do autoconhecimento de que se tornou possuidor.
Assim sendo, supera o medo
da vida, isto é, o receio dos conflitos, das necessárias provações que
fortalecem o caráter e desenvolvem os sentimentos, aprimorando o Espírito,
assim como o da morte, que se denominou como sendo a perda da identidade, a
submissão aos afetos, a dependência de outrem...
Quem aprendeu a ser livre
não se encarcera facilmente, tampouco aprisiona outrem, estando em condições de
arrostar consequências, sejam quais forem, pelas decisões tomadas em clima de tranquilidade.
Torna-se, portanto, urgente,
neste momento de crises existenciais e de descalabros morais, que te imponhas
uma cuidadosa autoanálise a respeito do comportamento que te permites,
desenvolvendo a coragem de amar, de lutar por ideais de engrandecimento pessoal
e social, encontrando alegria de viver e de desenvolver as aptidões divinas em
ti adormecidas.
Obtempera com cuidado antes
da tomada de decisões pela mentira e pelos encantos da fantasia, armazenando
equilíbrio e dever em relação à vida.
O mundo não se encontra,
porém, à matroca.
A grande transformação
vem-se operando conforme planos sábios.
Não invistas na estratégia
do viver apenas por agora, porque continuarás vivendo, queiras ou não o
queiras, após cessado este momento.
Reflexiona antes de agires,
atendendo aos impositivos da evolução.
Estás na Terra para a
realização de tarefas próprias, que não podes relegar a plano secundário ou
ignorá-las.
Desperta do letargo e age no
bem, libertando-te da canga da futilidade e da insensatez, agindo com prudência.
É tempo ainda de imprimires
rumo novo à existência.
Não passarás incólume pela
tempestade, pois que não existem privilégios.
Tem tento!
Iluminando-te interiormente
com a chama da fé, vencerás a grande noite.
Semeia hoje misericórdia e
compaixão, a fim de poderes colher no futuro afeição e paz.
Se estás, porém, sob os
camartelos de algum drama existencial, ora e age no bem, reservando ao futuro
alegria e realização superior.
Só o amor, conforme o
lecionou Jesus, pode diluir os dramas existenciais do momento, facultando-te
esperança de felicidade.
(Página psicografada pelo
médium Divaldo P. Franco, na sessão mediúnica da noite de 1º de novembro de
2004, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
Fonte: Reformador, ano 124, nº 2.122, janeiro 2006, (e-book).
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