O livro dos espíritos. Q. 946

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO I – PENAS E GOZOS TERRESTRES

Desgosto da vida. Suicídio

946. E do suicídio cujo fim é fugir, aquele que o comete, às misérias e às decepções deste mundo?

“Pobres Espíritos, que não têm a coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aos que sofrem e não aos que carecem de energia e de coragem. As tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados! Ai, porém, daqueles que esperam a salvação do que, na sua impiedade, chamam acaso, ou fortuna! O acaso, ou a fortuna, para me servir da linguagem deles, podem, com efeito, favorecê-los por um momento, mas para lhes fazer sentir mais tarde, cruelmente, a vacuidade dessas palavras.”

a) - Os que hajam conduzido o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as consequências de tal proceder?

“Oh! Esses, ai deles! Responderão como por um assassínio.”

Fugir do mundo

Os que praticam o suicídio com a intenção de fugirem do mundo, estão iludindo a si mesmos, porque ninguém escapa da ação da lei de justiça. Onde quer que seja, estamos nos braços de Deus, recebendo o Seu amor, da forma que mais necessitamos.

O suicídio é uma covardia da alma que não tem coragem de assumir seus atos, ou sua condição. Dentre a humanidade, se encontram Espíritos de todas as escalas evolutivas, fazendo coisas e copiando procedimentos dos outros, até que o tempo possa levá-los ao amadurecimento, fazendo-lhes compreender as verdades espirituais, capazes de conduzi-los à compreensão das leis, passando a ser mais felizes em todos os seus trabalhos, em todas as suas diretrizes na vida.

A ideia de fugir do mundo para fugir dos sofrimentos é pura ilusão, porque o sofrimento não é no corpo físico, é falta de harmonia na mente, e onde a mente vai os infortúnios acompanham. No caso do suicídio, piora a situação de quem o pratica.

Convém saber que precisamos com urgência, tanto nós do mundo espiritual, quanto as almas ainda envolvidas na carne, de harmonia na consciência, para que todos os corpos encarregados de auxiliarem o Espírito na sua jornada recebam do fulcro central de energias as bênçãos da tranquilidade.

Chegou o momento dos escolhidos pela maturidade darem mais atenção às mensagens que a mediunidade com Jesus oferece, no sentido de se educarem instruindo as criaturas, colocando o bem em prática. Este é o remédio para todos os males. Os corpos espirituais obedecem à engrenagem mental da alma, como o carro ao motorista e o cavalo ao cavaleiro.

Àquele que é induzido ao suicídio e o pratica cabe a maior culpa, por existir dentro dele aquele desejo ardente de fugir das responsabilidades que Deus lhe confiou. Se tudo que acontece for processo de despertamento da alma, cabe aos que acordaram se esforçarem para se livrar das insinuações do mal, buscando em outras fontes do bem, orientações acertadas.

Jesus é a fonte de todo amor e nunca deixa de orientar as ovelhas que O procuram com sinceridade. Ele chegou ao mundo na hora certa, servindo, como sempre, de guia para os que desejam melhorar e que assim possam entender a Sua palavra, começando no esforço do que foi dito por Ele.

E ao ensinar dizia ele:

Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças. (Marcos, 12:38)

Começa o Mestre a ajudar as criaturas a combaterem a vaidade, para que depois possa agir por outros meios de se aprimorar, selecionando qualidades e exercitando o amor, do nível mínimo ao máximo e sempre na intimidade do coração.

Todos os suicídios nascem sob a influência das paixões, que se apresentam por variadas formas no campo imenso da mente. Primeiro formam-se as ideias, depois passa-se à vivência. As insinuações de fora fortalecem o que já se encontra por dentro. A alma é um mundo, é força de Deus que comanda os corpos, mas passa para eles seus mais íntimos sentimentos, dando-lhes vida ou violentando sua harmonia. São sementes por cujos frutos responderemos.

Quem começa a pensar no suicídio está a caminho dele, e quando não o pratica, ajuda a quem pensa do mesmo modo nessa nefasta realização. Somos legiões de Espíritos que trabalhamos com Jesus para limpar a mente dos homens de pensamentos inferiores. Cada pensamento é pai de uma ideia, que vive dentro e fora de onde nasceu, com os pendores dos sentimentos, nos quais foi criada, como semente de vida que irradia.

Estás na época das colheitas mais acentuadas, no momento de educar os pensamentos, para que possas viver em paz contigo mesmo. Não percas a paciência nas lutas, porque quem se esforça nas diretrizes do bem é ajudado pelos agentes da verdade a vencer as investidas das trevas, ganhando a luz do entendimento. Não deves pensar em fugir do mundo pelas portas ilusórias do suicídio, mas suportar com paciência o peso da cruz, como Jesus nos ensinou, carregando o madeiro e perdoando a todos os Seus perseguidores até o ponto final da lição de amor.

Lembremo-nos sempre que todos, sem exceção, temos assistência permanente de Deus, por sermos Seus filhos, gerados na intimidade da Sua vida.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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