O livro dos espíritos. Q. 956

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO I – PENAS E GOZOS TERRESTRES

Desgosto da vida. Suicídio

956. Alcançam o fim objetivado aqueles que, não podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir juntar-se-lhes?

“Muito diverso do que esperam é o resultado que colhem. Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo, pois não é possível que Deus recompense um ato de covardia e o insulto que Lhe fazem com o duvidarem da Sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições maiores do que as que pensaram abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam.” (934 e seguintes)

Suicídio por apego

O suicídio por apego é um tanto ou quanto possível por obsessão, sendo praticado às vezes por sugestão. Deus não pode aceitar determinação do homem; Ele, o Todo Poderoso, é que faz as leis e não pede aos Espíritos opiniões sobre os destinos dos seres.

Matar-se por querer unir-se a outrem, por apego ou ciúme, é ignorância que não corresponde à lei, que nos ordena esperar até o dia em que a bondade divina queira. Tirar a vida em busca de companhias espirituais é violentar o modo de atingir os destinos. A culpa é bem grande e o castigo também, sendo que, em vez de nos juntarmos aos ser que pretendíamos encontrar, podemos passar maior tempo distanciado dele, corrigenda essa que nos educa para o futuro, visto que ficará na nossa consciência a lembrança e nunca mais praticaremos essa invigilância.

Muito diverso do que se espera, é, pois, o resultado que se colhe, quando praticamos esse ato indigno. Iremos em sentido diverso ao que almejávamos; em vez de nos reunirmos com o objetivo amado, passamos para o outro extremo, dificultando ainda mais a união.

É justo e meritório que soframos a perda do ente querido com paciência, trabalhando e amando, entendendo a caridade e fazendo-a aos nossos semelhantes, perdoando os companheiros, esquecendo suas faltas e procurando, com isso, ir aparando as nossas próprias arestas, para que no dia em que formos chamados para o mundo espiritual possamos, se não nos juntarmos ao ente querido, pelo menos auxiliarmos com as nossas possibilidades, que ganhamos pela educação e respeito às leis de Deus.

Já falamos alhures muitas vezes que ninguém engana a Deus. Ele, o Supremo Mandatário do universo, está presente em todos os lugares, por poderes que por vezes duvidamos.

Porém, muitos primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros. (Mateus, 19:30)

Os que buscam por meios ilícitos fugir da vida para encontrar os que lhe são caros no mundo espiritual, como primeiros serão os últimos, e o últimos, por terem tido paciência de esperar, serão os primeiros a reencontrarem aqueles que partiram para o mundo espiritual.

Não deves romper a divisa entre os dois mundos pela violência; esperar o dia marcado por Deus é o mais acertado, se queres paz na consciência. O que podes ou queres fazer sem a ajuda de Deus? Nada, pois para tanto Ele faz leis, no sentido de lhes obedecermos e o obediente é sempre feliz. A criatura que não pode se conformar com a perda do companheiro ou companheira, filhos ou parentes, e pratica o suicídio, passa a ser covarde e a covardia assinala ignorância, sendo o resultado drástico para quem o pratica.

Cuida da tua vida na Terra, observando as leis naturais que regem o corpo físico; pois ele é um tesouro que Deus te deu, capaz de te mostrar o caminho certo para a paz de consciência. Não percas a paciência com possíveis acontecimentos; resiste a tudo com ponderação, trabalhando sempre no bem comum, de modo que o amor seja a tua baliza, na vida e mesmo na morte.

Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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