AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL
As virtudes e os vícios
903. Incorre em culpa o
homem, por estudar os defeitos alheios?
“Incorrerá
em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com
a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo
poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a
indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade.
Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão
dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que
criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele.
Se lhe censurais a ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes
e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede
grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não
vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o argueiro no olho do seu vizinho
e não vê a trave no seu próprio.”
Desejos alheios
Não é justo nos preocuparmos com os defeitos alheios no sentido vulgar, procurando menosprezar os valores de outrem. Somente nascem essas ideias na mente incapaz de experimentar o amor, de quem não se lembra dos ensinamentos de Jesus a nos ensinar a benevolência.
Cada criatura é um mundo em
particular; toda alma é um campo de plantio, onde o que se semeia, germina,
onde o cuidado multiplica, onde o que se abençoa, aumenta. Quando procuramos
nos interessar em divulgar os erros dos outros, os nossos se escondem,
prejudicando muito nossa ascensão espiritual.
Incorreremos em grande
falta, se colocarmos à vista as falhas alheias, como críticos. As leis nos
cedem esse exame nos outros, se a intenção for de aprendermos, sem que outros
participem, por simples prazer, da nossa especulação. Em cada alma, na faixa em
que se encontra na Terra, existem muitas arestas a serem aparadas, e isso
somente os seus portadores podem fazê-lo.
Não deves criar problemas
para os teus irmãos; cuida de ti mesmo. Assim fazendo, a tua vida será melhor.
Deves desentulhar gradativamente tua consciência das chamas que o passado
concentrou, que em todos esses esforços aparecerão mãos invisíveis para te
ajudar em nome de Deus, pelos canais do Cristo.
Estudando os outros com a
finalidade de melhorar, serás bem aventurado, desde quando o silêncio seja teu
companheiro em todos os aspectos das observações. O mais difícil de ser
conhecido no mundo é a própria alma; o obstáculo mais difícil de vencer é
educar a si mesmo, em todas as suas etapas evolutivas. O nosso maior dever é
fortalecer em nós a indulgência para com os outros. Esse é o ponto alto de um
coração iluminado. Os nossos irmãos são filhos de Deus, com os mesmos direitos
e deveres no certame da vida.
A indulgência é a caridade
em brilho maior, que abre os melhores caminhos para quem a possui. Ajusta a tua
mente na mente de Jesus, que a verdade aproximar-se-á com mais evidência dos
teus caminhos. Antes de censurares as imperfeições dos outros, olha o que estás
fazendo da vida, que a tua consciência em Cristo responderá, na luz do Seu
amor. Geralmente os defeitos que criticas, tu os possuis com fartura. Se a
honestidade clarear a tua mente, notarás a justiça te indicando outros caminhos
a serem percorridos, de maneira que a luz te leve à paz.
Se queres ser superior, não
exponhas as faltas alheias; eleva-te pelo amor, engrandece-te pela fraternidade
e a gratidão aos que te rodeiam. Somente Jesus veio nos trazer e mostrar pelos
exemplos o que devemos fazer com mais acerto, para nos tornarmos livres.
A vida, em muitos aspectos,
e os meios que te encontram na estadia passageira, te incentivam para o
orgulho, para a vaidade e o egoísmo. Mas, se o Cristo já nasceu em teu coração,
faze a tua parte na corrigenda de ti mesmo, acendendo a luz das virtudes, para
que sejas teu próprio sol, em toda a extensão da vida.
Quando estamos fora da lei
de Deus e queremos modificar nossas vidas, encontramos tropeços em todos os
passos. É Marcos que nos diz, anotado no capítulo quatorze, versículo setenta e
um:
Ele, porém, começou a
praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais!
Mesmo sendo o discípulo da
confiança do Mestre, a natureza interna de Pedro rejeitou a firmeza em entregar
de imediato a sua vida em favor da verdade. Assim somos todos nós; quando
abraçamos a verdade internamente, por vezes inconscientemente rejeitamos a luz
que iria nos tornar livres.
Ser grande em toda as nossas
ações, não é pelas ações grandes; é pelo amor que nos move no bem que estamos
fazendo. Seja apenas uma palavra, que ela esteja imantada de amor ao ser
pronunciada em favor dos outros. Respeitar os direitos alheios é ter
consciência dos nossos, e compreender que saímos todos da mesma fonte de vida.
Fonte:
O livro dos Espíritos.
Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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