ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
923. O que para um é
supérfluo não representará para outro, o necessário, e reciprocamente, de
acordo com as posições respectivas?
“Sim,
conformemente às vossas ideias materiais, aos vossos preconceitos, à vossa
ambição e às vossas ridículas extravagâncias, a que o futuro fará justiça,
quando compreenderdes a verdade. Não há dúvida de que aquele que tinha cinquenta
mil libras de renda, vendo-se reduzido a só ter dez mil, se considera muito desgraçado,
por não mais poder fazer a mesma figura, conservar o que chama a sua posição,
ter cavalos, lacaios, satisfazer a todas as paixões, etc. Acredita que lhe
falta o necessário. Mas, francamente, achas que seja digno de lástima, quando
ao seu lado muitos há, morrendo de fome e frio, sem um abrigo onde repousem a
cabeça? O homem criterioso, a fim de ser feliz, olha sempre para baixo e não
para cima, a não ser para elevar sua alma ao infinito.” (715)
Diversidade
Há no mundo diversidade em
tudo que se vê, em tudo o que se sente e em tudo o que se usa. É
imprescindível, por isso, crer em uma Inteligência Superior que comanda a tudo
na extensão infinita da criação.
Não existe desarmonia na vida; pode-se dizer que a desarmonia é psicológica, na mente ignorante dos homens. Os acontecimentos, no que diz respeito ao mal, são para nos educar, com o objetivo de nos instruir. Não existem erros na direção dos nossos destinos.
Quando falamos dos homens,
não somente nos referimos aos encarnados, mas também aos Espíritos ainda
humanizados, envolvidos nas faixas das paixões inferiores ou sujeitas a elas.
“Em tudo dai graças, porque
esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. (Paulo, l Tessalonicenses.,
5:18)
Devemos certamente dar
graças por tudo, mas não nos esquecermos de compreender os acontecimentos,
deles tirando as lições que nos cabem guardar no coração. A diversidade que
existe em tudo é sobretudo a Inteligência Suprema nos ajudando na posição em
que nos encontramos na pauta do tempo. Cada criatura encarnada ou desencarnada
encontra-se em um degrau e a diversidade é, pois, para atender a todos na faixa
que a evolução de cada um escolheu para viver.
Notamos, estudando as vidas
das criaturas, como elas se sentem na posição a que o seu destino as levou e
nas mudanças que sempre ocorrem. Eis aí como compreender o estado a que chegou
a alma.
Quando a alma muda de vida
para pior, no campo dos bens materiais, sempre surge a revolta por lhe faltar
aquilo que tinha, por vezes, com abundância. Ela não sabe suportar as
dificuldades a que muitos se acostumaram, pelo correr de toda uma vida, e as
mudanças são necessárias para o aprendizado. Há uma variação indescritível nas
criaturas, no que elas devem passar como teste das suas qualidades.
Estamos falando mais
acentuadamente com o espírita, porque ele deve conhecer muitas leis que os
outros ignoram, deve estar preparado para suportar todas as modificações que a
vida pode lhe trazer, sem revolta, sem injuriar e sem murmurar, porque Deus
sabe o que faz.
Dá graças em tudo, tirando
proveito das lições que o Pai te envia. Se Deus colocou em tuas mãos a fortuna,
ela é um tesouro que deve ser bem administrado, como utilidade para os que
sofrem. Se Deus tirar das tuas mãos essa riqueza, dá graças assim mesmo, porque
Ele sabe o que fazer das nossas vidas. Pobreza e riqueza são mutáveis, de modo
que a espiritualidade maior tem consciência do que deve ser para o nosso melhor
adiantamento.
Qualquer coisa que acontecer
com a alma envolvida na carne tem uma razão de ser, e se chegamos às raias da
blasfêmia, interrompemos a lição, complicando o nosso despertamento espiritual.
As lições do Evangelho são claras neste sentido, mandando dar graças por tudo,
não escolhendo por que dar graças.
As provações dos outros são
um chamado à nossa consciência, no sentido de os ajudarmos a carregar a sua
cruz. Jesus é misericórdia e tudo fez para aliviar o fardo dos sofredores e
suavizar o jugo dos que padecem, nos mostrando que deveremos fazer o mesmo.
Sabemos da utilidade dos sofrimentos, mas, somente Deus sabe quem precisa
sofrer e manda Seus agentes de luz para ajudar no alívio dos companheiros em
provas. Nós outros, como instrumentos do bem, recolhemos muitas lições de amor
e de como amar aos que caminham conosco.
Há, certamente, diversidade
de tudo, até da própria felicidade relativa na Terra. Ela obedece a uma escala
e o que a conquista o faz pelo seu próprio esforço. O despertamento das almas é
uma lei do progresso, no entanto, é bastante lenta. A aceleração depende dos
nossos esforços no aprendizado, e esse método Jesus ensinou com eficácia no Seu
Evangelho de luz, no amor, na caridade e no perdão, para que cresça nos nossos
roteiros a verdadeira fraternidade, em comunhão com a fraternidade universal.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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