ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Desgosto
da vida. Suicídio
952. Comete suicídio o homem
que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém
a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras
necessidades físicas?
“É
um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado?
Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de
Deus.”
a) - Será mais, ou menos,
culpado do que o que tira a si mesmo a vida por desespero?
“É
mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Naquele que o
faz instantaneamente, há, muitas vezes, uma espécie de desvairamento, que
alguma coisa tem da loucura. O outro será muito mais punido, por isso que as
penas são proporcionadas sempre à consciência que o culpado tem das faltas que
comete.”
Vítimas de paixões
O ser humano, vítima de
paixões que ele mesmo desenvolve na sua vida, pratica um suicídio, à procura da
sua própria satisfação material que, no entanto, são ilusões passageiras que
não o levam a nada de concreto para a sua paz espiritual. Esse é, pois, um
suicídio moral, capaz de embotar a alma para o conhecimento da verdade, e traz
consigo consequências desastrosas no campo da mente, que irão refletir-se no
soma.
O homem é duplamente culpado
pela falta de resistência na escolha das decisões e pela falta de fé no
Criador, todavia, Deus, o Todo-Amoroso e Santo, usa todas as oportunidades como
lições em que o Espírito poderá entender seus desvios, palmilhando depois por
caminhos mais acertados, onde o bem e o amor consubstanciam-se em caridade que
lhe podem salvar.
O suicídio moral, que tem
suas raízes nas paixões interiores, é bem pior que o violento, no qual a vítima
quase não pensa e é quase um ato de loucura. Não obstante, suicídio é sempre
suicídio, embora cada qual tenha o seu peso de responsabilidade. Convém notar
que a alma despertada deve compreender o valor da oração e da vigilância, para
não cair nessas tentações.
O suicida moral tem tempo de
refletir sobre seu ato, é por isso que ele é mais culpado pelo que faz da sua
vida física. A Doutrina dos Espíritos é um amparo para toda a humanidade, por
trazer ao homem com tendência suicida, por intermédio da mediunidade, as
experiências dolorosas dos desertores da vida, servindo-lhe de sinal vermelho,
ponto de meditação. Quantos e quantos deixaram de praticar o suicídio, lendo
essas mensagens!
Ajudemos a quem tem ideias
de cortar o fio da vida na carne pensando fugir ao sofrimento. Isso constitui
ilusão; os sofrimentos duplicam, porque a consciência é um tribunal implacável,
a cobrar do suicida a todos os momentos, sem piedade. Porém, Deus é tão bom que
favorece a eles a oportunidade de novas reencarnações para se refazerem e se
limparem dos fluidos drásticos das revoltas no campo dos sentimentos.
A culpa dos suicidas é
proporcional aos sentimentos que os acompanham neste gesto nefando. Por vezes,
alguém se suicida pensando que a sua atitude ficará em segredo. Como se engana!
Nada há secreto que não venha a ser conhecido. Deus tem condições de registrar
tudo no livro da vida, para depois nos mostrar, de modo que sirva de lições
para o nosso adiantamento espiritual.
Nada há oculto, que não haja
de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado.
(Lucas, 8:17)
Como esconder, se Deus está
em toda parte, com todos os meios que desconhecemos, para registrar os nossos
feitos? Somente iludimos a nós mesmos. Somos vítimas das nossas paixões em
todas as circunstâncias em que as praticamos. Somente a verdade ficará de pé;
as mentiras são ilusões, para nos dizer que existe a verdade.
Toda culpa, devemos repetir,
é proporcional à falta, assim na Terra, assim no mundo dos Espíritos. Nós
outros, aqui no mundo espiritual, estamos igualmente trabalhando para o
aperfeiçoamento e a cada passo aprendemos algo que nos mostra a distância que
estamos da perfeição. Pensamento reto e vida reta, somente o tempo e os nossos
esforços podem nos conferir.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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