AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL
As virtudes e os vícios
904. Incorrerá em culpa
aquele que sonda as chagas da sociedade e as expõe em público?
“Depende
do sentimento que o mova. Se o escritor apenas visa produzir escândalo, não faz
mais do que proporcionar a si mesmo um gozo pessoal, apresentando quadros que
constituem antes mau do que bom exemplo. O Espírito aprecia isso, mas pode vir
a ser punido por essa espécie de prazer que encontra em revelar o mal.”
a) - Como, em tal caso,
julgar da pureza das intenções e da sinceridade do escritor?
“Nem
sempre há nisso utilidade. Se ele escrever boas coisas, aproveitai-as. Se
proceder mal, é uma questão de consciência que lhe diz respeito,
exclusivamente. Demais, se o escritor tem empenho em provar a sua sinceridade, apoie
o que disser nos exemplos que dê.”
Sondagem das chagas sociais
Aquele que sonda as chagas da sociedade para ajudar aos outros no silêncio dos seus escritos, sem motivar a corrupção, está ajudando de maneira cristã as almas em formação para a grande missão do amor.
Entretanto, quem estuda os
defeitos de uma sociedade no sarcasmo da prepotência, divulgando-os em revistas
e jornais, como em outros meios de comunicações existentes, esse Espírito é um
malfeitor que deve ser, e será, corrigido pela própria natureza.
Existem muitos desses no mundo,
que entregam a vida ao serviço do mal, que já existe em abundância na Terra.
Mas, em parte a culpa é da própria sociedade, que exige esse corrosivo como
alimento. Há leitores de jornais e revistas, os que assistem à televisão e
ouvem rádios, exigem escutar notícias de violência e sofrimento, e como
espectadores das trevas, se encontram sempre envolvidos por elas.
A obsessão é uma verdade,
difundida em todos os meios, porém, ela somente se expressa onde encontra
sintonia de sentimentos, capaz de provocar a simbiose das ideias na
configuração dos atos. Se queres livrar-te das companhias indesejadas das
entidades malfeitoras, sai da sua faixa. Jesus nos ensinou que se vivermos no
bem, somente o bem nos dominará. Assim será com o amor, assim com a caridade.
Podes e deves sondar as
chagas da humanidade, mas desde que essa sondagem te sirva para ajudar aos
outros, motivando na sociedade o viver retamente. Os escritores têm muito
domínio sobre a massa dos leitores. Essa oportunidade é grandiosa, a de
insuflar nas almas pensamentos de justiça, de gratidão e amor, de respeito às
criaturas e de esperança aos sofredores. Podes conhecer os desvios da
sociedade, mas no afã de participar com o mundo espiritual na educação dos que
se encontram na carne, esgotando seus carmas e enriquecendo a vida nos deveres
que vierem a realizar.
O homem é dado à pesquisa,
mas Jesus veio nos ensinar como pesquisar. Devemos conhecer os fundamentos do
mal, porém, não divulgá-lo como fonte de prazer. Quando lemos alguma coisa ou
ouvimos determinados assuntos, criamos imagens, que passam a ser nossas filhas
e, se permitirmos que elas se desenvolvam, passarão a nos perseguir, pois
sempre tornam à casa paterna, como o filho pródigo o fez.
A Doutrina dos Espíritos,
sendo o Cristo voltando a nós com os braços abertos, tem o condão de nos
revelar a verdade mais acentuada sobre a vida da alma, para que ela seja mais
feliz, integrando-se na felicidade dos anjos. Aos espíritas, falamos verdades
maiores, por estarem eles mais preparados para ouvi-las.
Não percas essa oportunidade
de agora, pois são fases decisivas na tua vida. Lembra-te que o Evangelho
Segundo o Espiritismo nos fala: Fora da Caridade não há Salvação. Ele se refere
à caridade em todos os rumos das suas vidas, e faze-a melhor a ti mesmo, iluminando
todos os teus sentimentos, acendendo o amor e a caridade no teu coração, para
que a tua consciência seja a consciência do próprio Cristo de Deus. A salvação
depende de 'cada um e, é certo, muito mais de Deus, Fonte de Vida de todas as
vidas da criação. Podes vir a conhecer tudo, mas nem tudo pode ser conhecido
agora.
Não precisas te imiscuir na
vida dos escritores para conheceres suas intenções; basta leres seus livros,
que te certificarás dos seus sentimentos mais profundos. O escritor tem em suas
mãos um instrumento poderoso de ajudar, ou, certamente, de destruir. Tudo
depende muito do modo pelo qual sente e pratica seus dons de mostrar com as
letras o que vê na sociedade. Para eles, diremos que devem sondar com muita
acuidade suas próprias chagas, para depois observar as dos outros, e saber com
Jesus como convém falar. Marcos, no capítulo quinze, versículo quatro, nos diz
o seguinte, para maior elucidação:
Tornou Pilatos a
interrogá-lo:
Nada respondes?
Vê quantas acusações te
fazem?
Mesmo que o escritor seja
acusado por ensinar o bem, em muitos casos deve silenciar-se diante dos
ignorantes, mas continuar escrevendo, divulgando a harmonia da vida em todas as
formas possíveis, mostrando que fora do amor não há solução para os problemas
da sociedade.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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