O livro dos espíritos. Q. 969

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Natureza das penas e gozos futuros

969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?

“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque o veem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo. Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”

Gozo dos espíritos puros

O que se deve entender sobre a contemplação dos puros Espíritos em torno de Deus, que as velhas e carcomidas filosofias teológicas ensinam, são alegorias, sugestionadas pela percepção intuitiva que têm, pelas faculdades que possuem, no entanto, não sabem interpretar as belezas da criação.

Os Espíritos cantam louvores a Deus, mas é na execução do trabalho em que se empenharam, na disseminação da harmonia universal. Vejamos que a própria natureza, em todos os seus departamentos de vida, canta louvores, desde o átomo até as galáxias, todavia, o seu canto é dinâmico, avançando, por ser o cinetismo lei universal.

Nada há no universo sem movimento; se nada para, como os Espíritos puros, que chegaram à perfeição, poderiam ficar somente contemplando o Criador? O próprio Jesus disse que o Pai trabalhava sempre e que Ele operava constantemente. Corro parar? Esses agentes de Deus, de quem tanto falamos, são Espíritos altamente identificados com o Pai, e que viajam por toda a criação, com destinos que os homens desconhecem, levando a verdade e sustentando a fé e a ciência em todos os ambientei Eles trabalham mais do que pensas, pois são co-criadores da eternidade.

Aos homens que receberam corpos materiais, dizemos com muita alegria e amor a todos, que comecem seu despertamento em seus lares, entendendo-se uns com os outros e preparando, se esse for o caso, seus filhos, para os grandes trabalhos do futuro. Àqueles que não tiveram a oportunidade de reunir-se em um lar com cônjuge e filhos, que abracem outros trabalhos e sigam avante.

Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para a tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti. (Marcos, 5:19)

O que devemos entender sobre isso? Que devemos sempre estar presentes no lar e anunciarmos sempre o bem que recebemos do Senhor, no sentido de estimular os companheiros de jornada para a crença nas coisas espirituais. O lar, tornamos a dizer, é a célula da sociedade. Procura viver bem dentro dele, que essa harmonia se irradiará para todo o teu caminho. Adora a Deus, e podes mesmo adorar a Jesus, mas, faze o que Ele sempre faz; trabalha constantemente, por dentro do coração e por fora, para que possas adorar em Espírito e verdade ao Criador de todas as coisas.

Felicidade, somente se faz e se sente no labor do bem, no amor sem fronteiras e na caridade que sempre salva. Se os homens já descobriram no trabalho a base da própria vida, do bem-estar social, como poderiam os anjos do Senhor ficar na inércia?

O trabalho dos Espíritos puros, não cabe à mente humana entender. Os seus pensamentos, educados na harmonia divina, se irradiam com mensagens por toda a criação, e os seres menos despertos absorvem alguns raios das suas poderosas mentes; aí, tudo melhora.

Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário