ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Desgosto
da vida. Suicídio
951. Não é, às vezes,
meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de
outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?
“Isso
é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não
constitui suicídio. Mas, Deus se opõe a todo sacrifício inútil e não o pode ver
de bom grado, se tem o orgulho a manchá-lo. Só o desinteresse torna meritório o
sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui
o valor aos olhos de Deus.”
A.K.:
Todo
sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um ato soberanamente
meritório aos olhos de Deus, porque resulta da prática da lei de caridade.
Ora, sendo a vida o bem
terreno a que maior apreço dá o homem, não comete atentado o que a ela renuncia
pelo bem de seus semelhantes: cumpre um sacrifício. Mas, antes de o cumprir,
deve refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.
Salvar a outrem
É meritório sacrificar a
vida em favor de outrem, quando a intenção realmente é essa, todavia perder-se
uma vida para salvar outra, não apresenta vantagem, em se falando de soma do
bem. Ainda que a intenção seja valiosa, esta forma de socorro pode ser
considerada suicídio, de certa forma mais brando, pois é contrário à lei de
amor.
Compete analisar bastante
esse ato e compreender que existem muitos meios de ajudar, sem se destruir. A
mãe que se priva da alimentação, para saciar a fome do filho, a que fica sem
agasalho, para cobrir a criança, a outra que protege seu filho das agressões
voluntárias, fazem um ato de amor, e aí não se caracteriza o suicídio lento.
Tudo depende dos sentimentos
das criaturas; todos os seus atos são julgados pelas intenções que os
sustentam. Existem muitos meios de se sacrificar os desejos, geralmente
inúteis, em favor da própria família, o que realmente deve ser feito. Assim,
deixar de fumar para comprar o leite, de beber para comprar o pão, e das
extravagâncias em geral para garantia do teto, são sacrifícios louváveis, que
não trazem o bem somente para os que são beneficiados, mas também para si
mesmo, em se livrando dos vícios. Igualmente, o sacrifício das paixões, estes
devem ser feitos para a glória da própria vida.
No fundo mesmo, ninguém
salva ninguém; a cada um são dados os meios de se salvarem, rumando para a vida
maior. A tua posição, estimado companheiro, depende de ti mesmo. Todos andamos
em conjunto, contudo, cada alma tem seu trabalho na realização do autoaperfeiçoamento
espiritual. Sacrifício não subentende suicídio e se torna sublimação do
Espírito. A vida na carne está cheia de tentações de todos os tipos; basta
analisarmos, que logo reconheceremos essas tentações, porém, cabe a nós outros,
quando nela, nos policiarmos nas boas intenções, no trabalho na caridade e no
serviço diário, que as mãos de Jesus aparecerão em nosso favor, a nos defender
das investidas das trevas.
E eis que lhes apareceram
Moisés e Elias, falando com Ele. (Mateus, 17:3)
Assim acontecerá com os de
boa vontade, que se dispuserem a trabalhar para a coletividade: sempre virão os
Espíritos amigos para a defesa do bem comum, não tenhamos dúvidas. No entanto,
se se apoderarem dos seus pensamentos ideias de suicídio, de violência contra a
própria vida, aproximar-se-ão da alma Espíritos da mesma intenção e somando
todas as vibrações, completa-se o ato, e vida física, como aconteceu com
muitos, se desfaz por sintonia das almas em desequilíbrio.
A culpa sempre é de muitos, porém, é maior daquele que se encontra movendo nos fluidos da carne. Se até hoje o suicídio não deu bons resultados, é inteligente deduzir que não se deve seguir por esse caminho. Quantos livros mediúnicos, de autores diversos, vêm contando os dramas dos personagens depois do túmulo, após terem interrompido a vida física, com consequências dolorosas!? Será que não basta? Procura um caminho melhor, o caminho da vida, e lembra-te bem que Jesus disse: "Eu Sou a vida". Não é preciso mais explicações sobre por onde se deve passar.
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