O livro dos espíritos. Q. 962

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Intuição de penas e gozos futuros

962. Como pode haver cépticos, uma vez que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais?

“Eles são em número muito menor do que se julga. Muitos se fazem de espíritos fortes, durante a vida, somente por orgulho. No momento da morte, porém, deixam de ser fanfarrões.”

A.K.: A responsabilidade dos nossos atos é a consequência da realidade da vida futura. Dizem-nos a razão e a justiça que, na partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem, sem trabalho, de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança. A ideia que, mediante a sabedoria de Suas leis, Deus nos dá de Sua justiça e de Sua bondade não nos permite acreditar que o justo e o mau estejam na mesma categoria a Seus olhos, nem duvidar de que recebam, algum dia, um a recompensa, o castigo o outro, pelo bem ou pelo mal que tenham feito. Por isso é que o sentimento inato que temos da justiça nos dá a intuição das penas e recompensas futuras.

Cépticos

Já falamos que o Espírito, quando no mundo espiritual, antes de reencarnar, passa por muitos estágios de aprendizado e de experiências, e sendo assim, como pode haver cépticos? Essa, a pergunta de muitos. Acontece que a carne envolve a alma e faz com que ela esqueça as lições recebidas. Certamente que a consciência derrama avisos constantes na mente ativa, no entanto, esta somente os registra com mais intensidade, de acordo com a evolução e com o interesse que tenha a alma, nos caminhos que escolheu para percorrer.

As almas endurecidas, que falam de materialismo e que se desvinculam das escolas espiritualistas, achando que é perda de tempo, o fazem mais para tomar atitude contrária aos outros, aos quais chamam de fanáticos. Porém, com o tempo, esses Espíritos vão acordando, pela força do próprio progresso, e não têm outro caminho que não seja acreditar em uma força soberana, que a tudo dirige com a mais ampla inteligência.

Como negar a Deus, seja qual o nome que se Lhe queira dar, diante de tantos fenômenos que a natureza expõe para as vistas humanas e espirituais? Já meditaste na harmonia dos mundos, na fertilidade da Terra, na simplicidade das águas, sem as quais não haveria vida entre os povos? O que dizer do valor do ar, da função da eletricidade no mundo, do nascimento de uma criança, da grandeza nos mares, da maravilha que é o corpo físico? Eis uma porta aberta para outras deduções. A própria ciência, que é céptica hoje, começa a estudar pontos pelos quais deverá encontrar o Espírito.

O progresso, fato irreversível em todas as sociedades, é portador dessas descobertas, na função divina de fazer o filho pródigo voltar à casa paterna. Que queres mais? Deus, apesar de se encontrar fora de nós, o Seu amor é tanto que se acha dentro da nossa consciência por processos que ainda ignoras, mas que o mesmo progresso irá te dar meios de descobrir. Quando chegar esse dia, compartilharás da festa de luz nos arraiais do teu coração. Os que sustentam a descrença na vida espiritual por tantos anos, quando chega o momento da morte, mudam de opinião, porque veem uma fresta de luz a lhes indicar a vida e passam a escutar a consciência, que lhes falava tantas vezes sobre a vida eterna. Todos fomos feitos iguais, por sermos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, amoroso e santo.

O materialismo é semente plantada que deve ser destruída, é o joio que está crescendo com o trigo, mas, quando os dois estiverem grandes, será arrancada.

Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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