AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Justiça e direitos naturais
874. Sendo a justiça uma lei
da Natureza, como se explica que os homens a entendam de modos tão diferentes,
considerando uns justo o que a outros parece injusto?
“É
porque a esse sentimento se misturam paixões que o alteram, como sucede à maior
parte dos outros sentimentos naturais, fazendo que os homens vejam as coisas
por um prisma falso.”
Prisma falso
É fácil para o espírita
compreender o porquê da desarmonia das mentes humanas. Todos os encarnados
estão em processos ingentes de despertamento espiritual, cujos caminhos devem
ser trilhados, pois são neles que se buscam as experiências, para o verdadeiro
conhecimento.
"Nada se perde" não nos cansamos de escrever essa frase, para melhor entendimento da verdade. Como conhecer e buscar a luz, se não se conhecem as trevas? Como amar, sem experimentar o ódio? Como combater o egoísmo, quando se desconhece o valor do desprendimento? Nesta linha de entendimento, nestes fatos indispensáveis ao aprendizado, é que nos libertamos das amarras do orgulho e das paixões inferiores, que nos prendem a alma, esquecendo-nos de Deus.
O falso é uma afirmação da
existência do verdadeiro, e a mentira nos fala da verdade. Essas contradições
nos impulsionam para Deus. Como contradizer Deus, se Ele é o nosso Pai, a
Inteligência Suprema, Criador de todas as coisas? É o único que sabe, e tudo
emana d'Ele, em se sustentando a vida. Ele é vida, é amor, e é muito mais que a
vida e que o amor, porque Ele é o Criador de tudo, e diante da Sua paternidade
universal nada sabemos sobre Ele. Deus é para nós outros o mistério dos
mistérios.
Quando o sentimento de
Justiça se mistura com as paixões humanas se enfraquece, passando a alma a
esquecer essa força poderosa que sustenta a própria vida. Mas, nunca prevalecem
a injustiça e as paixões, por não terem sustentação. Elas aparecem em fases de
despertamento dos valores espirituais, no sentido de educar; depois,
desaparecem para sempre, e em seus lugares o amor estabelece a paz com os seus
derivados, tirando o véu da ignorância que empanava a visão e mostrando as
claridades onde a vida agita e cresce, nos dando esperança de viver com Deus
mais presente, e Jesus mais integrado nos nossos corações.
Mesmo com todo o sofrimento
que as almas sempre passam para entender, Deus envia Seus agentes na madrugada
da vida, a nos ensinar o que mais precisamos. João, no capítulo oito, versículo
dois, se expressa desta forma: De
madrugada voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com Ele e,
assentado, lhes ensinava.
Jesus nunca se cansou; vai e
volta até nós quantas vezes forem necessárias, por não desprezar Seu rebanho,
que o Pai Lhe entregou. Não precisamos esmorecer nos caminhos; sempre
encontramos, quando temos fé, alguém do Céu na Terra, a nos dar as mãos, no
sentido de nos libertarmos para a vida, livres de peias, na sequencia do amor
do Mestre.
Temos essa assistência por
toda parte porque Deus é Justiça, e a própria justiça se fez vida na natureza.
O ar sopra com justiça, sem esquecer quem precisa dele; a água é justiça de
Deus, matando a sede em todos os reinos da natureza; o Sol é justiça na sua
maior expressão de vida, por não se esquecer de uma só criaturinha do Nosso Pai
Celestial. Nesta linha de entendimento, poderemos observar o resto. É a justiça
mais visível; basta que tenhamos olhos para ver e ouvidos para ouvir o que os
grandes Espíritos falam e escrevem sobre a justiça de Deus.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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