ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Desgosto
da vida. Suicídio
949. Será desculpável o
suicídio, quando tenha por fim obstar a que a vergonha caia sobre os filhos, ou
sobre a família?
“O
que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, Deus lhe leva isso em
conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe
atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Demais; eliminai
da vossa sociedade os abusos e os preconceitos e deixará de haver desses suicídios.”
A.K.:
Aquele
que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá
mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida
espiritual carregado de suas iniquidades, tendo-se privado dos meios de
repará-los durante a vida corpórea. Deus, geralmente, é menos inexorável do que
os homens. Perdoa aos que sinceramente se arrependem e atende à reparação. O
suicídio nada repara.
A intenção atenua a falta
A nossa consciência nos
mostra um campo imensurável de sensibilidades indescritíveis, que ainda
desconheces nas lides do mundo. O Espírito ainda desconhece muito das suas
reações. A intimidade da alma guarda, em sua gênese, a chama do próprio Deus.
Existem milhares de livros
sobre o Espírito e Deus, no entanto, quase nada em relação ao que se tem de
aprender sobre esses segredos da vida, em se falando das raízes mais profundas.
O Espírito veste e se reveste de muitos corpos, que podemos dizer incontáveis
na matemática humana. Quando há necessidade, são criadas vestes compatíveis com
a sua necessidade, assim como desaparecem envoltórios dos quais não mais
precisa.
A mente central é um fulcro
de energias divinas, que ainda dormem em relação ao Soberano Criador de todas
as coisas. Se queres conhecer a Deus com mais segurança que a sabedoria pode te
dar, começa pelo corpo físico na sua anatomia grandiosa, como sendo ele a
maravilha das maravilhas. Desse modo, passarás a respeitar mais Aquele que é
tudo para nós: Deus.
O homem vive rodeado de
maravilhas vivas; por que procurar a morte? Por que se desfazer de um corpo que
é a base, o primeiro degrau para a felicidade? Deves compreender e sentir as
bênçãos de Deus mais visíveis para todos nós na personalidade de Jesus, e o seu
Evangelho é como o reflexo das leis naturais. Se desejas o próprio bem, passa a
meditar nos escritos simples da Boa Nova, que encontrarás a própria vida,
esquecendo a ilusão que chamas de morte.
Se as tuas intenções forem
nobres, mesmo diante do teu erro, Deus atenua as faltas, porém, sempre serás
chamado às contas, para que possas compreender a harmonia da vida. Muitas
coisas devem ser feitas pelos homens; para tanto, eles receberam uma
inteligência que corresponde à razão. Eles devem usá-la, e o Senhor se aproxima
das criaturas pelas suas inúmeras modalidades, sem que os homens saibam, lhes
dando orientações e, por vezes, corrigindo roteiros do modo que Ele achar mais
conveniente.
Virá o Senhor daquele servo,
em dia em que não o espera, e em hora que não sabe. (Mateus, 24:50)
É nesta incerteza que deves,
pela razão, andar sempre dentro das leis naturais, respirando o amor e amando a
todas as criaturas como sendo a ti mesmo. Devemos purificar todas as nossas
intenções, porque os sentimentos assinalam o que somos nos roteiros da vida.
As leis de Deus foram feitas
porque não temos ainda o devido discernimento. Quando o amor nascer como um sol
nos nossos corações, não precisaremos mais de leis para nos guiar, por
deixarmos de ser cegos. Nós seremos as leis.
Aquele que tira de si mesmo
a vida para fugir do que fez, e que a consciência reprovou, perdeu a fé, esmorecendo
por simples obstáculo. Não deves copiar os que fizeram assim. Procura conhecer
a vida dos homens nobres e verás que eles são exemplos de vida e não de morte.
Entrega a tua vida ao trabalho, que esquecerás e fecharás os ouvidos às
insinuações do desespero, passando a respirar em clima de paz e de esperança. E
Jesus nos ajudará de modo mais visível aos nossos corações e Deus falará com
mais ressonância nas nossas consciências.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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