ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Uniões
antipáticas
940. Não constitui
igualmente fonte de dissabores, tanto mais amargos quanto envenenam toda a existência,
a falta de simpatia entre seres destinados a viver juntos?
“Amaríssimos,
com efeito. Essa, porém, é uma das infelicidades de que sois, as mais das
vezes, a causa principal. Em primeiro lugar, o erro é das vossas leis. Julgas,
porventura, que Deus te constranja a permanecer junto dos que te desagradam?
Depois, nessas uniões, ordinariamente buscais a satisfação do orgulho e da
ambição, mais do que a ventura de uma afeição mútua. Sofreis então as consequências
dos vossos prejuízos.”
a) - Mas, nesse caso, não há
quase sempre uma vítima inocente?
“Há
e para ela é uma dura expiação. Mas, a responsabilidade da sua desgraça recairá
sobre os que lhe tiverem sido os causadores. Se a luz da verdade já lhe houver
penetrado a alma, em sua fé no futuro haurirá consolação. Todavia, à medida que
os preconceitos se enfraquecerem, as causas dessas desgraças íntimas também
desaparecerão.”
Viver juntos
Viver juntos é tarefa árdua, por estarem os homens em nível de provas e expiações. Quase sempre não estão em sintonia perfeita uns com os outros, e nesta falta de simpatia é que vêm os desencontros espirituais. O que fazer neste caso? Daí é que surgem as oportunidades valiosas para o desabrochar dos valores espirituais que dormem dentro de cada um, bem assim para sentir a assistência dos benfeitores da vida maior, capaz de nos ajudar a acordar os tesouros na intimidade dos corações.
Segue-se daí, que o mundo é
uma escola de vida, que serve à ascensão do Espírito, de modo que esse
reconheça e viva a verdade. Viver juntos, na atmosfera terrestre, pode ser
muita coisa, como reajuste do casal, bem como dos filhos, se os tiver, bem como
de parentes e amigos. São processos de despertamento das almas, no que tange à
evolução.
O espírita deve conhecer
essas faces da vida; é sua obrigação recolher todas as forças na fonte interna
dos sentimentos e compreender o que deve ser feito para a paz do lar e o
comportamento correto dos filhos. Quem se desespera, acende fogo na lenha dos
próprios sentimentos em desacordo. Deve procurar a solução no Evangelho de
Jesus, que Ele, além de ser a vida, é a verdade e o caminho para todos nós.
Negá-Lo, é desprezar a felicidade.
A consciência em Deus nos
pede paciência, trabalhando sempre para o aperfeiçoamento das nossas
qualidades, que não se encontram longe, mas vivem no íntimo de nós mesmos. As
uniões desencontradas são testes na avaliação das forças. Quem não as teve?
Todos, em várias vidas que se sucederam, se não neste mundo, em outros, mas o
processo é sempre o mesmo em toda a parte. Fomos criados iguais, por isso somos
todos irmãos, essa é a verdade.
Não existe ninguém que
comece a amar com perfeição logo nos rudimentos da vida. Ele se inicia pelo
interesse, depois passa pela necessidade, depois paixão, e vai se elevando até
atingir o amor verdadeiro, obedecendo à lei universal que nos dá a vida. A
vítima que pensamos ser aquela que sofre mais nessas uniões em desencontro, é a
que mais precisa acordar, pois ninguém recebe o que não merece.
Sendo lei da justiça,
estamos todos no aprendizado da vida, recebendo somente o que suportamos e
enriquecendo o nosso celeiro cada vez mais. Aquilo que semeamos, colhemos onde
estivermos. De fato, sofremos resgatando feitos e acordando valores como
processos de elevação, no entanto, tudo isso não fica perdido na escrita
divina; no somar das coisas em nossos caminhos, vem o resultado pelas mãos de
Deus, aquilo que nos convém, pelo amor d'Aquele que tudo fez com justiça em
nosso favor.
Deus não deixa Seus filhos
entregues aos vendavais das agressões, sem que esteja dirigindo os nossos
destinos. Não deves temer os acontecimentos, porque Jesus, como Pastor do
rebanho que se encontra na Terra, sabe o que fazer em todas as circunstâncias,
e nunca pediu opiniões aos doutos do mundo, sobre como deveria proceder.
Quando precisares de ajuda,
recorre a Deus, Aquele que criou todas as coisas e é consciente de todos os
teus atos. O Espírito, com efeito, somente desperta seus valores pela dor, sem
exceção e ela se divide em milhares de feições, de acordo com as necessidades
de cada alma. Porém, nunca vêm aos nossos ombros os fardos que não suportamos.
O equilíbrio procede da
fonte criadora, e é por isso que não devemos temer os acontecimentos em nossos
caminhos. Somos todos servos de Jesus, e Ele nos pede, na posição que ocupamos,
de já um pouco despertos, para amarmos a Deus em todas as coisas, para sermos
bem-aventurados.
Bem-aventurado aquele servo
a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. (Mateus, 24:46)
Ou seja: trabalhando na
intimidade, na reforma moral em todos os seus pontos cardeais, de modo que a
luz de Deus, sendo a usina central de todas as vidas, possa ceder luz, na
sustentação para a eternidade. Nesse clima de fraternidade, passamos a viver
juntos com verdadeiro amor. O que passamos antes foi necessário ao aprendizado
como processo de despertamento para a vida maior, quando a consciência
permanecerá imperturbável, mesmo dentro das maiores lutas.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita.
Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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