AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Justiça e direitos naturais
877. Da necessidade que o
homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?
“Certo
e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhante. Aquele
que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo,
porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de
represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades
humanas. A vida social outorga direitos e impões deveres recíprocos.”
Obrigações especiais
Criamos sempre deveres especiais por onde transitamos, elevando a nossa capacidade de trabalho no campo em que estamos situados. Certamente que a necessidade que o homem tem de viver em sociedade cria deveres especiais que lhe abrem igualmente os caminhos do conhecimento. Existem muitas áreas a serem pesquisadas, e elas esperam a nossa boa vontade de buscá-las, enriquecendo assim nossas experiências, que são valiosas frente a nossa libertação espiritual.
Quando vivemos em conjunto,
criamos muitas leis e obrigações, como sendo deveres para que os outros possam
nos ajudar; eles recebem de nós o estímulo de vida e o respeito. Viver em
sociedade é crescer em Jesus, Pastor de todo o rebanho da Terra. A capacidade
da criatura aumenta porque, se encontramos mais conforto em conjunto, ele nos
pede mais compreensão, no sentido de nos educarmos, para servirmos melhor.
O homem, na sociedade, é
obrigado pelas circunstâncias que o rodeiam, a ser equânime para com os seus
companheiros. Esse gesto é semente de luz para a luz do seu próprio caminho. A
alma evoluída compreende com facilidade seus deveres ante a sociedade e ainda
ultrapassa o cumprimento desses deveres com obrigações a mais, e faz tudo isso
por amor e com amor. O seu coração pulsa para a fraternidade, e vive feliz por
saber conquistar os corações, exemplificando a verdade. O sábio não faz outra
coisa, e os chamados místicos somente se interessam pela harmonia que possa
visitar os corações desesperados.
O respeito que se deve ter
em relação aos outros é força da justiça, e todo aquele que respeita os
direitos alheios desperta nas criaturas uma simpatia maior pela sua pessoa,
capaz de levar a quem bebe essa sabedoria a vontade de fazer o mesmo em seus
caminhos, rendendo-se e se entregando igualmente ao amor.
A justiça é o equilíbrio da
vida em todos os aspectos. Mesmo que percamos algo de material, façamos justiça
por onde passarmos; mesmo que as nossas relações de amizade piorem pela
incompreensão dos amigos, façamos justiça, pois depois seremos reconhecidos.
Mesmo que passemos pelo mundo desprezados por muitos, em nossa dignidade,
façamos justiça, pois ela é lei divina que sustenta o Universo em paz.
Os que somente veem na
justiça um seguro para se defenderem dos que os atacam, são inspirados nas
paixões, no orgulho e no egoísmo. Esquecem-se da disciplina e da justiça
consigo mesmos, em se respeitando aos outros.
Escreveu João, em sua
primeira epístola, no capítulo quatro, versículo cinco:
Eles procedem do mundo; por
essa razão falam da parte do mundo, e o mundo os ouve.
É muito antigo dentre os
homens o costume de "lavar a honra", quando desacatados por outrem.
Quando revidam, por vezes tirando a vida do ofensor, a sociedade reconhece isso
como honra ou defesa própria, ao passo que se esquece ou se faz esquecida de
praticar a justiça do modo ensinado por Jesus e respeitar os direitos que andam
com eles a caminho.
A primeira obrigação para
com os semelhantes é respeitar seus direitos. Eis ai o ponto alto da justiça,
mostrando para com os outros que todos têm os mesmos direitos diante do amparo
das leis de Deus. Todas as sociedades do mundo são movidas pelas leis de Deus e
nela inspiradas, no entanto, as leis dos homens são de acordo com o grau de
elevação da mesma sociedade.
As leis da Terra evoluem com
o crescimento espiritual dos povos. É como o rio que fornece sua água para as
necessidades do povo, mas que reserva o seu volume maior para assegurar a sua
distribuição, devido ao crescimento das necessidades das nações. As leis
universais abrangem toda a criação como torça divina, para a divina harmonia,
nunca deixando de cair em forma de gotas nas leis humanas, dominando-as, e
nesse domínio mostra a existência de Deus amando aos Seus filhos.
A vida social cede direitos
para todos, na igualdade que lhe cabe doar, mas mostra deveres que não podem
ser esquecidos pelos companheiros que vivem em conjunto. Em tudo que Deus fez,
a lei de justiça brilha, mesmo que receba outros nomes, mas é a mesma harmonia
que pode se transformar até no amor.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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