O livro dos espíritos. Q. 901

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

901. Figuremos dois avarentos, um dos quais nega a si mesmo o necessário e morre de miséria sobre o seu tesouro, ao passo que o segundo só o é para os outros, mostrando-se pródigo para consigo mesmo; enquanto recua ante o mais ligeiro sacrifício para prestar um serviço ou fazer qualquer coisa útil, nunca julga demasiado o que dependa para satisfazer aos seus gostos ou às suas paixões. Peça-se-lhe um obséquio e estará sempre em dificuldade para fazê-lo; imagine, porém, realizar uma fantasia e terá sempre o bastante para isso. Qual o mais culpado e qual o que se achará em pior situação no mundo dos Espíritos?

“O que goza, porque é mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu parte do seu castigo.”

O avarento

Podes verificar que até ouvir o nome avarento nos faz sentir constrangimento. Quem vive este estado d'alma, o de avareza, é um sofredor, pois não usa o que acumula, nem distribui os seus bens. A vida cobra dele o cumprimento do dever por circunstâncias tais que, mais tarde, aprenderá como doar, usando igualmente os bens do Senhor.

Aquele que por outro lado, tomado de egoísmo, somente ajunta para si e desfruta sozinho do ouro que acumulou, petrifica o coração como faminto de uma paz que não encontra com facilidade. Ele entende que encontra o céu na Terra pelos bens que ajunta. Pobre ser! É demasiadamente ignorante, mas o tempo, mais tarde, irá ensinar-lhe a verdadeira felicidade.

Ambos serão castigados pela morte da sua própria paz. Não sabe o egoísta que Deus dá o alimento espiritual, que é o melhor, àquele que sabe usar seus bens terrenos. Leiamos João, no capítulo seis, versículo trinta e um, nesta referência:

Deu-lhes a comer pão do céu.

Sendo Deus o Pai de todas as coisas, Ele não deixa Seus filhos ficarem carentes, mesmo das coisas materiais; Ele é farto e bom para distribuir o que Seu coração possa dar com abundância. Os poderes do céu, nunca se fazem protelar para os que fazem o bem em silêncio, e o Evangelho nos ensina com propriedade a dar com uma mão sem que a outra veja. O silêncio na dádiva é riqueza na vida e vida farta de amor.

Entendemos que o avarento já recebeu seu castigo, mas o egoísta, que somente ajunta para si, este é um verdadeiro sofredor, por sofrer as consequências do modo pelo qual se alimenta pelos canais do orgulho e do egoísmo.Devemos aprender com Jesus em todas as suas linhas que educam e instruem. O Mestre é o nosso sol de pureza e de amor, descendo do Céu à Terra por amor, para nos ensinar e instruir e, ainda mais, mandando depois outro consolador, para que ficasse eternamente conosco, como guia de todas as almas.Sabemos que devemos tolerar o avarento em todos os níveis em que este se nos apresentar, porque nós também, em outra época, sofremos igualmente esse mal. O tempo é o melhor conselheiro, e ele nos ensina sem pressa, mas não para de nos instruir de todos os lados, porque somos todos filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Jesus disse: "Nenhuma das minhas ovelhas se perderá". Elas todas devem ficar presas ao Pastor, pela força divina que se chama amor. A vinda do Mestre à Terra foi um prelúdio da felicidade que deve ser conquistada por nós mesmos. Deus é deus de paz, e nos fez para passar por esses processos, por saber o que fazer em nosso favor.

Se tens tesouro guardado nos cofres, saibas distribuí-lo. Se tens tesouros guardados no coração, os dê aos outros com a presença de Jesus, que a vida multiplicará esses valores em favor da tua consciência, mesmo ao que goza dos bens materiais e, certamente, ao usurário. São nossos irmãos em Jesus que merecem todo o nosso carinho, para que no amanhã compreendam os seus deveres diante da economia de Deus.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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