O livro dos espíritos. Q. 907

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

Paixões

907. Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?

“Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Paixões

As paixões em si constituem força poderosa que podem levar o homem a grandes realizações. É bom que se saiba do valor dos princípios das paixões, que não deixam de ser força a ativar o amor e a caridade, o bem em todos os ângulos da vida. O que se acrescenta nelas de exagero é que as coloca como sentimentos inferiores, tornando o homem malfeitor.

A Doutrina dos Espíritos nos leva a compreender todas as forças que podem cercar a personalidade, dando meios às almas para compreender como usar todas essas possibilidades benfeitoras que o bem sempre conduz. A paixão está no excesso que a vontade delibera. O mundo e as criaturas precisam muito de esclarecimento e, principalmente, dos ensinamentos do Evangelho, compreendendo que, por ele, se educarão melhor todos os seus sentimentos.

O princípio das paixões, que foi colocado no homem, como origem desse sentimento, o foi para impulsionar o bem, pela força do amor. Entretanto, isso foi mal compreendido pela ignorância e o uso ultrapassa o que não deveria.

É bom que observemos com mais profundidade que as paixões se desenvolveram exageradamente em todos os setores 0da atividade humana. As religiões fizeram-se instrumentos das paixões para adorar a Deus por variadas formas, capazes de fazer o ser humano esquecer o próprio Criador. Jesus, sabendo disto, disse com presteza, desta maneira registrada por João, no capítulo quatro, versículo vinte e um:

Disse-lhe Jesus:

Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.

O Mestre cortou pela raiz a paixão dos incompreendidos, pedindo para adorarem a Deus em Espírito e verdade, orando secretamente, na intimidade do coração. As imagens de escultura, os deuses forjados pelos homens e os lugares sagrados, desapareceram com Jesus, porque Ele nos mostra que o Supremo Senhor se encontra dentro da consciência de cada um.

Se começas a apaixonar-te pelo bem, medita no amor verdadeiro; se te apaixonares pela caridade, consulta o bom senso; se te apaixonas pelo trabalho, busca a razão, para o equilíbrio das tuas forças. Não deixes que as paixões atinjam a inferioridade, para que não respondas por seres envolvido por elas, criando para os teus caminhos dificuldades maiores. Lembra-te de que as paixões podem levar-te a grandes realizações, se elas forem disciplinadas pelo conhecimento em Cristo. Aprende a ter conduta reta, pois a vida é reta em todos os ângulos. Confia na natureza, que ela evidencia corresponder a essa confiança, a cada momento.

A paixão em si não complica a nossa vida; ela nos faz mal no campo do excesso. Apaixonemo-nos pela alegria, mas não nos deixemos tomar pelo escândalo. A vida é harmonia e fé. Vivendo nas linhas do Cristo, teremos uma tranquilidade imperturbável no coração e na consciência.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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