O livro dos espíritos. Q. 966

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Natureza das penas e gozos futuros

966. Por que das penas e gozos da vida futura faz o homem, às vezes, tão grosseira e absurda ideia?

“Inteligência que ainda se não desenvolveu bastante. Compreende a criança as coisas como o adulto? Isso, ao demais, depende também do que se lhe ensinou: aí é que há necessidade de uma reforma.

Muitíssimo incompleta é a vossa linguagem, para exprimir o que está fora de vós. Teve-se então que recorrer a comparações e tomaste como realidade as imagens e figuras que serviram para essas comparações. À medida, porém, que o homem se instrui, melhor vai compreendendo o que a sua linguagem não pode exprimir.”

Ideias absurdas

O homem, por vezes, faz absurda ideia das coisas que não tem capacidade de compreender. Falta-lhe capacidade de sentir a realidade espiritual; então ele cria imagens grosseiras de acordo com a sua capacidade de entendimento. É inteligência que ainda não cresceu, por lhe faltar tempo para tal progresso, no entanto, o tempo assegura que no porvir será diferente, assim como o foi para os que se encontram na dianteira.

A comunicação humana é incompleta para traduzir as coisas espirituais. A humanidade passa por fases difíceis, capazes de levá-la ao delírio, com grandes esperanças. É hora decisiva da escolha dos caminhos a percorrer.

À medida que o homem se instrui e se educa, ele vai tendo uma percepção mais avançada acerca das coisas espirituais, passando a vivê-las, encontrando nos seus próprios recursos maior discernimento. A teoria em tudo vem primeiro, para depois vir a vivência. Vamos notar que os grandes missionários que estiveram na Terra, sem esquecer o maior, que foi Jesus, passando a dar exemplos enobrecidos para a humanidade, sofreram as consequências das suas atividades de amor, e mesmo os que os acompanharam, na hora difícil, fugiram. Aí, a personalidade divina sempre sustenta sozinha seus nobres ideais.

Então lhe deitaram as mãos e o prenderam. Então, deixando-o, todos fugiram. (Marcos, 14:46 e 50)

Na hora do testemunho, somente tu deves ficar de pé com teus ideais de nobreza, para que no amanhã a tua coragem no bem fique como exemplo de luz. As ideias absurdas deverão ceder lugar a pensamentos de esperança, que sempre os missionários nos deixam, escrevendo com a própria vida, usando a tinta do próprio sangue.

O tempo, juntamente com o progresso, vai nos mostrar o quanto vale o esforço próprio, para a autoeducação dos sentimentos. Tudo, no entanto, tem um preço bastante elevado e sacrifícios incomuns, porque deste modo desabrocharão os talentos do coração, no sentido de que a consciência se tranquilize, tomando-se fonte de paz. O meio em que vives, dar-te-á muitas lições de bem ou mal, contudo, deves te preparar para seguir teu caminho com os próprios pés.

Devemos estimular nos corações a fé, pois ela é realmente a essência espiritual da luz do coração em Cristo. Ninguém esconde o que é; Deus lê nos nossos sentimentos tudo aquilo que eles queiram manifestar, bem antes de se tomarem realidade. Então, se já sabemos disso, modifiquemos nossos pensamentos, palavras e obras, para não nos envergonharmos diante do Senhor. Assim, as nossas ideias de paixões se tornarão pensamentos de amor, secundando a nossa boa vontade para o bem sem barreiras e o amor sem condições.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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