O livro dos espíritos. Q. 965

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II - PENAS E GOZOS FUTUROS

Natureza das penas e gozos futuros

965. Têm alguma coisa de material as penas e gozos da alma depois da morte?

“Não podem ser materiais, di-lo o bom-senso, pois que a alma não é matéria. Nada têm de carnal essas penas e gozos; entretanto, são mil vezes mais vivos do que os experimentais na Terra, porque o Espírito, uma vez liberto, é mais impressionável. Então, já a matéria não lhe embota as sensações.” (237 a 257)

Sofrimentos depois da morte

Não podem ser puramente físicas as penas e gozos da alma. A mudança de mundos influi, a nos dizer que estes haverão de ser de conformidade com o plano que habita. Desde quando ela mude de faixa, tudo que a cerca tem afinidade com o seu modo de viver.

A matéria, podemos dizer, se purifica, alterando-se as suas propriedades pelas quais a conhecemos, e tomando nomes diferentes. O próprio Espírito também passou por várias nomenclaturas, já pertenceu a muitas divisões, para chegar à condição de Espírito imortal consciente. A alma propriamente dita não é matéria, nem a matéria é alma no seu termo definido, no entanto, uma se confunde com a outra por serem interdependentes para manifestarem suas qualidades. Esse assunto tem outros aspectos que os homens ainda não podem notar. A vida tem seus segredos para que possas buscar sempre o melhor entendimento sobre as leis naturais.

Nada têm de carnal as penas e gozos dos Espíritos, a não ser quando estão revestidos da carne, com outros tipos de sensações. O mundo dos Espíritos tem variadas faixas de vida e cada uma com a sua específica sensibilidade, em que o Espírito assegura para viver cada vez que subir mais, que elevar-se, por sentir e saber dos que já foram. Quanto mais crescimento, mais felicidade.

O Espírito, quanto mais livre das paixões inferiores, mais sensível fica para sentir e registrar o mundo que o cerca. Ele compreende, pois, que a alma tem poderes que nós mesmos, no plano de vida no mundo espiritual, ignoramos, quanto mais os que se encontram na Terra, envolvidos nas paixões terrenas, aturdindo seus sentidos com coisas que para nós são ilusórias.

A matéria, para os Espíritos ignorantes e endividados, se assim podemos dizer, é uma bênção de Deus, por lhes fazer esquecer as suas artimanhas. Já o Espírito livre, este é mais sensível, e tudo que ele pensa já vive. A carne é um esconderijo para a alma, servindo-lhe de amparo para a limpeza do seu carma. Deus não iria criar a lei de reencarnação por brincadeira, mas no sentido de despertar valores que o Espírito conduz na sua intimidade. E quando despertada a fé no coração humano, ela lhe faz grandes prodígios.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.

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