ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Decepções.
Ingratidão. Afeições destruídas
938. As decepções oriundas
da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
“Fora
um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo
bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em
outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.”
a) - Mas, isso não impede
que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a ideia de que
seria mais feliz, se fosse menos sensível?
“Pode,
se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que
os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se
enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido.
Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que
usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste
se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso:
será o meio de vos colocardes acima deles.”
A.K.: A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.
Homem de coração
O homem de coração abençoado
pelos sentimentos mais puros já recebeu a sua recompensa. Mesmo que ele seja
envolvido pela ingratidão dos contraditores, a sua fé o isola desse magnetismo
corrosivo das trevas, e a luz que nasce do seu coração, pelo exercício do amor,
o faz ser feliz, na felicidade de Jesus.
O bem que o homem de coração
faz, garante a sua paz, estabilizando sua consciência, no clima da verdadeira
felicidade, e esse homem sabe que o bem que faz, se não é reconhecido pelos
homens, o é pelos Espíritos puros que sempre trabalham com Jesus para a paz de
todas as criaturas.
Os ingratos, no correr dos
anos, sempre recebem a mesma ingratidão, pelas sementes que semearam na lavoura
dos corações. A justiça de Deus é lei que se cumpre em toda parte da criação.
Se deres amor, receberás amor; se praticares a caridade, receberás o mesmo, se
proporcionares alegria, não há outro caminho. Assim acontece com tudo o mais na
pauta da vida.
Decepção alguma tem o poder
de nos esfriar no exercício do bem. Para o homem consciente da verdade, as
decepções são estímulos para a continuidade nas diretrizes da fraternidade.
Devemos entender o que é correspondência espiritual: é sempre corresponder ao
bem que se recebe, mas nunca fazer o mesmo no tocante ao mal. Quando alguém te
ofertar um sorriso, faze o mesmo nas linhas da fraternidade, seja no mesmo
momento ou depois, com uma pessoa ou com outra. Procura ser afetuoso com os
idosos e com as crianças, e parcimonioso com a juventude e certos adultos,
quando notares desvirtuamento do caminho. Deves orar e vigiar, como ensinou
Jesus. A oração é mais fácil de ser exercitada, no entanto, vigiar é mais
difícil em todos os pontos de vista, porque o raciocínio deve ficar ativo minuto
a minuto.
Estás passando, no mundo da
carne, por momentos de decisões. A humanidade se encontra em duras provas e
deves sair ileso de certas investidas das trevas, quando fores cercado por ela.
Lembra-te do Evangelho quando diz que até quanto aos escolhidos, muitos destes,
serão enganados.
O momento por que passamos é
o mais difícil para a manutenção dos sentimentos elevados, porque foi dado aos
Espíritos menos elevados a oportunidade, por misericórdia, de voltarem à Terra
neste ciclo que se encerra, para que eles tenham a oportunidade de acordar do
sono da indiferença moral. A evolução ou o despertamento espiritual sensibiliza
mais as criaturas de modo que, logo que pensa, está sujeita a fazer. Assim,
pensam alguns em recuar, voltando à insensibilidade, no entanto, não pode haver
regressão dos valores morais e espirituais. O lema da espiritualidade maior é
avançar para sentir as claridades da vida maior, é conhecer a verdade,
recebendo dela sua estabilidade divina, mesmo no coração humano.
Todas as investidas dos
irmãos menos esclarecidos, todas as pedradas que levas vivendo no bem, todas as
injúrias sofridas, dar-te-ão forças novas, estando com Jesus, para te colocares
acima dos ofensores. Não percas a fé que ela, sendo a substância da coisa
pensada, no dizer de Paulo, é força de Deus no coração humano e espiritual. A
natureza deu ao homem a força do amor, e quando ele passa a amar sem condições,
acontece como o que sucedeu com o Mestre dos mestres.
Onde quer que ele entrasse
nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhes que
os deixassem tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam
curados. (Marcos, 6:56)
Esse deve ser o proceder do
homem coração, daquele que ama a Deus em todas as coisas e como exemplo devemos,
por gratidão, lembrar Francisco de Assis. A natureza nos dá tudo nesse caminho
e a Doutrina dos Espíritos não faz outra coisa a não ser revelar as leis de
amor para os nossos corações famintos por esse alimento de vida. Podes tocar em
todos pelos dedos dos sentimentos e ajudar a despertar a muitos do sono em que
se encontram, que Deus e Cristo farão o resto para a paz de toda as
consciências.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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