AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Direito de propriedade. Roubo
883. É natural o desejo de
possuir?
“Sim,
mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação
pessoal, o que há é egoísmo.”
a) - Não será, entretanto,
legítimo o desejo de possuir, uma vez aquele que tem de que viver a ninguém é
pesado?
“Há
homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas
para saciar suas paixões. Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que,
ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes,
pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”
Desejo de possuir
O desejo de possuir é gesto normal nas criaturas, todavia, é preciso que essa vontade tenha um objetivo útil. Ajuntar bens materiais não constitui falta grave, desde quando o que se possui seja encaminhado para fins nobres, podendo servir, igualmente, para os outros nas suas necessidades.
Certamente que o enfermo e o
idoso precisam de quem olhe por eles, tanto assistindo-os moral, como
fisicamente. Para tanto, haverá quem trabalhe para isso. Isto é o que podemos
fazer a mais no nosso trabalho, doando horas para que os que padecem, matando a
fome e vestindo os nus, ajudando na obtenção do teto, e mesmo ofertando
remédios para os enfermos. Existem muitos meios de ajudar. Todavia, todos os
trabalhos devem ter a marca da honestidade. Não podemos esquecer deste
princípio de procedimento, pois todo desejo de possuir deve ser disciplinado
pelo amor e pala caridade.
Pode-se ter satisfação
pessoal com o que se ganha, nos bens que se ajunta, mas não se pode esquecer
dos que padecem as provocações da vida e as expiações do aprendizado. É natural
o desejo de possuir desde quando não esteja ligado ao orgulho e ao egoísmo,
chagas dolorosas de quem desconhece o desprendimento. é de bom alvitre que se
conheçam as vidas dos homens nobres, que são muitos, e a razão em Jesus nos
manda copiá-los, pois se fazem fonte doadora em todas as circunstâncias, por
serem sempre tocados pelo amor à humanidade.
E, ainda mais, esses
Espíritos, quando vêm à Terra, não escolhem lugares de posição, nem de mando,
nem as primeiras cadeiras nas sinagogas, como diz o Evangelho. São almas
simples, que se mostram na vida pela vida dos outros. São astros iluminando a
todos sem distinção, por serem agentes da caridade de Deus.
Se queremos nos iluminar por
dentro, meditemos nos ensinamentos do Cristo e passemos a vivê-los. Não
queiramos fazer tudo de uma vez, mas, de passo a passo, como se procede no
andar. A conquista é nossa e devemos começar hoje mesmo, que os Céus nunca
deixam sem assistência os companheiros de boa vontade.
Em nos interessando pelo
bem, vamos permanecer com os sofredores nas suas tentações, nos seus
testemunhos, ajudando--os, pois até Jesus aceitou quem O ajudasse a carregar a
cruz. Lucas anotou em seu Evangelho, desta forma:
Vós sois os que tendes
permanecido comigo nas minhas tentações.
Neste capítulo vinte e dois,
versículo vinte e oito, Ele mostra que os Seus discípulos não mediram
sacrifícios para permanecer com Ele em todas as tribulações, como companheiros
de todas as horas. Assim, devemos fazer o mesmo, permanecendo no bem em todas
as lutas, sem esmorecer, com o desejo firme de possuir o amor, a verdade, o
perdão, a caridade, a fraternidade, o desprendimento, a paz, a alegria,
juntando a tudo isso concretizar o ambiente de Jesus no coração, no afã de não
somente possuir, mas de doar todos esses bens da vida como sementes de luz, na
luz de Deus.
O nosso corpo de desejo se
encontra pesado, como fardo incômodo que nos impede de crescer, entretanto,
devemos mudar os sentimentos do desejo do mundo em desejo do Céu, onde os anjos
sejam para nós como os raios de sol, a chuva e o próprio ar, nos cercando de
vida por darmos a direção certa aos nossos impulsos.
Devemos esquecer somente a
satisfação pessoal e sentir que a nossa verdadeira família é a humanidade.
Ninguém vive só; a vida é uma cadeia de vidas em troca permanente. Quem se
isola, atrofia seus valores, e aí não recebe, nem pode doar. Mas, Deus nos fez
para sentirmos a circulação dos valores eternos. Da força das águas em
movimento, nasce a eletricidade; a luz é doação constante das próprias trevas.
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