AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Caridade e amor do próximo
887. Jesus também disse: Amai
mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas
tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os
Espíritos?
“Certo
ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o
que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o
mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao
passo que abaixo deles se coloca , se procura tomar vingança.”
Amar os inimigos
Amar os inimigos constitui fator de paz. Quem revida ofensas, se coloca abaixo dos ofensores, e o Mestre, vendo a posição dos judeus, que eram na sua maioria violentos nos resguardos da lei mosaica, ensinou aos Seus discípulos que deveriam amar aos ofensores, para isolarem o ambiente de inimizade entre eles.
Certamente que não se
consegue facilmente ter o mesmo sentimento para com os ofensores, como o que se
tem pelas pessoas que nos dedicam carinho e confiança. No entanto, o amor aos
que nos perseguem e caluniam pode receber do seu viver o esquecimento das
ofensas e, quando preciso, ajudá-los, sem nos encontrarmos atrás destas
criaturas, procurando-as para perdoá-las frente a frente.
Amor é vibração de
serenidade e de entendimento. Podemos amar no silêncio, que esse amor
interpenetra tudo e fala em sua linguagem de harmonia. O revide fortalece as
ofensas, ao passo que o perdão abre caminho para a reconciliação, no amanho do
amor.
O mundo ainda se encontra
cultivando ódios em raízes milenárias, capazes de destruir trabalhos realizados
por civilizações inteiras, somente para satisfazer o orgulho e a vaidade, o
egoísmo e a prepotência. Não se deve acompanhar os homens que desconhecem os
ensinamentos de Jesus. O Mestre se entregou ao sacrifício para estabelecer a
paz entre a humanidade, mas a Sua sequencia de amor ainda deve gastar tempo
para dominar os corações. Essa força de Deus tem marcha lenta, porém, é
duradoura e marca sua posição na eternidade.
Se o Cristo em nós é motivo
de glória, no dizer de Paulo, vamos despertar essa luz no coração, para que ela
clareie a consciência. Se continuarmos a negar o Divino Mestre, nos acontecerá
como Ele mesmo disse, anotado por João no capítulo sete, versículo trinta e
quatro: Haveis de procurar-me, e não me
achareis; também onde estou, vós não podeis ir.
Significa que, tampando os
ouvidos à Sua voz e fechando o entendimento para os preceitos de luz que safam
dos Seus lábios, é perda de tempo procurar o Senhor, somente para saber onde
Ele está. E onde Ele estiver, quem poderá ir, envolvido nas paixões inferiores?
Somente quem perdoar aos que
os ofendem e caluniam, somente quem amar no sentido exato da palavra, somente
quem usar seus valores espirituais para ajudar, servindo de modelo para os que
vêm na retaguarda, os caridosos, os justos, poderão procurar o Mestre e
encontrá-Lo na Sua plenitude, por saberem, desta forma, onde Ele se encontra.
Os que assim procedem se encontram acima dos seus inimigos, ainda mais,
ajudando-os a despertar na,intimidade dos sentimentos, o amor.
A Doutrina dos Espíritos nos
mostra com profundidade o que pode ser uma vingança; ela destrói as
possibilidades humanas e inverte os valores do coração. Os grandes Espíritos de
todos os tempos foram homens que esqueceram completamente as ofensas, tomando
os ofensores como filhos do coração. Eis porque alcançaram a serenidade
imperturbável da consciência.
Mesmo que alguém nos
prejudique, não lhe façamos o mesmo, pois ele não sabe o que faz. Confiemos em
Deus e não nos esqueçamos dos exemplos de Jesus, que a nossa vida entrará em
estado de luz, ganhando o ritmo da vida em estado de graça.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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