ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
921. Concebe-se que o homem
será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto
isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?
“O
homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de
Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão
grande quanto o comporte a sua existência grosseira.”
A.K.:
Aquele
que se acha bem compenetrado de seu destino futuro não vê na vida corporal mais
do que uma estação temporária, uma como parada momentânea em péssima
hospedaria. Facilmente se consola de alguns aborrecimentos passageiros de uma
viagem que o levará a tanto melhor posição, quanto melhor tenha cuidado dos
preparativos para empreendê-la. Já nesta vida somos punidos pela infrações, que
cometemos, das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males consequentes
dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente,
remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que,
na maioria dos casos, elas são a consequência de um primeiro afastamento nosso
do caminho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de consequência
em consequência, caímos na desgraça.
O destino da alma
No que se refere à própria
felicidade, parte bem considerável pertence ao Espírito. Somos obreiros da
nossa paz, não obstante, devemos obedecer à leis criadas por Deus.
As leis foram feitas devido
à ignorância e quando estivermos envolvidos na maturidade espiritual, as leis
humanas deixarão de existir para nós, porém, as leis maiores que vibram na
nossa intimidade passarão a nos guiar para sempre.
O destino da alma é ser
feliz, é amar em todas as dimensões em que se possa engrandecer cada vez mais.
A Doutrina Espírita, juntamente com Jesus, que é seu sustentáculo nos oferece,
tanto na carne quanto no mundo espiritual, meios e métodos para verificar a
nossa maturidade. Despertando-nos para a vida real, a verdade começa a surgir
nos nossos caminhos, nos dando mais segurança no avanço espiritual.
Certamente que na Terra não
existe felicidade na maneira que a ideamos, no entanto, a felicidade relativa
existe, com o conhecimento desse ambiente de luz. Os benfeitores espirituais
que se comunicam com os homens deixam traços dessa felicidade no que falam,
escrevem e inspiram os homens para o bem comum.
Nada existe separado de
Deus. Ele, o Magnânimo Senhor, está ligado à Sua criação em todas as faixas de
vida, nos ofertando paz e inspirando amor, nos ensinando a caridade e mostrando
como deve ser a vivência da fraternidade.
Desde quando tomamos um
corpo físico, a influência da matéria já nos impede a felicidade, no entanto, é
nela que formamos a base de bem-estar grandioso. Se não existe a felicidade na
Terra, nela ficamos sabendo da sua existência nos planos elevados, e a maior
alegria é que depois de alcançarmos este estado d'alma, nunca mais regredimos.
Na Terra há momentos felizes em todas as áreas, como que as explosões de luz da
Divindade, a nos falar do verdadeiro bem-estar que devemos, com o tempo,
conquistar.
O reino do mundo está
dividido entre a luz e as trevas, então, ele não pode subsistir. As variações
são inúmeras, sem a devida segurança espiritual.
Se um reino estiver dividido
contra si mesmo, tal reino não pode subsistir. (Marcos, 3:24)
É o que se passa no planeta:
os próprios homens têm sentimentos bons e maus. Eles se misturam, se dividem;
assim, não pode subsistir a verdadeira felicidade. No entanto, com o tempo, na
força do Cristo, o mal vai ficando escasso e o bem, na forma do amor, vai
dominando os corações. é desta forma que vai chegando ao coração do homem a
felicidade.
Depois do Cristo, passamos a
acreditar na felicidade, naquele paraíso que devemos encontrar dentro de nós.
Nesta transformação interior, o exterior deve corresponder às mudanças. Somos
responsáveis pelos nossos destinos, de certo modo. Depois de Deus, somos nós
que devemos construir a nossa vida.
Somos punidos pelas
infrações que cometemos, como sinal de que não devemos continuar nos caminhos
do erro, no entanto, nesse caminho extraímos excelentes lições sobre as leis de
Deus. Se não sabemos ao certo o que é falta nos princípios da nossa vida,
devemos aprender à nossa própria custa. Todos passamos por essas vias; são como
as escolas para as crianças aprenderem o que não sabem e, por vezes, não
querem.
Nada se faz sem a permissão
de Deus. Medita nisto e verás como flui a vida em todas as direções que o amor
nos faz verificar. Aparentemente, o mal é caminho para o bem, e ficarás sabendo
mais tarde que não existe o mal, mas apenas mudanças favoráveis ao bem. O
destino da alma traçado por Deus é um bem-estar indizível que se chama
felicidade.
Fonte:
O livro dos Espíritos.
Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário