ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Desgosto
da vida. Suicídio
947. Pode ser considerado
suicida aquele que, a braços com a maior penúria, se deixa morrer de fome?
“É
um suicídio, mas os que lhe foram causa, ou que teriam podido impedi-lo, são
mais culpados do que ele, a quem a indulgência espera. Todavia, não penseis que
seja totalmente absolvido, se lhe faltaram firmeza e perseverança e se não usou
de toda a sua inteligência para sair do atoleiro. Ai dele, sobretudo, se o seu
desespero nasce do orgulho. Quero dizer: se for quais homens em quem o orgulho
anula os recursos da inteligência, que corariam de dever a existência ao
trabalho de suas mãos e que preferem morrer de fome a renunciar ao que chamam
sua posição social! Não haverá mil vezes mais grandeza e dignidade em lutar
contra a adversidade, em afrontar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só
tem boa-vontade para com aqueles a quem nada falta e que vos volta as costas
assim precisais dele? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é
estultícia, porquanto ele a isso nenhum apreço dá.”
Será suicídio?
Não existe suicídio de uma só modalidade. Tudo tem uma razão, que lhe dá direção diversa das outras, que o impulsiona para tal objetivo na vida.
Parece-nos real que todas as
criaturas praticam o suicídio lento. Mas, mesmo ainda no mundo da carne,
passa-se a responder pelos seus desleixes, nas vestes, nos alimentos, na
bebida, nos trabalhos, na violência, no falar em demasia ou em ficar calado
demais. Nesta linha de raciocínio, pode-se incluir muitas outras mais.
A vida humana é cheia de
suicídios lentos, que matam aos poucos, bem como vêm na retaguarda os
sofrimentos aos poucos, corrigindo falhas e mostrando os caminhos apropriados
para a alma cega e surda às leis espirituais. Quem não vigia, pode ser
considerado como suicida que está se matando aos poucos e sofrendo as
consequências do seu desleixo pela vida.
Sempre alertamos que a
virtude se encontra no caminho do meio, que se deve ter cuidado com os
extremos. Mesmo o desejo de ajudar, em excesso, pode tornar-se mal, por falta
de discernimento de quem age assim. Os benfeitores da espiritualidade maior nos
explicam até onde devemos chegar na ajuda aos outros, deixando algo para eles
fazerem, sendo a sua parte, que não pode ser suprimida. Se queres aprender até
onde podes ir, ora e medita, para que a caridade com discernimento espiritual possa
te envolver o coração e a inteligência. Não devemos tirar as lições dos
caminhos dos que percorrem as vias do aprendizado. Existem coisas que somente a
alma deve deduzir na jornada dos seus interesses.
O suicídio violento é uma
loucura da alma, mas o lento, por vezes, é maior desastre nos caminhos do
Espírito. Busquemos a ponderação em todos os campos de trabalho e de vivência.
Jesus foi e é para nós outros, Suas ovelhas, o ponto mais alto do equilíbrio
espiritual, a quem devemos seguir com amor.
Vigiai, pois, porque não
sabeis quando virá o dono da casa:
Se à tarde, se à meia noite,
se ao cantar do galo. se pela manhã. (Marcos, 13:35)
Se estás com a tua vida em
desordem, de momento a momento podes deparar com a lei, que vem com o senhor da
tua casa mental cobrar ou trazer o resultado da semeadura. Sabendo disso, é bom
e inteligente que vigies e ores, para que não caias em tentação. Se queres paz
na consciência, obedece às leis, que elas garantem a tua felicidade.
Se estás nos caminhos
traçados pela Doutrina dos Espíritos, compenetra-te neles, passando a
compreender o que deves fazer da vida. Luta contra as adversidades, mas não
busques fugir dos problemas por meios ilusórios, porque a solução dos
infortúnios se encontra no meio deles. Entretanto, procura Jesus, no silêncio
da oração, que Ele te indicará os melhores meios para a tua paz de consciência.
Se demorar essa paz, não esmoreças, que ela está a caminho, desde quando
perseverares até o fim no exercício da caridade, para que o amor floresça em
teu coração.
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