AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Justiça e direitos naturais
873. O sentimento da justiça
está em a Natureza, ou é resultado de ideias adquiridas?
“Está
de tal modo em a Natureza, que vos revoltais à simples ideia de uma injustiça.
É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o
dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens
simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que
possuem grande cabedal de saber.”
Sentimento da justiça
A justiça se encontra nas
leis da natureza, onde ela se expressa com maior fulgor, no entanto, pode ser e
é copiada pela sensibilidade humana.
Todo o ser humano sente o impulso de revolta ao deparar com uma injustiça, seja com criaturas humanas, com animais, ou mesmo em se agredindo a natureza. Toda e qualquer violência, em qualquer parte, .causa revolta. Por que isso ocorre? é que a justiça se encontra irradiando onde se pode colocar a ponta de um alfinete quase invisível aos olhos humanos.
Entrementes, as paixões dos
seres pode empanar certos sentimentos de justiça pela força da ignorância, de
maneira que ela não flui da consciência para a razão, mas nunca deixa de se
esforçar para atender aos urgentes casos do coração e da fé.
Sabemos que o progresso
moral desenvolve o sentimento de justiça, entretanto não o dá. Não é ele a sua
sublime fonte, no avanço da educação e da disciplina. A lei de justiça está
vibrando no centro da sensibilidade da consciência, semente divina, na sua
divina expressão, colocada por Deus no energismo da vida.
Entre os animais e os
Espíritos primitivos a justiça se manifesta pelo instinto e pela intuição,
enquanto, por vezes, ela falha nos doutos, devido a razão e o interesse pessoal
invadirem à área do coração, criando distúrbios na personalidade humana.
O trabalho grandioso dos
grandes profetas que vieram antes de Jesus, e dos sábios em todo o mundo, foi
pregar a justiça, limpando as veredas e ampliando meios para que pudesse descer
até nós o amor trazido por Jesus.
O sentimento de justiça não
é adquirido no percurso das eras, mas, sim, estimulado pelo progresso e o
despertamento dos Espíritos em ascensão para a Vida Maior. Tudo vem de Deus
para a Terra e passa pelos processos que Jesus estabeleceu. Ele, o Mestre dos
mestres, é, pois, o Pastor do rebanho terrestre, de cujas mãos despertamos para
a vida racional. Os nossos olhos deverão ser abertos pelas mãos sábias do
Cristo, que devemos encontrar dentro de nós, trabalhando a nossa própria vida.
Busquemos em João mais
segurança, no capítulo nove, versículo dez, que diz:
Perguntaram-lhe, pois:
Como te foram abertos os
olhos?
E aquele que havia sido cego
apontou logo o instrumento de Deus no exercício da caridade, para mostrar como
convém olhar as coisas, sem deixar de ensinar os preceitos divinos, para
estabelecer a harmonia no coração daquele que não enxergava. A Doutrina
Espírita vem como o Consolador Prometido, abrir igualmente os olhos dos homens,
de modo que eles possam ver com mais clareza a vida e conhecerem a si mesmos,
conscientes dos caminhos a percorrer.
Verdadeiramente, a justiça
faz parte de todas as virtudes acionadas por Deus,'em todos os ângulos da
criação.
Justiça é paz,
Justiça é amor,
Justiça é luz,
Justiça é dor.
Devemos ampliar a justiça
dentro e fora de nós, não somente entre os seres humanos, pois ela cabe em toda
a nossa vida. Não podemos deixar lugar para o egoísmo. Bem sabemos que se
trabalharmos só com uma mão, a outra se atrofiará; se andarmos somente com uma
perna, a outra esquecerá sua função; se olharmos só com um olho, o outro
passará a apagar-se; se fizermos economia de um ouvido, o outro perderá a sua
função de trabalho e assim por diante. A vida é binária, é a expressão da
justiça e do desprendimento. Todos trabalham para a grandeza do todo.
A razão aí está também para
descobrir essas coisas, e não para impedir a filtragem das leis do Criador.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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