AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE
Direito de propriedade. Roubo
881. O direito de viver dá
ao homem o de acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar?
“Dá,
mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, por meio de um trabalho
honesto, e não como egoísta. Há mesmo animais que lhe dão o exemplo de
previdência.”
Direito de viver
O direito de viver é
inerente à personalidade humana e a todas as criaturas, por ter sido tudo
criado por Deus. E se têm o direito de viver, têm o de comer, de vestir e de se
regalar. Para tanto, recebem os Espíritos a inteligência, usando dela
honestamente para o bem-estar, favorecendo igualmente aos que trilham conosco os
mesmos caminhos. O abuso daquilo que nos pertence é que nos faz sofrer e o
desperdício dos bens materiais nos complica a vida. A natureza nos dá exemplos
de como viver; basta analisarmos os fatos que ela nos apresenta.
Podemos usar a inteligência para acumular os bens materiais, desde quando isso não represente egoísmo e orgulho, que nos leve a interromper as dádivas ao nosso próximo. Quem trabalha para o bem-estar da família se encontra revestido de nobreza, no entanto, é necessário que a noção de família seja mais elástica, não se restringindo aos nossos parentes consanguíneos e afins, mas abrangendo a família maior, que é a sociedade.
As formigas, que vivem em
sociedade, nos dão exemplo grandioso do desprendimento, cada uma trabalhando
para o bem-estar de todas. Assim devem fazer os homens. Certamente que a
família de sangue deve receber em primeira mão os benefícios, mas sem nunca nos
esquecermos da família humana, que é uma continuação da primeira.
A doutrina que Jesus nos
trouxe, para o equilíbrio da vida, o conhecimento do parentesco espiritual,
ensinando-nos que somos todos iguais, na igualdade que o amor nos une, é capaz
de nos mostrar um só Deus, a derramar sobre todas as criaturas a vida em
abundância. Esse é, pois, o direito de vivermos juntos, irradiando a pura
fraternidade universal, onde todos são amigos, na irmandade com Jesus.
O trabalho honesto é fonte
de paz, e o desprendimento cristão é ambiente de contentamento. Quem se prende
aos bens materiais, pela avareza, fica preso a eles pelo coração. A alma,
dentro do Cristianismo, não procura os primeiros lugares nos banquetes, nem as
direções dos templos para se mostrar, por sentir no coração a igualdade da vida
e o bem-estar dos sentimentos puros.
Mateus registrou no capítulo
vinte e três, versículo seis, nos mostrando o comportamento dos que não
compreendem as leis da igualdade. Quem já conquistou a vida, não precisa
demonstrar, pois ela se expressa em irradiação feliz. Os que nada têm para dar.
Gostam do primeiro lugar nos
banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas.
Para quê? Isto é uma vaidade
ilusória, que passa sem percebermos os verdadeiros varres, que não existem
nesses casos. O que já conquistamos, a vida se encarrega de anunciar, sem ser
preciso a ansiedade da vaidade. Não é preciso se anunciar que o sol ilumina a
Terra e ajuda a dar vida aos homens, que existem as estrelas, que a existência
da vida se alicerça na água etc.
Quem entende a necessidade
de amar a Deus em todas as coisas e confia em todos os valores da vida, se
encontra integrado no todo e não lhe falta nada para viver. Tudo o que precisa,
vem por acréscimo de misericórdia.
Devemos amar a nós mesmos,
amar a nossa família, amar a sociedade, amar o ambiente em que vivemos, amar a
natureza, que esse amor nos será devolvido com grande acréscimo de vida, e vida
com abundância. E que esse amor se transforme em caridade benfeitora, que está
sempre doando e transformando tudo na verdadeira fraternidade. Comecemos
fazendo as coisas com honestidade e não vejamos em ninguém a maldade. Não nos
sintamos ofendidos com nada e tenhamos sempre um sorriso para os que conosco
vivem e trabalham, que Deus e Cristo passarão a abrir os braços ao nosso
coração, estabelecendo o céu na nossa consciência.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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