ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
929. Pessoas há, que, baldas
de todos os recursos, embora no seu derredor reine a abundância, só têm diante
de si a perspectiva da morte. Que partido devem tomar? Devem deixar-se morrer
de fome?
“Nunca
ninguém deve ter a ideia de deixar-se morrer de fome. O homem acharia sempre
meio de se alimentar, se o orgulho não se colocasse entre a necessidade e o
trabalho. Costuma-se dizer: “Não há ofício desprezível; o seu estado não é o
que desonra o homem.” Isso, porém, cada um diz para os outros e não para si.”
É o passado gritando
As pessoas que têm a ideia
de morrer de fome e não se alegram com nada, mesmo que se encontrem rodeadas de
abundância, têm o passado gritando dentro da própria consciência. Esse passado
precisa ser substituído por um presente cheio de esperança e de trabalho
honesto.
A alma desce à carne para reajustar-se diante da consciência, para limpar a mente poluída do que fez em épocas recuadas. A tristeza que assoma à sua personalidade, de vez em quando, são paixões inferiores que vêm à tona para saírem e serem transformadas, e o canal mais adequado para isto é a caridade, aquela que Jesus nos ensinou, que nada exige e que tudo abençoa, a caridade com amor.
Quando a tristeza, o medo de
tudo, as lágrimas sem explicação, a tortura mental e mesmo os infortúnios
surgirem em teus caminhos, é o passado gritando, é o mal que fizeste querendo
sair do teu coração. é, pois, a maturidade chegando para a tua felicidade. Não
tenhas dúvidas nas advertências do Cristo, nas Suas bem-aventuranças e,
principalmente para os que sofrem, que eles encontrarão o céu dentro de si
mesmos. Usa os meios que a Doutrina dos Espíritos te ensina com amor, sem
violentar, que ficarás livre, dando caminho à esperança, a te falar que existe
bem perto do teu coração a felicidade. Os livros mediúnicos estão levando a
criatura para o trabalho interior, onde existem o céu, Deus, o Cristo e mesmo
os Espíritos benfeitores ajudando-a a vencer a si mesma e a conhecer os
caminhos da felicidade.
Não se deve ter a ideia de
morrer de fome, se nada falta na economia divina. Não se deve pensar em morrer,
mas sempre em viver. Essa agressão ao Espírito é reflexo das agressões que
fizemos aos outros e que devem ser combatidas pelo contrário do que fizemos. Só
combatemos o mal pela prática do bem.
Verdadeiramente, "fora
da caridade não há salvação", porque a alma empenhada no bem comum se
sentirá feliz por trabalhar para a felicidade dos seus irmãos. O passado grita
tão somente para nos acordar e fazermos no presente o que não compreendemos em
outras reencarnações.
Se queres viver no eterno,
saiba que só ingressamos nesse estado de alma pelas portas do amor. Ama e a
felicidade começará a surgir em teu coração, iluminando-o. Ama e a paz começará
a aparecer na tua consciência, incentivando-te a que ames mais. O Espírito deve
ser um transformista em Cristo, mudando todas as coisas para o modo como Jesus
nos ensinou, pois aí reinará a felicidade.
Todas as paixões são as
virtudes ao contrário. Quando passamos a compreender essa verdade, elas
desaparecem, cedendo lugar à verdade, onde são gerados o amor e a caridade,
estabelecendo aquela paz que se enraíza no trabalho com Jesus. O passado grita,
querendo morrer, querendo mudar para o real, que é o bem comum, em cuja fonte
nascemos todos na limpidez do amor divino.
Tornamos a falar, como
"O Livro dos Espíritos", que não há ofício desprezível. Todos eles,
exercidos honestamente, têm as bênçãos d'Aquele que trabalha mais do que nós.
O Espiritismo nos chama com
veemência, para que todos nós, Espíritos e almas, coloquemos as mãos no
trabalho do bem, de modo a sermos árvores com bons frutos, alimentando aos
famintos. Disse o Divino Mestre:
E também já está posto o
machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é
cortada e lançada ao fogo. (Lucas, 3:9)
Sejamos precavidos quanto a
nossa vida, de maneira a darmos bons frutos no seu decorrer, porque o fogo
representa os sofrimentos variados para nos acordar, adubando nossos
pensamentos para que as nossas ações sejam sementes de luz, fazendo crescer em
nós árvores de amor com frutos de caridade. Que Deus nos abençoe sempre.
Fonte:
O livro dos Espíritos.
Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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