ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Decepções.
Ingratidão. Afeições destruídas
937. Para o homem de
coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade
não são também uma fonte de amarguras?
“São;
porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis: serão muito mais infelizes do
que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com
corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão
feito mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por
paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo,
injuriado e menosprezado, tratado de velhaco. Seja o bem que houverdes feito a
vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que hão recebido os
vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na
prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto
mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.”
Ingratidão
A ingratidão nos teus
caminhos será sempre um modo de testar teu coração na confiança em Deus.
Compete à alma não fugir do problema surgido à sua frente, mas resolvê-lo.
Certamente que a ingratidão fere, por vezes até aos Espíritos de ideias nobres, no entanto, eles buscam no coração e na caridade os meios de se livrarem desse magnetismo inferior lançado pelos ingratos. por estes, deve-se orar com sinceridade, pois, são mais sofredores e precisam da nossa compreensão. Jesus já disse antes que eles não sabem o que fazem.
Verdadeiramente, a
ingratidão é um teste para os teus sentimentos de amor e somente o trabalho no
bem comum, o amor e a caridade podem e têm o poder de desfazê-lo,
transformando-o em alegria e desejando que o ingrato conheça a verdade. Ninguém
resiste ao amor; ele é a força que transmuta o ferro em ouro, que transforma o
coração que odeia, em músculo divino que ama verdadeiramente.
A ingratidão vem do egoísmo,
como filha de tal desvio e sai por aí ofendendo corações despreparados. Mas,
quando ela encontra o amor, se desfaz pelas bênçãos de Deus, cedendo lugar ao
desprendimento, filho da fraternidade, e a alma reconhece que somente Jesus tem
o poder de guiar Seu rebanho para o ambiente de Deus.
Não deves desejar, mas o
egoísta encontrará nos seus caminhos a percorrer corações endurecidos, pela
justiça não imposta por ele, porém, pela natureza. É lei colhermos o que
semearmos.
Lembra-te dos grandes
personagens que estiveram ou estão na Terra, sofrendo as calúnias dos ingratos
e que, no entanto, continuam amando a todos eles. São felizes, por postarem-se
acima do mal, das injúrias e da maldade. Copia seu procedimento; essas almas se
encontram em todas as religiões, nas ciências e filosofias espiritualistas.
São cidadãos universais, que
já não usam como capas nenhuma das condições humanas, mas somente o amor, a
caridade. As suas vidas são o Evangelho aberto, qual a natureza a nos dizer,
para tudo e para todos, da paz de Deus. São como a chuva e o sol, o ar e a
água. Não escolhem por onde passam para fazerem o bem, sendo eles o próprio bem
circulando pelos canais do Cristo. Quando esses personagens saem do barco da
carne, os próprios inimigos os reconhecem como benfeitores da humanidade.
Saindo eles do barco, logo o
povo reconheceu Jesus. (Marcos, 6:54).
O povo sempre reconhece
aquele que somente trabalha para o bem comum e que nunca exige nada para si;
eis aí a alma iluminada pelo amor de Deus. Façamos o mesmo, de modo a sermos
uma fração de Cristo no coração da Terra e nos céus de todas as almas filhas de
Deus, no esquema da Luz.
Para consolo dos que são
apedrejados, é bom nos lembrarmos de que Jesus, quando andando na Terra,
amando, foi injuriado, apedrejado, cuspido, interpretado como salteador e
inimigo, mas que nunca se desviou do Seu roteiro, e para provar a certeza que
Ele tinha de amar, cedeu Sua vida na cruz, eternizando o bem e ainda perdoando
a todos sem julgá-los como malfeitores, entendendo que aqueles que O agridem
não sabem o que fazem.
Não te admires de acontecer
o mesmo contigo; são testes por que deves passar, dando-te segurança por
dentro, para tua missão junto aos que ignoram a paz. Não precisas mais de
recompensa, a não ser o bem que fazes aos outros. A tua consciência responderá
pelo que semeias. Se o céu, como diz Jesus, está dentro da alma, busca esse céu
do modo que a lei determina, e sentirás a felicidade penetrar em teu coração.
A ingratidão, de certa
maneira, é uma prova para a perseverança no bem e oportunidade para o perdão,
esquecendo as ofensas. Sejamos fortes em Deus e brandos em Cristo, que o resto
vem por acréscimo de misericórdia, e quando a luz acender em nosso coração, por
muito amarmos, estaremos livres de todas as investidas daqueles que nos
respondem pelo bem que fazemos pelas ingratidões. Novamente falamos:
Eles não sabem o que fazem.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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