ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
930. É evidente que, se não
fossem os preconceitos sociais, pelos quais se deixa o homem dominar, ele sempre
acharia um trabalho qualquer, que lhe proporcionasse meio de viver, embora
deslocando-se da sua posição. Mas, entre os que não têm preconceitos ou os põem
de lado, não há pessoas que se veem na impossibilidade de prover às suas
necessidades, em consequência de moléstias ou outras causas independentes da
vontade delas?
“Numa
sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.”
A.K.:
Com
uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode
faltar o necessário. Porém, suas próprias faltas são frequentemente resultado
do meio onde se acha colocado. Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem
social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor.”
(793)
Lei cristã
Pela lei cristã, ou seja,
pelos ensinamentos de Jesus no seu evangelho de vida, ninguém passa
necessidades, desde quando obedeça a seus preceitos no que toca à vida.
Um dos luminares da espiritualidade maior responde ao Codificador sua inteligente pergunta, de maneira simples, sem prolixidade:
Numa sociedade organizada
segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome.
Os próprios discípulos do
Senhor nada possuíam, no entanto, nada lhes faltava do essencial e todos eram
abastecidos naquilo de que precisavam. Eles viviam a verdadeira fraternidade,
onde todos trabalhavam para ser úteis aos que precisavam. Os enfermos presos
aos catres de provações recebiam igualmente tanto quanto os que trabalhavam.
Qual dos trabalhadores gostaria de trocar posição com um enfermo? O que é
melhor: trabalhar ou ficar preso ao leito? Os velhos, as crianças, os enfermos
e os indolentes precisam viver e se Deus não deixa faltar para eles o ar, a
chuva e o sol, os frutos e o teto, e mesmo o ensejo de viver na Terra, nós é
que vamos negar a nossa parte no que podemos doar-lhes?
Em verdade afirmamos que
também ainda passamos por esse estágio. O amor verdadeiro não exige, a caridade
iluminada não pede recompensa e a fé que se firma na razão não precisa do
anúncio dos homens. A supressão em nós das paixões é necessária para que a vida
corra dentro da harmonia, de modo que a consciência se apodere da paz que não
perturba o coração.
Sejamos omissos nos
julgamentos apressados e cuidemos de nós mesmos sem egoísmo, esquecendo
igualmente o orgulho em todas as suas ramificações que as paixões apresentam no
campo imenso da mente. No dia em que o Evangelho de Jesus penetrar os portais
da política e os homens que a praticam o colocarem como carta de luz na
magnitude que ele alcançou, nada vai faltar para o homem, porque Deus não dá a
miséria e, sim, dá abundância, em todos os ramos da vida que o ser humano possa
estar. Se o amor for a primeira ideia das almas dos dois planos da vida, as
enfermidades desaparecerão por simples toques das mãos, a água será remédio e o
ar dará mais vida.
Vendo-a Jesus, chamou-a e
disse-lhe:
Mulher, estás livre da tua
enfermidade. (Lucas, 13:12)
Basta uma ordem do verbo que
não se misture com as paixões inferiores, que a enfermidade, ou as enfermidades
de todos os tipos, obedeçam ao comando divino. A Doutrina dos Espíritos está
abrindo caminhos para que os homens entendam a necessidade de harmonia na mente
e no coração, passo divino que ele próprio deve dar, buscando sua própria
felicidade.
A Doutrina que vai dominar o
mundo é a do Cristo, onde o amor e a caridade se expressam como a presença de
Deus. A sociedade deve se organizar segundo a lei do Cristo, para que no
planeta vigore a paz e nada falte para ninguém.
Trabalhemos, pois, para
estabilizar a harmonia na Terra, que ela é mãe dadivosa e santa. Do seu seio
fecundo brotarão vidas que alimentam as vidas maiores, pelo influxo do amor dos
próprios homens. Podes esperar a volta do Cristo, essa é uma verdade, mas,
desta vez no reino dos corações, de modo que o homem, à espera dessa visita,
mude seu proceder e limpe a sua casa interna, para que o mundo e o ambiente em
seu derredor igualmente se transformem, passando a ser o paraíso esperado, e o
céu sairá dos corações dos homens, para o coração da Terra. Assim será
inconcesso todo tipo de desarmonia, e o ser humano avançará para a plenitude da
vida, respirando no ambiente da verdadeira felicidade.
Fonte:
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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