ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Desgosto
da vida. Suicídio
953. Quando uma pessoa vê
diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns
instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
“É
sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência.
E quem poderá estar certo de que, mau grado às aparências, esse termo tenha
chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”
a) - Concebe-se que, nas
circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável; mas, estamos figurando o
caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns
instantes.
“É
sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador.”
b) - Quais, nesse caso, as consequências
de tal ato?
“Uma
expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de acordo com as circunstâncias.”
Abreviando o fim
É sempre culpado aquele que
não aguarda o fim da sua existência e a interrompe por desespero. Quem sabe
quando é o fim? Somente o Senhor tem conhecimento. Quantas e quantas pessoas se
encontram à beira da desencarnação e voltam à vida normal? Como ficariam, se
tirassem a vida, por acharem que já se encontravam no fim da sua existência? Os
desígnios de Deus, só Ele os sabe. Compete ao homem e mesmo a nós no plano
espiritual, obedecer às leis que vigoram sob a ação do pensamento do Criador.
Vivemos em todos os planos,
por vezes inconscientes, para conquistarmos a tranquilidade da consciência, aquela
que com nada se perturba. Eis aí o céu dentro da alma. Mas, enquanto não
chegarmos a esse estado, haveremos de passar por muitas tribulações, e a Terra
é lugar delas, nos apresentando muitos convites ao mal.
Jesus não faltou com a Sua
presença no meio dos homens, para adverti-los sobre como se livrarem do mal,
conquistando o bem, amando para se esquecerem do ódio, e perdoando para
desconhecerem a violência. Todos os homens passam por provas e expiações, de
acordo com a gravidade das suas ações no passado, em processos de despertamento
espiritual.
A vida nos dá uma proteção
incalculável pela lei de justiça. Não percas a paciência em momento algum,
porque Deus se encontra fora e dentro de nós, nos falando e fazendo-se
entendido sobre as leis a serem obedecidas. Aquele companheiro que já reconhece
o Cristo interno como sendo motivo de glória, deve dar a sua vida em favor de
muitos que o cercam, e não tirar a sua própria vida.
Tal como o filho do homem,
que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por
muitos. (Mateus, 20:28)
Estendamos, pois, a nossa
vida, em benefício dos que nos cercam, ajudando-os a se livrarem das investidas
das trevas. Esta é a nossa missão, e não a de cortar o fio da vida na carne,
por simples tentações que, por vezes, chegam aos nossos ouvidos.
Quem ouvir as insinuações do
mal é sempre culpado, por ter recebido a razão para discernir. Passa adiante e
serve em nome de Jesus; passa adiante e ajuda em nome do Mestre; passa adiante
e orienta pelos processos do amor, porque a caridade é pródiga em modalidades
de ser útil.
Em minutos podes desviar uma
vida do mal, fazendo a alma meditar nos valores do bem. Faze isso e serás
feliz, dentro da felicidade d'Aquele que é a vida, a verdade e o amor. Nunca
penses na morte, pois ela não existe. Transforma-a em vida, que nessa
transformação a luz brotará em teu coração, como sendo o coração do Cristo.
É sempre culpado aquele que
conhece os processos de fazer o bem e não faz, que conhece o perdão e não
perdoa, que conhece o amor e não ama. O suicídio tem várias faixas de
culpabilidade, e não deves pertencer a nenhuma delas. Escuta o chamado e sê o
escolhido de Deus, para semear a vida por onde passares. Assim, a vida mais
ampla te acompanhará, sendo integrada no teu ser, como bênção de Deus para a
tua verdadeira paz.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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