ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
927. Não há dúvida que, à
felicidade, o supérfluo não é forçosamente indispensável, porém o mesmo não se
dá com o necessário. Ora, não será real a infelicidade daqueles a quem falta o
necessário?
“Verdadeiramente
infeliz o homem só o é quando sofre a falta do necessário à vida e à saúde do
corpo. Todavia, pode acontecer que essa privação seja de sua culpa. Então, só
tem que se queixar de si mesmo. Se for ocasionada por outrem, a
responsabilidade recairá sobre aquele que lhe houver dado causa.”
Felicidade na terra
Há muitas mensagens dizendo
aos homens que não existe felicidade na Terra ou, melhor dizendo, que não
existe felicidade em relação à vida humana. No entanto, essa felicidade existe
na computação de valores.
O Espírito notadamente é rico interiormente, por ser obra de Deus, porém, os valores de que falamos estão em estado de inércia, de modo que o tempo possa despertá-los no ambiente de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A humanidade se encontra
passando por fase de transição, onde o homem é bom e mau, sorri e chora,
abençoa e maldiz, alegra-se e alimenta a tristeza, ama e odeia, perdoa e vinga,
e assim por diante. É por essas condições que não há lugar para a felicidade,
todavia, sabe-se que ela existe, principalmente o espírita e demais
espiritualistas.
A nossa grandeza, como sentimos,
é em dizer que Jesus é o caminho da nossa felicidade, é a vida para a nossa
felicidade, é a verdade que nos mostra a felicidade. No mundo terreno, nós
encontramos o homem que tem saúde e depois sofre, outros, com muitos haveres
materiais e sofrendo a falta do necessário. Eis porque o ambiente terreno turva
o coração no que se diz do bem-estar e da tranquilidade da consciência. Mas,
estamos andando rumo à paz interior, e estamos muito alegres por ver e sentir
muitos investidos na carne já trabalhando na intimidade da consciência e do
coração para o aprimoramento individual, combatendo a desarmonia interior, para
que haja lugar para o sol do amor.
Em tudo é preciso que haja
equilíbrio. A riqueza em demasia pode provocar distúrbios incontáveis, e a pobreza,
do mesmo modo. Todas as duas posições nos mostram insatisfação, de maneira a
criar instabilidade nos caminhos a percorrer. O que se encontra mais ou menos
feliz, sentindo mais de perto que existe a paz, é aquele a quem nada falta para
a sua vida material, mas que não comete o desperdício da economia divina pelas
suas mãos.
Falamos aos ricos que devem
saber usar seus bens materiais. Condições para tanto existem em toda parte, e
aos pobres, que confiem em Deus, que Ele, o Senhor do Universo, tem tudo com
abundância e nunca dá pedra àquele que pede pão. Sê tolerante e paciente em
todas as situações, que Ele sabe o que fazer em teu favor e ninguém fica órfão
na Sua grande casa, onde todos somente recebem o que merecem para a educação
espiritual.
Quase sempre as faltas que
sofres são por culpa dos que sofrem essas privações por não saberem respeitar
as leis de harmonia. Tudo o mais constitui processo de despertamento
espiritual. Ainda precisamos muito da dor, pois ela acorda em nós valores que
depois nos farão agradecer a sua cooperação divina.
Neste amanhecer da alma, o
que se passa nos nossos caminhos é para nos levar para a verdade que sempre nos
liberta. O Espírito deve se empenhar no esforço próprio, que ele tem a força de
aliviar o fardo e suavizar o jugo. A Doutrina Espírita tem ajudado muito aos
que se interessam por ela, facilitando os meios da alma educar a si mesma e
compreender as leis que, na sutilidade da vida, regem a toda a humanidade.
Se o teu sofrimento, se os
teus infortúnios e a tua dor forem ocasionados por outros, não deves esmorecer
por isso, nem condená-los, porque sofrerás o equivalente do que precisas para
enriquecer a alma, despertando em seguida a fé e o amor em teu coração. Aquele
que te fez sofrer responderá pelos seus atos, hoje ou amanhã, no entanto, se
desejas que ele pague pelo que fez, também pagarás com ele, porque somente
existe um juiz na justiça divina: Deus.
Sê cauteloso nos teus
sentimentos, na averiguação dos teus sofrimentos; eles são mensagens que vêm ao
teu coração no silêncio da natureza.
Também soldados lhe
perguntaram: E nós, que faremos? E Ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não
deis denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo. (Lucas, 3:14)
Essa resposta de Jesus aos
soldados daquela época serve perfeitamente para todos os trabalhadores de hoje,
lhes dizendo que se contentem com o seu soldo. Quanto mais revolta, mais
dificuldades passarão todos os povos, e "a ninguém maltrateis", é um
aviso de que devemos amar.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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