AS
LEIS MORAIS
CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE
Fatalidade
863. Os costumes sociais não
obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro
e não se acha ele submetido à direção da opinião geral, quanto à escolha de
suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui óbice ao exercício
do livre-arbítrio?
“São
os homens e não Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem,
é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio,
pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que,
então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. A culpa
de tudo devem lançá-la ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz
preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes leva em conta esse
sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o
sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva
afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais
originalidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém
ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto acerto em descer
voluntariamente e sem murmurar, desde que não possa manter-se no alto da escala.”
Costumes sociais
Os costumes sociais dos homens foram feitos pelos próprios homens, por aquiescência de Deus, porque as leis sociais são transitórias e as leis de Deus são eternas como Ele. Então, é dado aos Seus filhos fazer as suas próprias leis, de acordo com a evolução humana.
Não poderiam as almas
revestidas do fluido da carne, compreender de imediato as leis de Deus na sua
profundidade e praticá-las. A verdade chega às criaturas na gradação que elas
possam suportar. Essa é, pois, a justiça. Como exigir das crianças a
compreensão dos adultos? Os costumes sociais que se notam no mundo e que se
expressam diferentemente em cada país, constituem disciplina que seu povo
suporta. Se não existissem eles, ficaria a humanidade sem freio, o que
corresponde a uma calamidade.
As leis humanas sempre têm
algo das divinas; quem tiver a curiosidade de verificar, notará certa analogia
aqui e ali, como princípio de educação para a humanidade. Deus não desampara a
ninguém e usa de todos os recursos para a paz de todos os Seus filhos. Enquanto
estamos sem rumo, sofremos as consequências dos desvios, e isso é um
aprendizado para todos nós. João anotou, no capítulo três, versículo vinte:
Porquanto todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz, e não vem para a luz a
fim de não serem arguidas as suas obras.
As próprias leis humanas são
avisos de Deus para que os homens se afastem do mal, para que não sejam
arguidas as suas obras do mal. Em tudo podes notar o chamamento da alma para o
bem mas, é preciso ter ouvidos para ouvir e olhos para ver. Para tanto,
necessária se faz a maturidade do Espírito, e essa maturidade verte, como já
falamos, das mãos de Deus pelos processos do tempo e do espaço. O homem
obediente às leis humanas já está a caminho da sua paz interior e depois passa
a conhecer melhor as leis imutáveis de Deus.
São os homens que fazem as
suas próprias leis, bem o sabes, mas tudo inspirado pelos benfeitores da
eternidade, porque, diz o apóstolo, tudo vem do Senhor. Ainda somos carentes de
disciplina, de educação, para depois sentir o amor e vivê-lo. Somente o tempo
nos mostra que deveremos amar a Deus em todas as coisas e sobre todas as
coisas. O amor ao próximo é consequência do amor a Deus. O homem sente-se feliz
em ter o livre arbítrio de fazer as suas próprias leis, porque elas dão certo
resultado e com o tempo passam a condicionar as almas vestidas de carne nos
princípios do bem e no respeito aos outros.
Temos direitos, mas nesta
sequencia aparecem deveres igualmente. Quem pratica o mal, aborrece a Luz, por
ser ele contrário à verdade, no entanto, é caindo nas trevas que damos valor às
claridades que vêm do Criador. Aos espíritas, estão sendo mandadas mensagens
para mostrar o valor da harmonia da mente, de maneira a criar a paz na
intimidade do coração. O espírita não pode aborrecer a Luz, por entender a
verdade mais acentuada. Nós te pedimos para ler o Evangelho com mais atenção,
meditar nesta obra maravilhosa, que de suas letras poderá sair a força divina,
de modo a te fazer compreender e escolher os caminhos que deverão ser
trilhados, escolher as sementes que deverão ser semeadas na vida.
Deves ser tolerante com os
irmãos menos avisados. Disse Jesus: "Eles não sabem o que fazem". Os
que hoje encontraram a paz interior, já foram, em outras épocas, atribulados.
Ninguém se perde, pois todos são filhos de Deus, e todos, sem exceção,
encontrarão a esperança, para a conquista do céu interno, para que o céu
exterior se apresente como expressão da Divindade na consciência e no coração.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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