ESPERANÇAS
E CONSOLAÇÕES
CAPÍTULO
I – PENAS E GOZOS TERRESTRES
Felicidade
e infelicidade relativas
926. Criando novas
necessidades, a civilização não constitui uma fonte de novas aflições?
“Os
males deste mundo estão na razão das necessidades factícias que vos criais. A
muitos desenganos se poupa nesta vida aquele que sabe restringir seus desejos e
olha sem inveja para o que esteja acima de si. O que menos necessidades tem,
esse o mais rico. “Invejais os gozos dos que vos parecem os felizes do mundo.
Sabeis, porventura, o que lhes está reservado? Se os seus gozos são todos
pessoais, pertencem eles ao número dos egoístas: o reverso então virá. Deveis,
de preferência, lastimá-los. Deus algumas vezes permite que o mau prospere, mas
a sua felicidade não é de causar inveja, porque com lágrimas amargas a pagará.
Quando um justo é infeliz, isso representa uma prova que lhe será levada em
conta, se a suportar com coragem. Lembrai-vos destas palavras de Jesus:
Bem-aventurados os que sofrem, pois que serão consolados.”
Novas aflições
A moderna civilização é
fonte de novas aflições que torturam o homem cada vez mais, pelas necessidades
fictícias que ele próprio cria e que o perseguem nos seus caminhos. Nós criamos
as nossas aflições, e elas nos servem como escolas, porque a vida, a natureza,
aproveita tudo e transforma em experiências valiosas.
Quantas reencarnações já tivemos em variados países, onde recolhemos ensinamentos que servem hoje de alicerce para a nossa paz? Tudo é de tal modo comum, que devemos perguntar a todos quais os Espíritos que passaram pela Terra, e que não criaram novas aflições em seu aprendizado. Eis aí um sistema de despertamento espiritual que nunca foi mudado. Somente acordamos pelo método das aflições. Queiramos ou não, passamos por elas. Este é um processo de acordar que usa a espiritualidade maior, a qual também passou pelos mesmos caminhos.
Se hoje os Espíritos
elevados vivem na plenitude da consciência imperturbável, como eram ontem? é
neste sentido que os benfeitores espirituais, em relação a nós outros, têm
muita tolerância com as nossas faltas. Se assim podemos dizer, eles passaram
pelas mesmas aflições, mas Deus é sempre Pai amoroso e santo, bom e justo, que
não dá pedra a quem pede peixe. Não deves invejar aos outros em situação bem
melhor que a tua, porque não sabes o que se encontra reservado para eles, nem
tão pouco para ti.
As situações são mutáveis em
todos os campos do crescimento e as escalas são variadas, sendo necessário que
subamos todos os degraus. Não invejes os gozos dos que te parecem felizes. Cada
um tem necessidades diferentes, por estarmos em diferentes estados espirituais.
Cada um recebe somente o de que precisa, para a sua paz espiritual.
Deus, às vezes, permite que
o homem ignorante prospere e se mostre feliz. Não invejes seu lugar na vida;
ele pode estar passando ou começando a entrar por duras provas. O aprendizado
tem variações. Cuida da tranquilidade de consciência, da riqueza espiritual e
deixa fluir pelo teu coração a paz que Jesus sempre te dá. Se os gozos que
cobiças forem pessoais, isso é fonte do egoísmo que precisa ser mudado.
Sê cauteloso na análise dos
sentimentos, para que não venhas a cair em novas tentações. Se restringes as
tuas necessidades, os desenganos começam a desaparecer como por encanto.
Existem muitas ilusões, que devem ser extirpadas pela simplicidade. Convém a
todas as criaturas viver mais modestamente, para não criarem embaraços nos
próprios caminhos.
Deves olhar sem inveja o
rico, se és pobre, e não maltrates o pobre, se és rico. Todas as duas posições
são extremos que devem ser reparados. Certo sábio da antiguidade aconselhou,
para o bem dos corações, o caminho do meio. Deus permite que passemos por todos
os caminhos, por sermos todos iguais, de modo a alcançarmos todas as
experiências na sequencia da vida.
Quando um justo é feliz, a
sua felicidade é verdadeira, porque ele já passou por todas as tribulações que
educam e instruem.
Quando Jesus disse:
"Bem-aventurados os que sofrem", é porque todos os sofrimentos levam
à criatura a paz de consciência, se não em uma reencarnação, mas nas quantas
forem necessárias. Deus não tem pressa, mas não para de ajudar.
Deves suportar tudo com
coragem, mesmo as duras provas, pelas forças que já alcançaste, que alguém
invisível vem te ajudar a carregar a tua cruz, no silêncio peculiar aos que já aprenderam
a amar.
As novas aflições são para
os que ainda dormem, não para os que acordaram para a luz do amor e da
caridade. Se tu tens necessidade de sentir Deus para o teu bom andamento na
vida, deves procurar a Jesus.
E quem me vê a mim, vê
aquele que me enviou. (João, 12:45)
Procurar a Jesus é encontrar
a Deus, porque o Mestre trouxe para os homens todas as respostas das perguntas
feitas para a felicidade das almas.
Fonte:
O livro dos
Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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