Evangelho segundo João - cap. 17

Jesus ora por si mesmo

1. Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti,

Sempre Jesus se referiu a “glorificar o Pai”, pois nada pretendia para si. A prece que se segue é de extrema importância para o conhecimento dos discípulos de todos os tempos. Jesus agradece ao Pai e lhe endereça pedidos em favor dos seus continuadores. Antes de enfrentar o sacrifício máximo, orou ao Pai. Assim devemos proceder quando estivermos próximos dos testemunhos que temos de dar na nossa vida: ao invés de ficarmos na horizontalidade das reflexões simplesmente cerebrinas, devemos entregar nossa alma a Deus, que, através dos seus emissários, que são os Espíritos Superiores, nos darão o refrigério e a confiança para arrostar o perigo e cumprirmos o que nos compete realizar no bem. O evangelista transcreve a maravilhosa prece.

2. e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste.

Jesus pediu ao Pai que todos fossem tocados pelo sacrifício que seria apresentado publicamente, com o fim de comover e abalar as estruturas psíquicas e emotivas de todas as criaturas da Terra. Se muitos pregaram o bem, Ele morreria pelo bem: eis a pedagogia infalível!

3. Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.

Na sua oração afirma que sabe ser a prioridade que a humanidade conheça a Deus. Na verdade, o primeiro passo é reconhecê-lo para, com a evolução espiritual, conhecê-lo mais. Somente os Espíritos Superiores conhecem a Deus; nós o reconhecemos, ou seja, sabemos que Ele existe.

4. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.

Jesus se afirmou com a consciência do dever cumprido.

5. Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado.

Jesus pedia a Deus que lhe desse força suficiente para enfrentar o testemunho supremo da flagelação que sofreria até a desencarnação, redundando em aprendizado para a humanidade.

6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e tu mos deste e guardaram a tua palavra.

Cumpriu sua missão de convencer muitos de que o Pai é uma realidade, pois muitos o tinham como mero ponto de crença cega, pairando muitas dúvidas. Depois de Jesus, não haveria mais como alguém, em sã consciência, negar a existência, o amor e o poder de Deus, que tinham se manifestado através das curas, dos prodígios e, principalmente, das lições de Jesus, gravadas no íntimo daquelas almas pela sua força mental e pela exemplificação diária.

7. Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti.

Sempre a preocupação em afirmar que bom e grande é Deus e não Ele, Jesus, mero intermediário. No Evangelho de João se vê que Jesus reforçou o que Moisés e os profetas antigos tinham difundido, ou seja, a existência de Deus, apenas que o divino Mestre mostrou um Deus imaterial, amoroso e poderoso, muito mais próximo da realidade do que seus precursores fizeram. Também é de se levar em conta que Jesus era Seu Médium e tinha condições de muito melhor falar sobre Ele que os outros, que conheciam Deus através das Revelações a eles feitas por Jesus, o Governador da Terra. Nenhum daqueles tinha contato direto com Deus, e somente Jesus o tinha, pela sua condição de perfeição relativa além de qualquer avaliação terrestre.

8. Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste.

Jesus consolidou a crença em Deus e ficou patenteado que era seu único médium em relação aos Espíritos terrestres. Moisés e Elias se materializaram no monte Tabor ao lado de Jesus para mostrarem que eram discípulos de Jesus e que ninguém deveria crer neles mais do que em Jesus. Somente não entendeu isso quem não tinha “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”.

9. Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.

Jesus rogava ao Pai em favor da humanidade toda, pois todos somos suas ovelhas, que Ele tinha de encaminhar rumo a Deus, através das sucessivas reencarnações.

10. Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado.

A unidade de Jesus com Deus decorria da sua obediência total. Quem decide por si, está sozinho, mas quem obedece às determinações dos Espíritos Superiores realiza grandes feitos, normalmente imponderáveis e invisíveis aos olhos e ouvidos materiais dos outros, que não enxergam nem ouvem as verdades do mundo espiritual.

11. Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo, eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós.

Jesus pedia ao Pai que iluminasse a inteligência e o coração de todos, para que evoluíssem e não ficassem marcando passo no apego aos interesses mundanos.

12. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

Não estaria mais ao alcance dos sentidos materiais dos encarnados, por isso pedia ao Pai que tivesse piedade deles, para que, mesmo sem ver a Ele, Jesus, se mantivessem ligados a Ele pelos fios invisíveis, mas poderosíssimos, do pensamento.

13. Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria.

Pedia que sua alegria invadisse todos os corações e os plenificasse na confiança no bem.

14. Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.

Agora, referia-se aos seus discípulos, pedindo ao Pai que os protegesse contra as perseguições das ovelhas desgarradas, que lhes procurariam impedir o cumprimento da missão de difundir a Boa Nova.

15. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal.

Pediu que os mantivessem entre os maus para ensinar-lhes o bem, principalmente pelo exemplo de vida correta e idealista, impedindo que fossem atingidos por eles e que também se mantivessem fiéis ao bem.

16. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.

Esses alunos do bem não se deixavam atrair pelas ilusões mundanas, pois já tinham evoluído e seriam os continuadores do Mestre na demonstração prática de que há valores definitivos, que compensa conquistar em lugar dos transitórios benefícios da vida material, que, por mais longa que seja, passa muito rápido. Somente somos donos de nós mesmos, ou seja, da nossa realidade espiritual.

17. Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.

Pediu que os plenificasse com a verdade, que liberta da ignorância e que, praticada, livra do mal, que está dentro de cada um que não realizou a autorreforma moral.

18. Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

A partir dali, deixariam de ser alunos, em regime de aprendizado teórico, e passariam à condição de praticantes das lições estudadas. O Mestre estaria à distância, socorrendo-lhes as necessidades, mas eles teriam de enfrentar a missão que trouxeram à encarnação.

19. Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.

Jesus lhes transmitia a responsabilidade de continuadores.

Jesus ora pelos futuros discípulos

20. Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.

Jesus pediu ao Pai que iluminasse os que aguardavam à distância, a palavra e os exemplos dos discípulos. A revelação vem do alto e desce degrau por degrau até chegar aos mais primitivos. Em cada degrau se encontram discípulos daquele nível evolutivo, que a repassam aos do degrau imediatamente abaixo e assim por diante. O que sabemos da verdade veio descendo muitos degraus até chegar à nossa capacidade de compreensão.

21. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.

Com a evolução, todos alcançarão um mínimo de compreensão para saberem da existência de Deus e compreenderem suas Leis conforme seu respectivo grau. Quando a Terra passar à categoria de mundo de regeneração não haverá tanta disparidade entre os menos e os mais evoluídos, pois os rebeldes estarão habitando um mundo inferior. Então, seremos, relativamente, um só, com Jesus e com Deus, pois todos, do menos ao mais evoluídos, viveremos em função do Bem.

22. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:

A sintonia no bem faz com que Jesus e cada um de nós estejamos harmonizados, apesar da imensa distância evolutiva existente: a questão é a escolha entre o bem ou o mal. O mais são consequências do tempo de dedicação ao bem, daí se podendo entender por que o Senhor da vinha pagou o mesmo salário aos trabalhadores da primeira e da última hora. Estes últimos sintonizaram no bem na última hora, mas passaram a fazer parte da vasta falange do bem.

23. eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.

Essa unidade existirá daqui a alguns anos ou séculos na Terra, mas cada um é responsável pelo ingresso dessa falange e ninguém pode fazer o papel de outrem, pois cada um anda com os próprios pés.

24. Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo.

Jesus pediu ao Pai que suas lições ficassem gravadas para sempre na mente e no coração de todas as suas ovelhas, a fim de que se decidissem pelo bem e evoluíssem. Assim realmente aconteceu, pois nunca poderá ser esquecida a trajetória terrena do Governador do planeta, uma vez que seus emissários, dos mais variados níveis, estarão sempre relembrando-a.

25. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste.

Na verdade, somente quem alcançou um determinado grau expressivo de evolução tem condições de entender Deus. Conhecê-lo, porém, somente Jesus e, presumivelmente, sua Mãe.

26. Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.

Jesus afirmou ao Pai ser seu propósito continuar a difundir a crença na sua paternidade à humanidade para sempre.

Fonte:

O Evangelho de João na visão espírita (e-book)

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