Jesus ora por si mesmo
1. Jesus afirmou essas
coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora.
Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti,
Sempre
Jesus se referiu a “glorificar o Pai”, pois nada pretendia para si. A prece que
se segue é de extrema importância para o conhecimento dos discípulos de todos
os tempos. Jesus agradece ao Pai e lhe endereça pedidos em favor dos seus
continuadores. Antes de enfrentar o sacrifício máximo, orou ao Pai. Assim
devemos proceder quando estivermos próximos dos testemunhos que temos de dar na
nossa vida: ao invés de ficarmos na horizontalidade das reflexões simplesmente
cerebrinas, devemos entregar nossa alma a Deus, que, através dos seus
emissários, que são os Espíritos Superiores, nos darão o refrigério e a
confiança para arrostar o perigo e cumprirmos o que nos compete realizar no bem.
O evangelista transcreve a maravilhosa prece.
2. e para que, pelo poder
que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles
que lhe entregaste.
Jesus
pediu ao Pai que todos fossem tocados pelo sacrifício que seria apresentado
publicamente, com o fim de comover e abalar as estruturas psíquicas e emotivas
de todas as criaturas da Terra. Se muitos pregaram o bem, Ele morreria pelo bem:
eis a pedagogia infalível!
3. Ora, a vida eterna
consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que
enviaste.
Na
sua oração afirma que sabe ser a prioridade que a humanidade conheça a Deus. Na
verdade, o primeiro passo é reconhecê-lo para, com a evolução espiritual,
conhecê-lo mais. Somente os Espíritos Superiores conhecem a Deus; nós o
reconhecemos, ou seja, sabemos que Ele existe.
4. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.
Jesus
se afirmou com a consciência do dever cumprido.
5. Agora, pois, Pai,
glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes
que o mundo fosse criado.
Jesus
pedia a Deus que lhe desse força suficiente para enfrentar o testemunho supremo
da flagelação que sofreria até a desencarnação, redundando em aprendizado para
a humanidade.
6. Manifestei o teu nome aos
homens que do mundo me deste. Eram teus e tu mos deste e guardaram a tua
palavra.
Cumpriu
sua missão de convencer muitos de que o Pai é uma realidade, pois muitos o
tinham como mero ponto de crença cega, pairando muitas dúvidas. Depois de
Jesus, não haveria mais como alguém, em sã consciência, negar a existência, o amor
e o poder de Deus, que tinham se manifestado através das curas, dos prodígios
e, principalmente, das lições de Jesus, gravadas no íntimo daquelas almas pela
sua força mental e pela exemplificação diária.
7. Agora eles reconheceram
que todas as coisas que me deste procedem de ti.
Sempre
a preocupação em afirmar que bom e grande é Deus e não Ele, Jesus, mero intermediário.
No Evangelho de João se vê que Jesus reforçou o que Moisés e os profetas
antigos tinham difundido, ou seja, a existência de Deus, apenas que o divino
Mestre mostrou um Deus imaterial, amoroso e poderoso, muito mais próximo da
realidade do que seus precursores fizeram. Também é de se levar em conta que
Jesus era Seu Médium e tinha condições de muito melhor falar sobre Ele que os
outros, que conheciam Deus através das Revelações a eles feitas por Jesus, o
Governador da Terra. Nenhum daqueles tinha contato direto com Deus, e somente
Jesus o tinha, pela sua condição de perfeição relativa além de qualquer
avaliação terrestre.
8. Porque eu lhes transmiti
as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram
verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
Jesus
consolidou a crença em Deus e ficou patenteado que era seu único médium em
relação aos Espíritos terrestres. Moisés e Elias se materializaram no monte
Tabor ao lado de Jesus para mostrarem que eram discípulos de Jesus e que
ninguém deveria crer neles mais do que em Jesus. Somente não entendeu isso quem
não tinha “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”.
9. Por eles é que eu rogo.
Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
Jesus
rogava ao Pai em favor da humanidade toda, pois todos somos suas ovelhas, que
Ele tinha de encaminhar rumo a Deus, através das sucessivas reencarnações.
10. Tudo o que é meu é teu,
e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado.
A
unidade de Jesus com Deus decorria da sua obediência total. Quem decide por si,
está sozinho, mas quem obedece às determinações dos Espíritos Superiores
realiza grandes feitos, normalmente imponderáveis e invisíveis aos olhos e
ouvidos materiais dos outros, que não enxergam nem ouvem as verdades do mundo
espiritual.
11. Já não estou no mundo,
mas eles estão ainda no mundo, eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo,
guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que
sejam um como nós.
Jesus
pedia ao Pai que iluminasse a inteligência e o coração de todos, para que
evoluíssem e não ficassem marcando passo no apego aos interesses mundanos.
12. Enquanto eu estava com
eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei
os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que
se cumprisse a Escritura.
Não
estaria mais ao alcance dos sentidos materiais dos encarnados, por isso pedia
ao Pai que tivesse piedade deles, para que, mesmo sem ver a Ele, Jesus, se
mantivessem ligados a Ele pelos fios invisíveis, mas poderosíssimos, do
pensamento.
13. Mas, agora, vou para
junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham
a plenitude da minha alegria.
Pedia
que sua alegria invadisse todos os corações e os plenificasse na confiança no bem.
14. Dei-lhes a tua palavra,
mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do
mundo.
Agora,
referia-se aos seus discípulos, pedindo ao Pai que os protegesse contra as
perseguições das ovelhas desgarradas, que lhes procurariam impedir o
cumprimento da missão de difundir a Boa Nova.
15. Não peço que os tires do
mundo, mas sim que os preserves do mal.
Pediu
que os mantivessem entre os maus para ensinar-lhes o bem, principalmente pelo
exemplo de vida correta e idealista, impedindo que fossem atingidos por eles e
que também se mantivessem fiéis ao bem.
16. Eles não são do mundo,
como também eu não sou do mundo.
Esses
alunos do bem não se deixavam atrair pelas ilusões mundanas, pois já tinham
evoluído e seriam os continuadores do Mestre na demonstração prática de que há
valores definitivos, que compensa conquistar em lugar dos transitórios
benefícios da vida material, que, por mais longa que seja, passa muito rápido.
Somente somos donos de nós mesmos, ou seja, da nossa realidade espiritual.
17. Santifica-os pela
verdade. A tua palavra é a verdade.
Pediu
que os plenificasse com a verdade, que liberta da ignorância e que, praticada,
livra do mal, que está dentro de cada um que não realizou a autorreforma moral.
18. Como tu me enviaste ao
mundo, também eu os enviei ao mundo.
A
partir dali, deixariam de ser alunos, em regime de aprendizado teórico, e
passariam à condição de praticantes das lições estudadas. O Mestre estaria à
distância, socorrendo-lhes as necessidades, mas eles teriam de enfrentar a
missão que trouxeram à encarnação.
19. Santifico-me por eles
para que também eles sejam santificados pela verdade.
Jesus
lhes transmitia a responsabilidade de continuadores.
Jesus ora pelos futuros discípulos
20. Não rogo somente por
eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.
Jesus
pediu ao Pai que iluminasse os que aguardavam à distância, a palavra e os
exemplos dos discípulos. A revelação vem do alto e desce degrau por degrau até
chegar aos mais primitivos. Em cada degrau se encontram discípulos daquele
nível evolutivo, que a repassam aos do degrau imediatamente abaixo e assim por
diante. O que sabemos da verdade veio descendo muitos degraus até chegar à
nossa capacidade de compreensão.
21. Para que todos sejam um,
assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em
nós e o mundo creia que tu me enviaste.
Com
a evolução, todos alcançarão um mínimo de compreensão para saberem da
existência de Deus e compreenderem suas Leis conforme seu respectivo grau.
Quando a Terra passar à categoria de mundo de regeneração não haverá tanta
disparidade entre os menos e os mais evoluídos, pois os rebeldes estarão
habitando um mundo inferior. Então, seremos, relativamente, um só, com Jesus e
com Deus, pois todos, do menos ao mais evoluídos, viveremos em função do Bem.
22. Dei-lhes a glória que me
deste, para que sejam um, como nós somos um:
A
sintonia no bem faz com que Jesus e cada um de nós estejamos harmonizados,
apesar da imensa distância evolutiva existente: a questão é a escolha entre o bem
ou o mal. O mais são consequências do tempo de dedicação ao bem, daí se podendo
entender por que o Senhor da vinha pagou o mesmo salário aos trabalhadores da
primeira e da última hora. Estes últimos sintonizaram no bem na última hora,
mas passaram a fazer parte da vasta falange do bem.
23. eu neles e tu em mim,
para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os
amaste, como amaste a mim.
Essa
unidade existirá daqui a alguns anos ou séculos na Terra, mas cada um é
responsável pelo ingresso dessa falange e ninguém pode fazer o papel de outrem,
pois cada um anda com os próprios pés.
24. Pai, quero que, onde eu
estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que
me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo.
Jesus
pediu ao Pai que suas lições ficassem gravadas para sempre na mente e no
coração de todas as suas ovelhas, a fim de que se decidissem pelo bem e
evoluíssem. Assim realmente aconteceu, pois nunca poderá ser esquecida a
trajetória terrena do Governador do planeta, uma vez que seus emissários, dos
mais variados níveis, estarão sempre relembrando-a.
25. Pai justo, o mundo não
te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste.
Na
verdade, somente quem alcançou um determinado grau expressivo de evolução tem
condições de entender Deus. Conhecê-lo, porém, somente Jesus e,
presumivelmente, sua Mãe.
26. Manifestei-lhes o teu
nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja
neles, e eu neles.
Jesus
afirmou ao Pai ser seu propósito continuar a difundir a crença na sua paternidade
à humanidade para sempre.
Fonte:
O Evangelho de João na visão espírita (e-book)
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