Evangelho segundo João - cap. 1

A encarnação do Verbo

1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.

Uma das características de Deus é sua eternidade, tendo criado, com caráter de perpetuidade, tudo que existe por força da sua vontade soberana, enquanto que suas criaturas modificam, os elementos existentes, através da sua atuação, sendo que os mais evoluídos realizam esse trabalho pela força do pensamento, como é o caso de Jesus, Espírito Puro, Luz Total, sem nenhuma sombra, que merece o contato direto com Deus.

2. Ele estava no princípio junto de Deus.

Jesus é um Espírito muito antigo, pertencendo à categoria dos Espíritos Puros desde antes da formação da Terra. O “princípio” a que se refere o evangelista é a época da formação da Terra.

3. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.

Jesus formou a Terra, conforme narra o Espírito Emmanuel em “A Caminho da Luz”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, mas utilizou os elementos já existentes no Universo.

4. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.

Jesus mesmo afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. É preciso entendermos quando o evangelista se refere a Deus e quando informa sobre Jesus. A precariedade da linguagem da época não lhe permitia ser mais explicativo do que o foi.

5. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Jesus, que é a Luz para a nossa humanidade, não foi compreendido até a atualidade por mais da metade da população da Terra.

6. Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.

Trata-se de João, o Batista, um dos missionários enviados por Jesus para anunciá-lo como o Messias esperado, aliás, baseando-se nas informações dos antigos profetas, que forneceram os dados identificadores do Messias, que iria encarnar, a fim de que ninguém pudesse, em são consciência e de boa fé, ignorar que seria Jesus o Messias.

(Mateus, 3:1; Marcos, 1:4; Lucas, 3:1,2)

7. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.

A principal tarefa do Batista era identificar, para o povo mais simples, Jesus como sendo o Messias, devendo deter em si, para tanto, credibilidade suficiente para sua afirmativa ser levada em conta. O Batista era tido e havido como um homem santo, dedicado a Deus, não por acaso primo de Jesus.

8. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

Ressalta novamente qual a missão do Batista, que era “dar testemunho da luz”, que é Jesus.

9. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.

Jesus (o Verbo) veio trazer para a humanidade terrestre o conhecimento mais avançado das Leis Divinas. Todavia, não circunscreveu suas lições aos “iniciados” e eruditos, mas procurou diretamente as pessoas mais receptivas, propositalmente encarnadas sem nenhum destaque social, normalmente mais em condições de assimilar as realidades espirituais, porque distantes dos interesses materiais: eram os “pobres de espírito”.

10. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.

Afirma que Jesus é quem formou nosso planeta, melhor esclarecendo o que Moisés não teve condições de informar de forma tão direta, mas o estado de atraso dos Espíritos que aqui habitam os impossibilitou de identificar o Governador da Terra. Lamenta o fato de muitos Espíritos que tiveram a oportunidade de vê-lo encarnado não lhe terem reconhecido essa qualidade, que o tornava digno de ser ouvido e seguido, pois somente Ele pode indicar o caminho seguro da evolução para os habitantes da Terra.

11. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

Encarnou para orientar seus pupilos, mas estes não tinham evolução suficiente para identificá-lo como nosso orientador encarregado de nos mostrar o caminho da evolução rumo a Deus. Em outras palavras, reafirma que Jesus é o Governador da Terra, quando diz: “veio para o que era seu”.

12. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Jesus encarregou os mais evoluídos de orientar os menos evoluídos, concedendo-lhes as credenciais de seus discípulos.

13. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

Os discípulos de Jesus estão encarregados de cumprir e ensinar as leis de Deus, tendo Jesus como Mestre. Observe-se que neste versículo a menção é a Deus, que o evangelista afirma ser o criador dos seres, os quais “nasceram da vontade de Deus”. Diferencia, portanto, o formador da Terra: Jesus, do criador dos seres: Deus. Como dito, a pobreza da linguagem da época não permitiu que o evangelista fosse claro o suficiente, como o seria se dispusesse da riqueza vocabular da época de Kardec, quando os Espíritos que orientaram a obra da esclareceram, sem simbolismos, mas direta e objetivamente, sobre esses detalhes, acrescentando outros.

Todavia, também deixaram outros pontos para serem informados somente no futuro, quando a humanidade tivesse evoluído mais ainda. A revelação das leis de Deus é progressiva e nem Jesus as desvendou integralmente, porque seria “dar pérolas aos porcos”, no sentido figurado da expressão: alimentou a humanidade com as iguarias espirituais que ela tinha condições de assimilar e digerir naquele momento histórico.

14. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.

Jesus encarnou na Terra para marcar indelevelmente seus pupilos com seu magnetismo superior, cheio de amor e de sabedoria. A linguagem simbólica, como dito, refletiu a pobreza vocabular da época, por isso devendo ser interpretadas aquelas expressões à luz dos conhecimentos atuais, sobretudo da Revelação Espírita, que se apresenta como a mais avançada, não por merecimento dos seus adeptos, mas pelo planejamento de Jesus.

O testemunho de João Batista

15. João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim.

Como dito, Jesus formou a Terra quando já era um Espírito Puro, tendo sido, de todos os Espíritos que encarnaram neste planeta, como afirmou Emmanuel, o único que descreveu uma trajetória evolutiva retilínea, sem nunca ter errado, pois sempre foi obediente às leis de Deus: trata-se, portanto, de um Espírito cuja sintonia com Deus é incalculável e inimaginável à nossa compreensão, ou seja, todos os demais Espíritos que erraram e depois se purificaram gradativamente. Por isso, o Batista, sabendo da superioridade incontestável de Jesus, fala nele com tanta reverência e respeito.

16. Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.

A plenitude de Jesus realmente é inimaginável para quem foi primeiramente “filho pródigo” e somente depois retornou à Casa Paterna. Jesus tem condições de conceder realmente “graça sobre graça”, pois usufrui da condição especial de reunir em si todas as virtudes, dentre as quais a humildade, o desapego e a simplicidade em elevadíssimos graus, fazendo-se diferenciado pelas suas conquistas, que Ele fez por merecer pelo esforço nunca arrefecido de servir ao Pai e, por via de consequência, aos seres da criação cuja orientação o Pai lhe confiou. É justamente quem mais serve que é o “maior no Reino dos Céus”: Jesus é um desses, que nunca se serviu de nada, mas serviu a todos, desde o começo.

Por uma visão materializada e imediatista, reflexo das imperfeições morais, a maioria dos Espíritos imagina em Jesus um ser distante, arrogante, prepotente, quando, na verdade, é o contrário, como dito, como se pode verificar pela sua biografia, que começou com o nascimento no seio da pobreza e sua morte numa cruz, como criminoso segundo o entendimento dos julgadores da época.

Nunca demonstrou nenhum resquício de menosprezo a quem quer que fosse e quando se dirigiu com firmeza aos maldosos, trazia o coração e a mente imbuídos de supremo amor a eles, na tentativa de abrir-lhes os olhos e ouvidos espirituais para que enxergassem e ouvissem a verdade, e evoluíssem.

17. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.

Moisés trouxe ao conhecimento dos Espíritos encarnados as leis de Deus, no que elas tinham de mais rudimentar, ou seja, os Dez Mandamentos, foram ensinadas por Moisés, mas Jesus esclareceu detalhes mais avançados, que o evangelista chama de “a graça e a verdade”, destacando, acima de tudo, o amor a Deus e ao próximo, estes últimos que são todos os seres da criação, conforme ensinou, a partir do século XIX, a Doutrina Espírita.

18. Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Somente Jesus, dos Espíritos que passaram pela Terra, tem contato direto com o Pai Celestial. Reafirma a condição especialíssima de Jesus, frente a Deus, justamente por ser o Governador da Terra e ser um Espírito que nunca errou.

João Batista repete o seu testemunho

19. Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: Quem és tu?

O Batista agiu de forma correta ao colocar-se na posição de mero confirmador de que Jesus era o Messias: essa a tarefa que trouxe para cumprir naquela encarnação.

20. Ele fez esta declaração que confirmou sem hesitar: Eu não sou o Cristo.

O Batista foi claro sobre quem era o Messias esperado. Somente a rebeldia dos que não se propunham à autorreforma moral os fez negar que Jesus era o Messias, ou seja, o enviado de Deus para trazer à humanidade a Segunda Revelação. Se Jesus tivesse se limitado a realizar prodígios e nada mais não teria desagradado os Espíritos desviados do bem, mas Ele falava na honestidade, nos deveres morais, na caridade, no amor, e isso o incompatibilizou com os corruptores, os maldosos e os desonestos com a própria consciência. Mas sua missão era trazer a verdade, que ilumina as consciências e exige o cumprimento das leis de Deus, aumentando a responsabilidade de quem toma conhecimento dela: “A quem muito é dado muito é pedido.”

21. Pois, então, quem és?, perguntaram-lhe eles. És tu Elias? Disse ele: Não o sou. És tu o profeta? Ele respondeu: Não.

Se perguntaram ao Batista se ele era Elias é porque acreditavam que Elias reencarnaria. Eis aí mais uma confirmação de que muitos tinham a reencarnação como uma realidade incontestável e pacificamente reconhecida. O Batista tinha precipuamente de afirmar publicamente, e o fez corajosa e sinceramente, que Jesus era o Messias.

22. Perguntaram-lhe de novo: Dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?

A credibilidade do Batista era inquestionável e interessava ao sacerdócio organizado certificar-se sobre se o Messias já estava encarnado e quem Ele era, pois esperavam conseguir sua adesão com finalidades políticas, a fim de terem um chefe político e militar que lhes desse a supremacia sobre os demais povos. Qual não foi sua decepção ao verem que o Messias não se interessava pelas coisas materiais com os esclarecimentos: “Meu reino não é deste mundo”, “Não tenho uma pedra onde recostar a cabeça” e outros semelhantes. Exterminaram o Messias, que não compactuava com seus erros e suas ambições materiais.

23. Ele respondeu: Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías (40,3).

O Batista simplesmente reafirmou sua posição de mero arauto, incumbido de apontar aquele que era o Messias. Realmente, “clamava no deserto” da miserabilidade moral daqueles homens e mulheres apegados aos interesses do mundo, como até hoje acontece com os que vivem em função das coisas de Deus: “clamam no deserto” do desinteresse da maioria pela autorreforma moral.

Procuram os missionários do bem normalmente para pedirem coisas materiais.

24. Alguns dos emissários eram fariseus.

Interessava ao sacerdócio organizado saber mais sobre aquele que o Batista apontava como o Messias, pois pretendia captar-lhe a confiança para tornar-se um dos seus e os sacerdotes continuarem usufruindo de benesses que não mereciam. A maioria dos sacerdotes sequer acreditava realmente em Deus, como Jesus mesmo afirmava aberta e diretamente nos diálogos que manteve com eles, alertando-os e tentando despertar-lhes a consciência.

25. Continuaram a perguntar-lhe: Como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?

Os emissários dos sacerdotes queriam impedir a divulgação da mensagem esclarecedora do Batista por qualquer meio que fosse, sendo que, por isso, o procuraram, indagando e tentando intimidá-lo.

26. João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis.

O Batista, que tinha certeza da sua missão, não se intimidou nunca e reafirmava de público que o Messias estava encarnado. O simbolismo do batismo, através da imersão na água, em nada prejudica nem favorece a ideia do compromisso de iniciar-se uma vida mais correta: posteriormente, com a evolução da humanidade, passaram muitos a entender dispensáveis os simbolismos, como acontece na Doutrina Espírita, onde não há simbolismos, mas afirmações diretas, claras e objetivas.

27. Esse é quem vem depois de mim, e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado.

O precursor, o Batista, reafirmava sempre a presença do Messias entre os encarnados, inspirando confiança no povo sofredor e incomodando o sacerdócio oficial e os poderosos do momento.

28. Este diálogo se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.

O evangelista fez questão de identificar o local onde se travou esse embate verbal entre o propagador do bem e os interessados em manter o mal, que eles representavam, querendo impedir o esclarecimento das consciências.

João Batista torna a repetir o seu testemunho

29. No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

No dia seguinte Jesus apresentou-se ao Batista e este o apontou publicamente como sendo o Messias esperado. Ali estava iniciada oficialmente a missão de Jesus, pelo menos, passando a contar com o testemunho de um homem respeitado como o Batista, que não se cansava de falar no Messias. Durante mais algum tempo o Batista, enquanto encarnado, transitava por muitos lugares e discursava sobre Jesus, abrindo caminho para a aceitação das lições do divino Governador da Terra. Importante foi a contribuição do Batista para o início da pregação de Jesus. Afinal, melhor do que Jesus falar de si mesmo, era alguém, como o Batista, dizer que Ele era o Messias esperado há séculos.

30. É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim.

O Batista foi claro na sua afirmação de que aquele, Jesus, era o Messias esperado. Jesus é um Espírito muito antigo, já pertencente à categoria dos Espíritos Puros muito antes da formação da Terra. O Batista não se lhe podia comparar em antiguidade e evolução espiritual, tendo razão em afirmar “não ser digno de carregar-lhe as sandálias”.

31. Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel.

O Batista apenas sabia, através da revelação espiritual, que o Messias estava encarnado, mas somente naquele momento identificou-o e afirmou isso publicamente. Imagine-se a estupefação de uns e a alegria de outros com aquela afirmação! O Messias se identificava com os humildes e escandalizava os orgulhosos, desde sua aparência desataviada e suas atitudes de humildade, desapego e simplicidade até suas Lições, que eram centradas na reverência e no amor a Deus e na autorreforma moral, através da conduta eticamente correta e no amor aos semelhantes.

O batismo de Jesus

32. João havia declarado: Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele.

O Batista então esclareceu que sua vidência tinha identificado um sinal que apontava o Messias. Não sabia que Jesus, seu primo, era o Messias. Realmente, tratava-se de uma família diferenciada!

33. Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo.

Sendo médium de alta qualificação espiritual, o Batista era orientado por algum Espírito Superior, o qual lhe afirmara como identificar o Messias de quem tanto vinha falando ao povo.

Dois discípulos de João Batista seguem Jesus

34. Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus.

O Batista não quis deixar dúvida alguma de que Jesus, que estava à sua frente, era realmente o Messias.

35. No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos.

O Batista tinha seus próprios seguidores, que serviam como divulgadores das suas ideias.

36. E, avistando Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus.

Aqueles dois dias foram dos mais importantes da vida do Batista, estando cumprida a maior parte da sua missão, que se resumia a viver uma vida de correção moral a fim de merecer crédito quando afirmasse quem era o Messias.

37. Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.

Os referidos discípulos procuraram se entender com Jesus, a fim de saber mais sobre sua doutrina e sua vida e passaram a segui-lo.

Um dos discípulos aqui mencionados era André (1:40); o outro, João, o escritor deste Evangelho. Por que estes discípulos deixaram João Batista? Porque o profeta queria era que seguissem a Jesus. André e João foram os primeiros discípulos de Jesus, junto com Simão Pedro (1:42) e Natanael (1:45)

38. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?

Jesus não se fez de rogado e dialogou com eles. Jesus morava em toda parte, pois lhe competia passar por muitos lugares, despertando as consciências e ensinando as leis de Deus. Não podia ter residência fixa a partir daquela época.

39. Vinde e vede, respondeu-lhes ele. Foram onde ele morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima.

Devem ter conversado com Jesus e muito aprenderam sobre sua doutrina, mas, sobretudo, observaram sua conduta. Aquela seria uma moradia provisória, de extrema simplicidade, onde comparecesse de vez em quando.

40. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido.

Um daqueles que conversou com Jesus foi André, irmão de Simão Pedro. São poucas as referências a nomes nos Evangelhos, pois grande seria a lista dos discípulos, aliás, desnecessária, pois os Espíritos autorreformados moralmente fazem questão de não terem seu nome registrado na História, preferindo o anonimato.

41. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo).

André procurou convencer Simão (Pedro), seu irmão, de que o Messias estava encarnado e que sabia quem Ele era.

42. Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).

Simão foi conhecer Jesus, o qual cognominou-o Pedro. Aquele seria o esteio da equipe da primeira hora: a pedra sobre a qual se assentaria a obra de difusão da Boa Nova. Espírito fiel a Jesus desde épocas remotas, apesar das três negações, tinha a virtude da dedicação ao ideal. Já eram três os discípulos.

Filipe e Natanael

43. No dia seguinte, tinha Jesus a intenção de dirigir-se à Galileia. Encontra Filipe e diz-lhe: Segue-me.

No dia seguinte Jesus encaminhou-se para a Galileia, levando Filipe, que convenceu a ser seu discípulo. Já eram quatro.

44. Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro.

Filipe era conterrâneo de André e Pedro, ou seja, os três nasceram em Betsaida. É interessante notar como três nasceram na mesma localidade, sendo dois irmãos, o que retrata o planejamento já referido.

45. Filipe encontra Natanael e diz-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José.

Filipe anunciou a Natanael que tinha conhecido o Messias, que era Jesus de Nazaré, filho de José. Aí surge o quinto membro da equipe.

46. Respondeu-lhe Natanael: Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? Filipe retrucou: Vem e vê.

Natanael tinha preconceito contra a desprezada cidadezinha de Nazaré, não acreditando que o Messias tivesse surgido ali, mas Filipe convidou-o a ver Jesus pessoalmente. Veja-se que Jesus fez questão de inverter a ordem dos valores de sempre, que consagram as pessoas por exterioridades e não pelos seus méritos espirituais: por isso, veio da pobre Nazaré.

47. Jesus vê Natanael, que lhe vem ao encontro, e diz: Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade.

Jesus toma a iniciativa de aproximar-se de Natanael e reconhecer-lhe publicamente a honestidade de propósitos.

48. Natanael pergunta-lhe: Donde me conheces? Respondeu Jesus: Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira.

Natanael ficou intrigado com a afirmativa de Jesus, mas este lhe afirmou onde e quando o tinha visto, ou seja, debaixo de uma figueira.

49. Falou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel.

Natanael logo reconheceu ser Jesus realmente o Messias.

50. Jesus replicou-lhe: Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta.

Jesus prometeu a Natanael ensinar-lhe coisas muito mais importantes do que pudesse imaginar.

51. E ajuntou: Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

Essa é uma referencia ao sonho de Jacó registrado em Gênesis 28:12. Jesus seria a escada entre o céu e a terra. Ele no disse que essa seria uma experiência visível como foi a transfiguração, mas que poderiam ter um discernimento espiritual da verdadeira natureza de Jesus e do propósito de sua vinda.

Afirmou-lhe Jesus que ele veria realmente que era o Messias.

Fonte: O Evangelho de João na visão espírita (e-book) 

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