Evangelho segundo João - cap. 15

Jesus ensina sobre a videira e as varas

1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará,

Muitos querem ser a videira, mas são apenas ramos ou até bagos de uva: por isso, pelo orgulho, misturam suas próprias mazelas à verdade e confundem as mentes imaturas. É preciso a humildade, sem a qual nos perdemos no caminho, por falta de luz interior, única que possibilita a sintonia com a luz Divina. Aqueles que querem falar em seu próprio nome não herdam a ultrapassar a horizontalidade, mas somente os que se apagam para fazer brilhar a luz de Deus merecem ouvir e ver a verdade, que vem revelada do alto através dos “pobres de espírito”.

2. e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.

A poda são os sofrimentos, necessários para a evolução.

3. Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado.

A teoria já tinha sido ensinada.

4. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.

A humildade.

5. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer.

- Sem a sintonia com o bem nada de realmente bom se faz.

6. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.

De variadas maneiras Jesus alertou para a necessidade de se cumprir as leis de Deus, como único caminho para uma vida feliz. Quando fala em ser o único caminho, apesar de parecer arrogância no entendimento dos adeptos de correntes religiosas ou filosóficas não cristã, na verdade, como Governador do planeta, todos os fundadores das referidas religiões ou filosofias são apenas seus emissários, portanto, subordinados a Ele diante de Deus. Essa subordinação não se baseia em critérios aleatórios ou injustos, como acontece entre os encarnados, mas no princípio que o próprio divino Mestre informou que é o seguinte: “maior no Reino dos Céus é o que mais e melhor serve a todos”. Jesus é maior que todos os seus discípulos porque nunca pensou em si, mas apenas em cumprir as determinações de Deus, que determinam a prestação de serviço a todos os demais seres. Aí se explica porque uns Espíritos são mais evoluídos que outros e somente por esse critério e por nenhum outro.

7. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.

Permanecer em Jesus significa realizar o bem: não há outra forma de se “permanecer nele”.

8. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.

Glorificar o Pai, dar muito fruto e tornar-se discípulo de Jesus são três expressões aparente independentes uma da outra, mas, na verdade, deve-se entender assim: quem der muito fruto será considerado seu discípulo e, com isso, estará glorificando o Pai.

9. Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor.

A escada que leva a Deus passa por Jesus, porque somente Ele, na Terra, pela sua trajetória evolutiva retilínea, tem contato direto com Deus, o que não acontece com os demais Espíritos, que descreveram uma caminhada evolutiva com mais ou menos erros, isso sem contar a antiguidade desse Espírito.

10. Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.

A hierarquia é essa.

11. Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.

Jesus fala em alegria, pois os Espíritos Superiores são plenos de alegria.

12. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.

Amar a todos. Jesus não aconselhou os discípulos que amassem apenas seus iguais, mas a humanidade inteira e os demais seres da Natureza, como Francisco de Assis exemplificou séculos depois.

13. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.

Jesus deu a vida pela humanidade inteira.

14. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.

A amizade a que se refere é a da sintonia mental, sem a qual fica inviabilizada.

15. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.

A amizade já tinha passado a existir, pois a sintonia mental já tinha se efetivado, vibrando o Mestre e seus discípulos no ideal de servir, apesar da imensa distância evolutiva existente entre ele: estava viabilizado o contato, tanto quanto Deus, infinito em todas as perfeições, tinha Jesus como Seu Médium, os discípulos, imensamente menos evoluído que Jesus, seriam seus médiuns.

16. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.

Não é o médium que escolhe seu orientador, mas este último é que escolhe o medianeiro. Aqueles homens seriam médiuns de Jesus durante sua jornada terrena.

17. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.

A única ordem é que atuem com amor.

Jesus alerta sobre o ódio no mundo

18. Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós.

- Ninguém se intimide!

19. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.

Se Jesus tivesse se limitado a produzir fenômenos prodigiosos teria sido endeusado. Se Moisés e Abraão tivessem o nível espiritual de Jesus seriam também crucificados, pois sua simples presença seria como que uma censura silenciosa aos fraudadores das lições Divinas. Cada um tem de escolher: Mamom (ou César) ou Deus. Aqueles homens escolheram a Deus e seriam recompensados por Deus; se tivessem escolhido o mundo, seriam recompensados pelo mundo.

20. Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar

também a vossa.

- Confiem e cumpram sua missão!

21. Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.

Como não podem atingir o Pai, atingem quem for seu representante, mesmo que pouco graduado: a rebeldia dos orgulhosos e insubmissos procura sempre um culpado para seus sofrimentos, causados, aliás, por sua culpa exclusiva.

22. Se eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam pecado, mas agora não há desculpa para o seu pecado.

Depois de conhecidas as Leis Divinas, não se tem mais o pretexto da ignorância. Jesus veio trazer a maturidade espiritual aos seus pupilos terrestres. A responsabilidade moral passou a ser induvidosa, inquestionável.

23. Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.

Quem odeia Jesus odeia a Deus. Infelizmente há quem assim age, por orgulho. O simples pronunciar do nome “Jesus” os incomoda. Quanto a Deus, mais ainda, pois lhes remete a cobrança da consciência, que é incorruptível.

24. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado, mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai.

O conhecimento gera a responsabilidade. Quem quer continuar errando procura não conhecer a verdade, pois instintivamente sabe que terá de mudar a forma de agir. Por isso muitos fogem de qualquer coisa que diz respeito à religião: não querem olhar no espelho, porque verão uma fisionomia disforme, talvez monstruosa.

25. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Salmos 34,19, 68,5).

Mais uma confirmação do que, séculos atrás, foi escrito numa projeção para o futuro.

26. Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.

Será a Terceira Revelação, que não deve nem pode ser simplesmente científica e filosófica, mas também religiosa: não pode haver Espiritismo sem Jesus. Qualquer tentativa em contrariar essa verdade representará um atentado à determinação de Jesus, que governa o planeta visando a “glória de Deus”, ou seja, o cumprimento de suas Leis. A própria descrença dos que se ativeram aos fenômenos realizados por Jesus demonstra que os cientistas podem dar sua contribuição ao progresso da religião, mas correrão o risco de simplesmente convencer os refratários por pouco tempo, o mesmo se dizendo dos filósofos, porque o Paráclito é precipuamente a continuidade da revelação de Jesus, que vida a “glória de Deus”, ou seja, a prática das leis de Deus. Trata-se de um alerta importante aos que procuram na Doutrina Espírita apenas a filosofia ou a ciência.

27. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.

Cada um deve dar seu testemunho, autorreformando-se e convencendo os descrentes pelo exemplo de uma vida dedicada ao bem.

Fonte:

O Evangelho de João na visão espírita (e-book)

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