Jesus é o bom pastor
1. Em verdade, em verdade
vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra
parte, é ladrão e salteador.
Somos
as ovelhas do aprisco de Jesus, que, nem por isso, nos trata mal, e, sim, muito
pelo contrário, cuida de cada uma com desvelos incalculáveis. Aqueles homens
questionadores se recusaram a reconhecer a grandeza de Jesus e sua própria
insignificância se comparados com Ele. Por isso, querendo “subir por outra
parte”, ao invés de “entrarem pela porta no aprisco das ovelhas”, seria
“ladrões e salteadores”. Nada mais condizente com as leis de Deus, pois Jesus
agiu sempre como simples médium de Deus, nunca se arrogando o papel de
protagonista, mas somente de coadjuvante. Basta ler o Evangelho de João com
“olhos bons”, para entender a humildade do divino Mestre.
2. Mas quem entra pela porta
é o pastor das ovelhas.
Há
diferença entre a porta do aprisco e a porta de entrada do pastor das ovelhas.
O único pastor é Jesus, enquanto que Deus é o proprietário da imensa gleba, que
é o Universo. É preciso cada um reconhecer seu papel nesse Universo, não
querendo ser pastor, quando é simples ovelha. Francisco Cândido Xavier dizia
que era o “verme no estrume do cavalo”, enquanto que muitos querem ser
cavaleiros.
3. A este o porteiro abre, e
as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à
pastagem.
Ser
ovelha que tem onde pastar, cuidado por um pastor, que a chama pelo nome, é muito
melhor que estar desgarrada, sob as contingências das intempéries e os azares
da vida selvagem. Cada um escolhe em que tipo de vida irá viver seus dias
durante a encarnação e colherá os resultados no mundo espiritual. A Lei de
Causa e Efeito é automática e “dá a cada um o que é seu.”
4. Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas, e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz.
Jesus
sempre foi na frente, apontando o rumo certo, que conduz à perfeição relativa.
Mas há ovelhas que se rebelam contra seu pastor. Elas ficam entregues aos seus
instintos, que não lhes garante muita coisa, em lugar de confiarem na
inteligência do pastor, que “as chama pelo nome”. Todavia, para alguém chegar
nesse nível é preciso ter adquirido a humildade, virtude que Jesus já adquiriu
há bilhões de anos em grau máximo.
5. Mas não seguem o
estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
Jesus
estava afirmando que Ele é o pastor das ovelhas terrestres enquanto que os
Espíritos que aqui habitam deveriam reconhecê-lo como seu pastor, que “as chama
pelo nome”.
6. Jesus disse-lhes essa
parábola, mas não entendiam do que ele queria falar.
Não
entendiam porque não se reconheciam como simples ovelhas diante do humilde
Pastor que “as chamava pelo nome”. O orgulho afasta as criaturas de Deus, dos
seus semelhantes e as faz experimentar as agruras que o autoendeusamento
acarreta.
7. Jesus tornou a
dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
Jesus
não se comparou sequer ao pastor, mas simplesmente à porta das ovelhas, quando,
na verdade, é o Pastor.
8. Todos quantos vieram
antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.
As
ovelhas que obedeceram à voz do pastor não foram levadas à força pelos ladrões
e salteadores e viveram seguras no aprisco: assim é a vida de quem se adéqua às
leis de Deus.
9. Eu sou a porta. Se alguém
entrar por mim será salvo, tanto entrará como sairá e encontrará pastagem.
Jesus
garantiu, dentro da sua humildade, que todos os que confiassem nele teriam sua
dedicação.
10. O ladrão não vem senão
para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para
que a tenham em abundância.
A
comparação só é aceita pelos humildes, pois os orgulhosos não admitem ser
equiparados a um ser do reino animal. Se fosse a um leão, tigre ou outro animal
tido como poderoso ainda aceitariam, mas uma ovelha...
11. Eu sou o bom pastor. O
bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas.
Jesus
afirma que expõe sua vida pelos irmãos e irmãs pelos quais se responsabilizou
perante Deus: o que gostariam de ouvir mais consolador que isso?
12. O mercenário, porém, que
não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo,
abandona as ovelhas e foge, o lobo rouba e dispersa as ovelhas.
Muitos
tentarão apropriar-se das ovelhas, principalmente os lobos, que são os
Espíritos altamente intelectualizados mas perversos, perigosos para os que
ainda não realizaram a autorreforma moral, pois costumam enganá-los com miragens,
que são as benesses materiais.
13. O mercenário, porém,
foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas.
O
mercenário é todo aquele que simplesmente aparenta generosidade, mas pensa
somente em tirar proveito das situações: são os mistificadores, que pululam em
todas as áreas da atividade humana, inclusive dentro das religiões.
14. Eu sou o bom pastor.
Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim,
Jesus
nos conhece a cada um. Quem não acredita nesta informação não tem fé nele e
sofre as consequências da dúvida. A maioria das pessoas pensa que os Espíritos
Superiores são inacessíveis como as autoridades encarnadas em geral, mas é
exatamente o contrário, pois, no mundo espiritual, os que comandam são os
humildes, desapegados e simples, sendo Jesus o mais humilde, desapegado e
simples de todos.
15. como meu Pai me conhece
e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Todas
as pessoas que descreem deveriam ler estes versículos para adquirirem fé.
16. Tenho ainda outras
ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a
minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.
As
ovelhas que não estão no aprisco, Jesus as procura uma a uma, pessoalmente ou
através dos seus emissários, de tal forma que nenhuma se perderá.
17. O Pai me ama, porque dou
a minha vida para a retomar.
Jesus
não estava sujeito às limitações da matéria, como acontece com a imensa maioria
dos Espíritos encarnados na Terra: seu poder espiritual é incalculável para
nós, bastando dizer que Ele, auxiliados pelos seus assessores, criou este
planeta com requintes de planejamento, a fim de servir de lar para os Espíritos
que Deus lhe confiou.
18. Ninguém a tira de mim,
mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a
reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai.
Jesus
é uma incógnita para qualquer outro Espírito que passou pela Terra, talvez
menos para sua mãe, que é um Espírito diferenciado, a quem Bezerra de Menezes
chama de Mãe Santíssima.
19. A propósito dessas
palavras, originou-se nova divisão entre os judeus.
Os
arrogantes sempre discutem sobre questões mínimas, formam partidos e se
engalfinham em busca de predomínio sobre os demais.
20. Muitos deles diziam: Ele
está possuído do demônio. Ele delira. Por que o escutais vós?
Eram
os inconformados em serem menores que o Governador da Terra.
21. Outros diziam: Estas
palavras não são de quem está endemoninhado. Acaso pode o demônio abrir os
olhos a um cego?
Os
humildes viam o poder de Deus manifestado em Jesus.
Líderes religiosos cercam Jesus no templo
22. Celebrava-se em
Jerusalém a festa da Dedicação. Era inverno.
Excelente
oportunidade para ensinar a muitos ao mesmo tempo.
23. Jesus passeava no
templo, no pórtico de Salomão.
Jesus
tinha no templo um dos seus locais preferidos, porque encontraria ali maior
número de pessoas interessadas na religiosidade sincera ou hipócrita.
24. Os judeus rodearam-no e
perguntaram-lhe: Até quando nos deixarás na incerteza? Se tu és o Cristo,
dize-nos claramente.
Mas
Ele já o tinha dito várias vezes! Além disso, seus poderes e obras falavam por
si. Queriam mais confirmações!
25. Jesus respondeu-lhes :
Eu vo-lo digo, mas não credes. As obras que faço em nome de meu Pai, estas dão
testemunho de mim.
Confirmou
mais uma vez, conquistando mais adeptos e suscitando mais detratores, como
sempre. Mas a todos devia atender.
26. Entretanto, não credes,
porque não sois das minhas ovelhas.
Em
outras palavras: “Não admitem que são minhas ovelhas, por quem dou minha vida”.
Imagine-se o arrependimento desses Espíritos quando despertaram para o
reconhecimento da oportunidade perdida, quando estiveram face a face com nosso pastor
e lhe dirigiram injúrias e ápodos.
27. As minhas ovelhas ouvem
a minha voz, eu as conheço e elas me seguem.
Não
havia como o orgulho daqueles homens lhes permitir reconhecer que estavam em
presença do Governador do planeta, pois cada um deles, se pudesse, quereria
tomar-lhe o lugar. Pobres infelizes!
28. Eu lhes dou a vida
eterna, elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão.
Sempre
a comparação com as ovelhas, o que incomodava os arrogantes...
29. Meu Pai, que mas deu, é
maior do que todos, e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai.
Deus
é que é o único poder que existe no Universo.
30. Eu e o Pai somos um.
Jesus
é o médium de Deus para os habitantes da Terra, obedecendo-lhe a vontade,
manifestada nas suas leis.
31. Os judeus pegaram pela
segunda vez em pedras para o apedrejar.
O
infeliz orgulho, derrotado no debate, só podia socorrer-se do argumento da
violência: assim procedem os que andam longe da humildade.
32. Disse-lhes Jesus:
Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras
me apedrejais?
A
indagação do amor: - Por que me apedrejais? Por que me bates? Por que quereis minha
morte?
33. Os judeus
responderam-lhe: Não é por causa de alguma boa obra que te queremos apedrejar,
mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus.
Jesus
nunca se disse Deus, mas apenas que fazia a vontade do Pai e era-lhe porta-voz.
34. Replicou-lhes Jesus: Não
está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses (Salmos 81,6)?
Realmente
cada criatura de Deus será, a medida que evoluir, dotado da perfeição relativa.
35. Se a lei chama deuses
àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora, a Escritura não pode ser
desprezada),
Argumentação
irrespondível gera mais irritação no orgulhoso que não tem razão.
36. como acusais de blasfemo
aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o Filho
de Deus?
Jesus
queria que debatessem com Ele, pois a fala rebelde deles funcionava como
verdadeira catarse e início do tratamento espiritual que lhes ministrava
através do seu poder mental. psicologia e mentalismo unidos no tratamento desobsessivo
daqueles seres atormentados, degredados na Terra e que ainda não tinham se
proposto à renovação espiritual. Imagine-se o que ocorria e que era invisível
aos olhos dos encarnados mas que Jesus comandava de forma segura, para livrar
aqueles homens dos seus obsessores.
37. Se eu não faço as obras
de meu Pai, não me creiais.
Era
um desafio à razão: não havia meio termo entre aceitar e negar as obras de
Deus.
38. Mas se as faço, e se não
quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais
que o Pai está em mim e eu no Pai.
Estavam
sendo desobsidiados e bem assim seus obsessores, que tinham de participar
daqueles debates, onde o amor e a compaixão de Jesus eram a tônica.
39. Procuraram então
prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos.
Não
era aquela a primeira vez que Jesus “se esquivou” de algum atentado à sua
pessoa. Essas demonstrações de poder desconsertavam mais ainda os orgulhosos
capelinos degredados.
40. Ele se retirou novamente
para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá
permaneceu.
Longe
de Jerusalém, continuou na transmissão de suas lições.
41. Muitos foram a ele e
diziam: João não fez milagre algum, tudo o que João falou deste homem era
verdade.
Conquistava
novos adeptos.
42. E muitos acreditaram
nele.
Conquistava
os humildes de coração, que sabiam orar a Deus e se ajoelhar para se dirigirem
ao Pai celestial, sem se sentirem humilhados. Esses tinham “olhos de ver” e
“ouvidos de ouvir”, independente do seu status intelectual ou social.
Fonte:
O Evangelho de João na visão espírita (e-book)
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